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terça-feira, 17 de julho de 2012

Os anjos que a Bíblia tem


Dois Anjos, do italiano Raffaello Sanzio da Urbino (1483-1520)

Os anjos são seres espirituais (Hb 1.14), sem um corpo físico real. Aparentemente, foram criados no mesmo tempo da terra, antes dos homens (Jó 38.7). Todos os anjos foram, a princípio, criados bons e santos (Gn 1.31). A Bíblia conta que, mesmo sem um cérebro carnal, esses seres têm personalidades (o mesmo ocorre com Deus) que os definem como anjos bons (servidores do Altíssimo) e anjos maus (que se uniram a Satanás contra o Senhor). Segundo a Bíblia, eles são capazes de ter emoções como alegrar-se pela grandiosidade do Senhor (Lucas 2:13) ¹ ou sentir medo (Tiago 2:19). Pelo menos quanto aos anjos maus, a Bíblia conta que possuem vontade própria como os homens (Lc 8:28-31; 2Tm 2.26).

Fala-se na existência de uma quantidade imensa de anjos. João (de Patmos) relata sua visão dos céus: “Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, e cantavam em alta voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!” (Ap 5.11-12).

A Bíblia está longe de estimular qualquer veneração ou culto aos anjos. Eles são descritos como demônios que incitam os homens ao mau ou como mensageiros de Deus cujo conhecimento é limitado. É dito mesmo que eles não viram maiores maravilhas de Deus do que foi mostrado aos homens (1Pe 1.12), mas agem simplesmente como instrumentos do Senhor para instruir os homens. Davi comenta também sobre eles: “Que é o homem, para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco abaixo dos seres celestiais o fizeste; de glória e de honra o coroaste” (Sl 8.4-5).

A aparência dos anjos varia ao longo da Bíblia, o que foi interpretado por alguns estudiosos como uma evidência de diversas espécies ou tipos de anjos. Alguns se manifestaram em forma humana, como a Ló (Gn 19). O autor misterioso de Hebreus (Barnabé ?) talvez possuísse algum conhecimento disso que não relatou em sua carta, quando afirmou “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb 13.2). Outros apareceram na tradicional forma alada com diversas asas como a Davi (2Sm 24.16 e 1Cr21.15-16) e a Isaías. Outros tomaram formas resplandescentes, como junto aos pastores avisados sobre o nascimento de Jesus (Lc 2.8-14). 

ANJOS MAUS

A Bíblia fala sobre a existência de anjos maus, que não estão nos céus com o Senhor, mas foram jogados sobre a terra (isso mesmo, não no inferno) junto com Satanás. Essa história, longe de aparecer no livro de Gênesis, aparece no livro de Apocalipse (ou Revelações, em outras línguas).

Ap 12.1-9. Apareceu no céu um sinal extraordinário: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. Ela estava grávida e gritava de dor, pois estava para dar à luz. Então apareceu no céu outro sinal: um enorme dragão vermelho com sete cabeças e dez chifres, tendo sobre as cabeças sete coroas... clique aqui para ler a passagem toda

Tal passagem da formulação do bem e do mal sobre a terra motivou obras como “O Paraíso Perdido” de Milton, e parece relatar Israel (descrita às vezes como Virgem, ou Filha de Sião) e as 12 tribos originais. Lutando contra ela estaria Satanás e suas 7 tribos (quais? ²), que foi derrotado por Miguel (um dos poucos anjos nomeados) e os anjos do senhor, caindo sobre a terra junto com ⅓ das estrelas do céu (alguns dizem ⅓ dos anjos), onde perseguiu Israel. Tais anjos caídos seriam o que hoje chamamos de demônios, ainda em sua batalha fadada contra o Reino de Deus. Numa das cartas de Paulo, encontramos

Ef 6.12. Pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes.

A Bíblia também conta que parte desses anjos já encontra-se presa no inferno (2Pe 2.4). Lendo Apocalipse 9, vemos que esses anjos infernais terão uma permissão breve para saírem do inferno na Grande Tribulação, quando assumirão formas semelhantes a gafanhotos.

ANJOS DA GUARDA

Sobre os populares anjos-da-guarda, a Bíblia faz parcos comentários sobre anjos que intermediariam a vida dos homens e o trono de Deus. Jesus comenta: "Cuidado para não desprezarem um só destes pequeninos! Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10); depois Pedro, liberto da prisão por um anjo, vai até a casa de Maria, mãe do evangelista João Marcos (que escreveu o livro de Marcos), onde os cristãos se reuniam secretamente, e onde exclamaram à serva que o viu, pois já o tomavam como morto: "Você está fora de si!, deve ser o anjo dele" (Atos 12.15). Em diversas ocasiões é mencionado que homens foram protegidos por anjos do Senhor:

Sl 91.9. Se fizer do Altíssimo o seu refúgio, nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.

Sl 34.7. O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra.

Há indícios de anjos diferentes dos outros, ou que pelo menos têm indicadas funções específicas no reino celestial. Alguns parecem ter maior dignidade ou poder, chamados Arcanjos (chefes) (1Ts 4.16; Jd 9), têrmo que a Bíblia aplica somente a Miguel (Dn 10.21) e Gabriel (Lc 1.19). Rafael aparece somente no texto apócrifo de Tobias.

QUERUBINS

Também há Querubins, que parecem amparar os passos do Senhor com seus próprios corpos e asas (Sl 99.1; Ez 9.3; Ez 10). O Senhor pôs querubins à entrada do Éden para impedir que nossos primeiros pais se aproximassem da árvore da Vida, depois de serem expulsos do Paraíso (Gn 3.24). Quando Moisés mandou construiu a Arca para o Tabernáculo, foram trabalhados dois querubins folhados a ouro, com as faces voltadas um para o outro, e cobrindo-a com as asas estendidas (Ex 25.17-22; 37.7-9). Há freqüentes referências à habitação de Jeová entre querubins (2Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16). Davi representa Jeová montado sobre querubins e voando sobre as asas dos ventos (2Sm 22.11; Sl 18.10). Ezequiel teve uma visão de querubins perto do rio Cobar, onde cada um deles tinha quatro faces e quatro asas (Ez 10), de homem, leão, boi e águia, sustentavam o trono de Jeová (Ez 1). João (de Patmos) descreveu seres semelhantes em suas visões do céu (Ap 4.6-9).

Antes de sua queda, Satanás era um querubim ungido, que provavelmente dirigia os louvores angelicais no Jardin do Éden: "Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: (...) te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus (...) Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti" (Ez 28.13-15). Um relato semelhante de visão é feito por Isaías (Is 14.12). Deve se notar que Querubim em hebraico é um plural derivado de “karabu”, que significa abençoar e assim denota aquele que intercede, que ora.

NUMEROSAS ESPÉCIES?

Alguns estudiosos comentam sobre o culto aos anjos que se propagou entre os judeus (Reblin, 2011), a exemplo dos presentes na Cabala³. O panteão cannaneu originalmente era composto de 4 ordens de deuses: no nível mais alto estavam El e Asherah; abaixo ficavam deuses nacionais como Baal, Yam, Mot e Anat; abaixo estavam os deuses-arte Kothar-wa-Hasis; e por último os “mensageiros” Mal’achim. Antes do exílio, os judeus provavelmente usavam um sistema similar de divindades, como comentado quanto às esposas de Salomão em 1Rs 11. Quando Javé foi identificado como Deus, os demais elementos do panteão foram demonizados ou sobreviveram na cultura em forma de seres submissos com poder mas sem autoridade, que provavelmente gerou a adoração aos anjos. Repare que a ação mais comum frente aos anjos (que já foram usados para adornar o Templo) sempre foi prostrar-se, tentar adorá-los, coisa que essas figuras mesmas rejeitavam. Na Cabala, em seus níveis decrescentes, os anjos foram organizados como:Chayot Ha Kodesh (os seres viventes vistos por Ezequiel (Ez 1); depois os Ophanim (as rodas vistas por Ezequiel); depois os Erelim (os mensageiros das paz que aparecem brevemente em Is 33.7); depois os Hashmallim (a nuvem tempestuosa de fogo descrita por Ezequiel em Ez 1.4); depois os Seraphim; depois os Malakhim (mensageiros, olha só); depois os Elohim (seres divinos); depois os Bene Elohim (os filhos de Deus quase carnais descritos em Gn 6.2, Jó 1.6; 38.7; Sl 29.1); depois os Cherubim; depois Ishim (anjos físicos de aparência humana, como descritos por Daniel (Dn 10.5).

SERAFINS

Na Bíblia, os Serafins são apontados como anjos que voam rodeando o Senhor, mas sem que eles próprios possam olhar para Ele. Isaías os descreve como tendo 6 asas (Is 6). Quando o profeta confessou que era um homem de lábios impuros, um dos serafins voou para ele levando na mão uma brasa viva, que havia tomado do altar, e tocou com ela a boca do profeta dizendo: “Eis aqui tocou esta brasa os teus lábios, e será tirada a tua iniqüidade, e lavado será o seu pecado”. A Escritura nada mais diz a respeito de serafins.

FORÇAS NATURAIS

Também, as forças inanimadas da natureza pelas quais se opera todo o movimento econômico do universo são descritos às vezes como mensageiros de Deus (Sl 104.4). Ocasionalmente a palavra "anjo" parece se referir a forças da natureza. Mas em geral significa ineqüivocamente personalidades do mundo invisível. Tanto se fala na Bíblia a respeito do ministério dos anjos que somos constrangidos a crer que Deus se serve deles, em parte, para executar a Sua vontade no governo do universo.

UMA DENOMINAÇÃO ESPECIAL

Diversas vezes na Bíblia aparece uma denominação especial, o Anjo do Senhor, ou também Anjo de Deus. O Anjo do Senhor realizou várias tarefas semelhantes às dos anjos, mas sua identidade tem sido debatida. Em Jz 2:1, o Anjo do Senhor diz: "Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco." Comparada esta passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto das israelitas. Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8; 26.2-4; 28.13); Ele jurou que esse concerto seria eterno (Gn 17.7), Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1-2) e Ele os levou à terra prometida (Js 1.1-2). Quando o Anjo do Senhor apareceu a Josué, este prostou-se e o adorou (Js 5.14-15), sem o Anjo refutasse. Essa atitude tem levado muitos a crer que esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo, como é atitude dos anjos (Ap 19.10; 22.8-9) e designado pelo 1º Mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êx 20.3).

Seu primeiro aparecimento foi a Agar, no deserto (Gn 16.7). Outros aparecimentos incluíram Abraão (Gn 22.11-15), Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Êx 3.2), todos os israelitas durante o Êxodo (Êx 14.19), Gideão (Jz 6.11), Elias (2Rs 1.3-4), Daniel (Dn 6.22) e José (Mt 1.20; 2.13). Nem sempre, contudo, o Anjo do Senhor parece uma denominação atribuída ao próprio Deus. Algumas vezes, esse Anjo aparecia para destruir um exército ou amaldiçoar uma nação.

IMPORTÂNCIA DOS ANJOS NA BÍBLIA

Em Atos 16.9, Paulo está incerto para onde ir, e , à noite, tem uma visão, na qual um varão macedônio se apresenta a ele e lhe diz: "... Passa à Macedônia, e ajuda-nos." Muitos teólogos acreditam que essa visão de Paulo foi de um anjo. Isto porque a visão dá um novo rumo ao ministério de Paulo. Chegando à cidade macedônica de Filipos, uma mulher chamada Lídia se converte (At 16:14), uma jovem possessa de espíritos de adivinhação é liberta (At 16.16-18), o carcereiro da prisão onde ficaram presos Paulo e Silas se converte (At 16.29-30), uma igreja é estabelecida (At 17.4) e Paulo se prepara para uma nova fase de seu ministério.

Eis algumas atividades que a Bíblia atribui aos anjos:

Eles louvam a Deus (Is 6.3).
Eles adoram a Jesus (Hb 1.6; Ap 5.8-13).
Eles servem a Deus (Sl 103:20; Mt 24.31; Ap 22.9).
Eles se apresentam perante Deus (Jó 1.6; 2:1).
Eles são instrumentos dos julgamentos de Deus (Ap 7.1; 8).
Eles trazem respostas às orações (Atos 12.5-10).
Eles unem os servos do Senhor (Atos 8.26; 10:3).
Eles dão encorajamento em tempos de perigo (Atos 27.23-24).

O SEXO DOS ANJOS E OS GIGANTES (Gn 6.4

Os anjos são de uma ordem completamente diferente da dos humanos. A Bíblia não faz sequer suposição de que seres humanos se tornem anjos após a morte, ou que anjos tenham algum dia sido seres humanos. Deus criou os anjos da mesma forma que criou a humanidade, mas não é dito que tenham sido feitos à imagem e semelhança de Deus, como foram os humanos (Gn 1.26). Embora seja descrito que anjos apareceram em forma humana (e nesse caso se tratam exclusivamente de aparições masculinas), a Bíblia dá a entender que entre os anjos não há divisão de sexo maior que a aparência (ou pelo menos pareciam masculinos aos olhos humanos), mas que não há anjos masculinos ou femininos (Mt 22.30).

Apesar disso, há esse relato em Gn 6.4 de uma união carnal dos “filhos de Deus” e das “filhas dos homens”, fazendo supor uma masculinidade dos anjos. O produto dessa união foram gigantes de estatura ou de poder, algo semelhante aos heróis gregos, ou seja, homens dotados de poderes sobre-humanos (Nm 13.33). Os escritos originais utilizam a palavra “Nefilin”, que vem de “Nefil”, significando “Gigante”,”Valente”,”Tirano”. A tradução não é clara, mas a palavra usada em Números é “Gibbor”, em hebraico, é também traduzida “gigante” e significa “homem valente”, “poderoso”, “gigante” ou “homem forte” (Jó 16.14). Outras partes da Bíblia também falam de gigantes, como os Anaquins (Dt.1.28; Js.11.21-22; 14.12-15), Emins (Dt 2.10-11,21); Zanzumins (Dt 2.19-20) e o gigante Ogue, rei de Basã (Dt. 3.11; Js 12.4; 13.12). Alguns são descritos com grande estatura, 6 dedos em cada mão e 6 dedos em cada pé (2Sm 21.20; 1Cr 20.6). Aparentemente, todas essas raças de gigantes (filhos de anjos ou não) foram destruídas pelo povo de Deus, o que indica que não se tratava de uma linhagem abençoada.

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¹ A expressão “Glória a Deus” é explicada como reconhecimento de grandiosidade, pela visão de Ezequiel “Então veio uma voz de cima da abóboda sobre as suas cabeças, enquanto eles ficavam de asas fechadas. Acima da abóboda sobre as suas cabeças havia o que parecia um trono de safira, e, bem no alto, sobre o trono, havia uma figura que parecia um homem. A parte de cima do que parecia ser a cintura dele, vi que parecia metal brilhante, como que cheia de fogo, e que a parte de baixo parecia fogo; e uma luz brilhante o cercava. Tal como a aparência do arco-íris nas nuvens de um dia chuvoso, assim era o resplendor ao seu redor. Essa era a aparência da figura da glória do Senhor. Quando a vi, prostrei-me com o rosto em terra, e ouvi a voz de alguém falando.” (Ez 1.25-28).

² Fica aqui a tentação de pensar nos 7 pecados capitais. No entanto, lembrando que o AT trazia 10 mandamentos de Deus, fica claro que esses 7 pecados não têm uma fonte bíblica. Na verdade, se trata de uma lista muito antiga de males que os judeus e os gregos conheciam nos tempos de Jesus: vaidade, inveja, ira, preguiça, avareza, gula e luxúria. Vários deles foram fixados pelo papa Gregório I (540-604 d.C.). É curioso que tal operação analítica e legalista tenha sido feita por cristãos (apesar de se basearem em escritos não-cristãos), quando a própria Bíblia traz uma lista de ações deploráveis apontadas por Paulo: imoralidade sexual (luxúria?), impureza e libertinagem ((luxúria?), idolatria e feitiçaria; ódio (ira?), discórdia (ira?), ciúmes, ira, egoísmo (avareza?), dissensões, facções e inveja(esse já tem); embriaguez, orgias e coisas semelhantes (esse é novo) (Gl 5:19-21).


³ A Cabala, ou Kabbalah, é um sistema místico-religioso judeu ensinando que cada letra, palavra, número, e acento da Escritura contêm um sentido escondido. Nesse sistema, os iniciados estudam características dos escolhidos ou eleitos por Deus e são iniciados na interpretação desses significados ocultos. A Cabala trata de revelações para eleger santos de um passado remoto, e reservada apenas a alguns privilegiados. Alguns historiadores de religião afirmam que devemos limitar o uso do termo Cabala apenas ao sistema místico e religioso que apareceu depois do século 12 e usam outros termos para referir-se aos sistemas esotéricos-místicos judeus de antes.

A Cabala também ensina que, a fim de podermos reclamar as dádivas para as quais fomos criados para receber, primeiro temos que merecer essas dádivas (repare que a graça divina perde um pouco de seu significado aí). Nós as merecemos quando nos envolvemos com nosso trabalho espiritual – o processo de transformarmos a nós próprios na essência. Ao nos ajudar a reconhecer as fontes de negatividade em nossas próprias mentes e corações, a Cabala fornece as ferramentas para a mudança positiva, ou seja, uma libertação do ego humano e criação de afinidade com a essência de de Deus.

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sábado, 14 de julho de 2012

Xá que Gade vai catá os guri



E o SENHOR ficou brabo de novo, tão brabo que feiz Davi arregimentar todo mundo: "Vai ocêis, numera tudo que é gente em Israel e Judá. E falou pro capitão Joabe: Passa por tudo que é tribo dessa Israel de Deus, desde Dã até lá pros cantos de Berseba, e tchialá o tanto das gentes, para mor que eu saiba o número do povo. Retrucou Joabe pro rei: Ora, multiplique o SENHOR esse povão pra mais de cem veiz, e você veja cos próprios olhos; mas, tchá pro Deus, pruquê que deseja o rei meu senhor este troço?

Davi ficou fulo com Joabe e os otros capitão coloiado cuele, mas não teve rateio que chegasse. Joabe saiu tinindo e correndo duro, pra numerar o povo de Israel. Passaro o Jordão e apearam em Aroer, nas direita do córrego de Gade, pertinho de Jazer; foro também a Gileade, até as várzea de Hodsi; também foram pras banda de Dã-Jaã, e até em Sidom se rebussaro eles. Foro pra fortaleza de Tiro, e quanto era cidade dos heveu e cananeu; e saíro pro sul de Judá, até Berseba. Correro tudo que é caminho da terra; e deu nove meses e vinte dias até que tornaro pra Jerusalém. E Joabe deu pro rei a soma do povo contado; que tinha visto em Israel oitocentos mil homem parrudo de guerra, que inté arrancavam da espada; e os home de Judá eram pra mais de quinhentos mil.

E aperreou o coração de Davi, depois de numerar o povo; e falou ao SENHOR: Ficou bonito pra mim; agora ó SENHOR, peço perdão dessa burrada; que tenho sido um oreia. Davi mal se ajeitou de pé bem de manhanzinha, veio o palavrório do SENHOR ao profeta Gade, que era vidente. Assim falou: Vai, e fala pra Davi: Assim diz o SENHOR: três coisas te ofereço; escolhe uma delas, para que te faça.

Achegou-se Gade com Davi, e desembuchou: Queres que sete anos de larica te venham à tua terra; ou que por três meses corras fugido, e te persigam; ou que por três dias teja empesteada a tua terra? Fala agora, home, e assunta que resposta hei de dar ao que me enviou. Então soltou Davi: Estou em grande aperreio; caiamos nas mãos do SENHOR, que muitas são as suas misericórdias; mas nas mãos dos home não caia eu. Então mandou o SENHOR uma bruta peste em Israel, desde a manhã até ao dia certo; e desde Dã até Berseba, dismilingüiram setenta mil homens do povo. Quem contô esse tanto eu num vi mais gordo.

 * Essa e outras tirinhas bem melhores você encontra na aba Sorria!, nessa faixa preta bem aí encima 

domingo, 29 de janeiro de 2012

Procrastinando no divã

- Procrastinar... quando... hshmhsshmnsshhsm
- Minha mãe hshhmsshhmnshh... ahsmmshmnnshhsm
- Sim... shmsmsh... trabalhando... sim...

procrastinar - do latim procrastino, -are. Deixar para depois, adiar, postergar, usar de delongas, delongar, demorar.

Sou um procrastinador. Esse texto era para ter sido escrito há tempos, desde os idos da Pabine. Adiei na esperança de saber algo útil para escrever e porque tinha uma longa lista de afazeres. Desculpas não faltaram, e graças a Deus nem coisas melhores para ocupar esse tempo. Mas a verdade é que não sei estabelecer prioridades e, por isso, trabalho como “apagador de incêndios” (a Pabine que saiba de seus companheiros): quando uma coisa não pode mais ser postergada, eu vou lá e faço, sob pena de tudo “pegar fogo” de verdade.

Apesar de tudo ter andado relativamente bem assim, posso dizer que a minha saúde “diária”, isto é, a minha sensação cotidiana, não é das melhores. Nunca é. A aproximação de certos prazos me enlouquece e proporciona intensa afobação, horas extras e no fim uma resiliência à própria ansiedade. Como se ela fosse o origem de tudo! No fim da semana, estou exausto, apesar de não poder contabilizar muitas tarefas cumpridas. Pulei de atividade em atividade sem concluí-las, até acabar minha bateria. E o pior de tudo é que prossigo fazendo várias outras coisas, mesmo sem ânimo. Pela janela, pelo menos posso olhar Deus calma e religiosamente cuidando do jardim dele. Sempre belo!

Somos pressionados a incluir cada vez mais tarefas num dia que tem um número imutável de horas. Horas que seguem seus cursos a mercê do que pretendemos com elas. E sabe o que é mais irônico? Eu uso a descaradamente a boca das outras pessoas, pois ainda não tive tempo para ler o que já escreveram e já desisti outras tantas vezes de escrever eu mesmo sobre isso. Pretendo mudar isso e repensar porque excluí o tempo – ou a administração dele – do senhorio de Cristo.

Precisou um psicanalista para eu entender (e entendi ?) o que eu estava fazendo. Quando topei com o Dr. Caio Fábio, descobri que ele fez o que eu estava pro-cras-ti-nan-do para fazer. Ele disse: "Procrastinar é muitas coisas, algumas conectadas a outras, e, em algumas pessoas, coisas apenas tópicas. Mas em todo procrastinador, não importando as causas psicológicas da procrastinação, o resultado é o mesmo: o atraso, o stress e a aflição; se não a aflição do próprio apenas [...], mas, com certeza, a dos que o observam ou o esperam..."

Para pessoas diferentes a procrastinação pode ter razões diversas, mas o resultado não muda. "Com todas as ressalvas relativas à personalidade de cada procrastinador, procrastinação é... 
  • adiar até não dar mais;
  • deixar cronicamente pra depois da hora;
  • sempre fazer no stress e no atraso;
  • viciar-se contra o tempo...;
  • odiar que o tempo passe e lutar contra ele;
  • é também desordem mental seletiva;
  • é preguiça organizacional também seletiva;
  • é uma indisposição contra a ordem simples de que duas coisas não podem ocupar o mesmo lugar/tempo no tempo/espaço;
  • é privilegiar a gratificação contra a obrigação;
  • julgar que tudo e todos possam esperar só um pouco...;
  • confundir de valores quanto ao que seja objetivamente prioritário;
  • é medo do fazer;
  • é vício de angustia operacional;
  • é necessidade de criar para si uma hiper-ocupação pela via do atraso;
  • é um rito psicológico;
  • é um orgulhoso modo de ser e não mudar;
  • é caso de importâncias minimalistas e que não possuem macro importâncias;
  • agir sempre em detrimento de outra coisa pré-definida;
  • é uma calma inconscientemente mórbida;
  • é um inconsciente processo de esquecimento do tempo;
  • é descaso com a hora, como rebeldia;
  • é um ato de enfrentamento da autoridade e do instituído;
  • é um direito egoísta de ser indo...;
  • é um olhar difuso e inobjetivo;
é como ter um leão na Rua dos Deveres e dos Compromissos! É olhar para essa lista bizarra e ver um pouco de si. Em geral o procrastinador é um ser que se viciou mentalmente no descaso com o tempo; e que sempre acha que o tempo/cronos tem que ser seu servo. O Dr. Caio já foi dizendo "o homem tem que ser senhor do tempo, mas isso não significa ser indiferente com o Cronos da existência, mas apenas em relação ao que nos seja imposto como obrigações das vaidades mundanas".

Todavia, eu não converso bem com esse Cronos da existência. Meu relógio não funciona direito! Por isso, eu, que vivo entre humanos e não numa ilha deserta, que tenho responsabilidades e obrigações, tenho que me fazer senhor do tempo pela ordem, pelas prioridades e pela organização. Ou teria. Ao contrário, me torno escravo do tempo pelo descaso da procrastinação. E não apenas me torno escravo do tempo, mas escravizo outros à minha não reverencia para com o passar do tempo em cada dia.

O dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal (Mt 6:34); mas para aquele que procrastina cada dia pode inventar mutos males que não existem; e isso apenas porque o descaso com o tempo cria o diabo das acumulações. Um procrastinador é um acumulador de tarefas; ou é um desperdiçador de oportunidades kairóticas de tempo [tempo/oportunidade]; ou é um esbanjador relapso de vida e existência; sendo, por isto, também um desperdiçador de dons e de possibilidades de ser para si e para os outros.

Na existência do procrastinador cabe muito do que não precisa e pouco do que é importante, dia após dia.

A procrastinação também tem um poder corrosivo nas relações, especialmente para os que a assistem impotentes; posto que cansem e se exasperem; ou, em alguns casos, tornem-se co-dependentes do vício do outro; ou, ainda, aflitamente carentes de reorganizarem suas vidas em função de tal disfunção sócio/atemporal daquele com quem convive.

Não é preciso dizer que no ambiente de trabalho o procrastinador fica logo desempregado; embora alguns não sejam logo percebidos, especialmente no serviço público - quando, então, não podendo perder o emprego, passam a não ser utilizados ou demandados, a fim de que os demais não morram de irritação.

O maior ambiente de expressão do procrastinador é a família nuclear, vindo a seguir a família extensiva e os amigos. A sorte do procrastinador familiar é quando a cultura da procrastinação é uma marca de todos; e, por vezes, até por gerações. Dr Caio fala que já assistiu romances acabarem por causa da procrastinação; ou casamentos também; que já ouviu cônjuges dizerem que por vezes desejavam terminar o casamento em razão de que o outro não se curava jamais de tal vício de atemporalidade funcional e objetiva.

Procrastinação é uma amputação mental de funcionalidades; e, por isto, é coisa muito séria! Nem todo procrastinador é egoísta, mas o ato ou as ações de procrastinação sempre implicam no egoísmo prático em sociedade; posto que se trate, ainda que inconscientemente, o tempo dos outros como inexistente.

Procrastinar é perder a reverencia para com o tempo; o que é uma falta de consideração grande para com o próximo, para consigo mesmo, e, também, para com as dádivas de ser que acontecem entre o acordar e o adormecer. Fiquei pasmo com a gravidade do meu caso. Mas então, o que fazer? O Dr. continuou:

"A cura para a procrastinação vem de reconhecê-la sem auto-justificação; e, a seguir, enfrentá-la; deixando toda autogratificação para o último lugar; ou, no caso dos mentalmente baratinados, fazendo uma agenda do dia, com hora para tudo; e, sobretudo, perguntando a quem nos ama o que é mais importante. O que é prioridade? O que deve vir primeiro?"

Sim, pois muitos procrastinadores não têm qualquer noção objetiva de importância e de prioridade objetiva; ainda que, muitas vezes, tenham grande noção de significados subjetivos.

"Sua hora acabou. Teria muito a dizer, mas esses são alguns conselhos básicos para os que não são  preguiçosos, mas apenas mentalmente atemporais, confusos, inobjetivos, ou viciados na escravidão da pseudoliberdade de que o tempo existe para servir-lhes como cronos."

Na porta, olhei para o senhor que entrava. "Sr. Ananias, queria marcar uma hora..." Ele me ignorou. Falou com o doutor, me olhando. Na saída respondeu:

- E agora por que te deténs? Vai e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor. (Atos 22:16)

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Essa pseudo-farofada foi o que conseguimos fazer com os textos da Pabine Félix e do Caio Fábio. Vai um grande abraço para eles e que Deus os proteja de nós.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Deus experimental


Como surgem as experiências espirituais? Chamamos de espiritual aquilo a nossa mente não explica, e por mente entendamos que ela tem suas partes racional, sensorial e emocional.

Uma experiência sobrenatural do tipo racional é algo não podemos explicar segundo o modelo de mundo que conhecemos. Por exemplo, Mateus 14, Marcos 6 e Lucas 9 contam sobre Jesus abençoando 5 pães e 2 peixes, que foram distribuídos para toda uma multidão, restando ainda o suficiente para encher vários cestos. Você acha isso possível? Eu não, por isso chamo de milagre. Quando ouvimos ou vemos esse relato, no entanto, somos levados a questionar se quem narra não estava enganado ou mentindo. Nossa lógica tenta solucionar o inconcebível e topa com essa saída do erro narrativo, velho conhecido. Rejeitar tal saída é uma quase-fé; trata-se de trancar uma porta, não necessariamente em favor de outra. A fé verdadeira está em encontrar saída na divindade de Jesus.

Nós acreditamos no que ouvimos, mesmo que desafie a lógica, mas acreditamos ainda mais nas experiência sensoriais. Se eu ouço uma voz, há alguém falando. Temos fé no que sentimos: se estivéssemos degustando pão e peixe saídos daquele cesto, nem haveria um narrador de quem duvidar. Mas isso se passou há 2000 anos! Experiências sensoriais precisam ser experimentadas e sentidas. Apenas os cegos de Jerusalém, Betsaida e Jericó saberão realmente como foram curados; apenas Paulo sabe realmente como é um “resplendor de luz do céu” (At 9.3). Há pessoas que relatam ouvir vozes enquanto oram, ou aprender muito rapidamente coisas que nunca estudaram, ou serem curadas de dores pela simples oração. Deus ensinou Bezalel (Ex 35.30-35) e tornou Salomão mais inteligente que todos os homens (1Rs 3.6-14). Ele também já manipulou os ouvidos e mentes, quando fez o povo multilingüe de Jerusalém compreender as palavras dos apóstolos, que talvez só falassem aramaico (At 2.11). Encare que Deus é muito responsável por você estar lendo isso e compreendendo... Mesmo assim, não é algo que se possa contar, pois então se torna racional (para quem ouve). Se você teve essa experiência, tal bagagem ficará contigo.

A experiência emocional é algo mais sutil, mas ainda só tua e Deus pode se manifestar por ela. Trata-se de uma emoção sem origem explicável. Saul tinha sua ira acesa por um espírito mal vindo de Deus (1Sm 11.6), que se retirava quando Davi tocava a harpa (1Sm 16.23). O espírito da mentira curva-se ao Senhor, como o fez perante os profetas Micaías e Zedequias (1Rs 22.20-25), e assim também o desejo de submeter-se a Ele mesmo, como revelou a Ezequiel (Ez 36.27). Você encontra alguém e o odeia, ou ama aquela pessoa... Muito da psicologia se dedica e procurar as dos sentimentos nalgum lugar que você simplesmente não veja: uma recordação no subconsciente, uma conexão diferenciada dos seus neurônios. Conhecendo-se uma causa, exclui-se a sobre-naturalidade. Afinal, como incluir Deus nas leis do natural? Acaso é Ele o criador e articulador do mundo?

Mas o intuito desse texto não é explorar a mente, e sim a religião. Nossa pergunta aqui não é “como a mente vê o inexplicável”, mas como saber se há diferenças entre o que tomamos por inexplicável e o que Deus faz. Seria o inexplicável sempre uma manifestação de Deus? Seria Deus explicável? Primeiramente, é necessário dizer que entre 20 e 60% das pessoas que se consideram “religiosas” em diversas culturas dizem nunca ter tido qualquer tipo de experiência sobrenatural não-racional (Saver & Rabin, 1997). Elas ouviram falar e acreditam, mas nunca experimentaram ou sentiram algo inexplicável. Se Deus as atrai, usa Seu espírito de forma sutil ou manipula a realidade explicável para isso.

Por outro lado, podemos citar os hebreus durante o Êxodo: eles viram a natureza quebrar suas próprias regras, viram o Senhor matar todos os primogênitos dos egípcios (Ex 12:29-30) e não alteraram sua adoração pagã (Ex 32) de um deus (Atis) que nada era além de um objeto (Sl 135.15-17; Is 40.18-20). Objetos não respondem à fé, então qual o critério deles para dizer que estavam diante de um Deus? Pura imaginação. Somos imaginativos o suficiente para fazer que a experiência sobrenatural não garanta nosso contato com Deus; e sendo Deus senhor da nossa razão, sensações e sentimentos, essa experiência talvez passe despercebida por nós.

De fato, há substâncias químicas chamadas de enteógenos, que reproduzem no cérebro as experiências sensoriais e emocionais que figuram nos relatos religiosos. A verossimilhança é tão grande que os usuários dessas substâncias (geralmente toxinas de plantas) quase sempre estão em grupos religiosos. Mais recentemente, descobriu-se que maiores quantidades do neurotransmissor serotonina são encontradas em certas partes do cérebro de pessoas que aceitam ou dão explicações sobrenaturais, as que podemos chamar de “religiosas” (Borg et al., 2003). Curiosamente, a serotonina é o neurotransmissor humano que os enteógenos mais freqüentemente imitam! Temos então uma religiosidade muito crível (com experiências sensoriais e emocionais) sem nenhuma participação de Deus, a menos que os enteógenos e a serotonina ou o cérebro humano sejam todos obras Dele também. 

O que faz alguém que desconfia das próprias sensações? Busca a verdade sobre Deus fora de si, num certo “mundo lógico” que existe, talvez, apenas na imaginação das pessoas. Alguns olham as árvores, rios, nuvens (o mundo não-humano) e dizem: só Deus poderia criar isso. Ele o fez! Saindo dali, abrem o jornal e se jubilam de a genética e dos testes de carbono 14 apontarem provas das migrações de povos segundo a Bíblia. Afirmam a mesma ciência que é rejeitada quando fala em evolução, pois Deus nunca poderia usar a evolução, a menos que fosse o Supremo Criador.

Outros apontam que o nosso pensamento, aprisionado que está dentro do cérebro, não deve comandar fatos ou acontecimentos pelos quais não sejamos “manipulativamente” responsáveis. O pensamento meu não deve modificar o crescimento das plantas, se chove ou faz sol, se o cachorro late ou não; a menos que eu trate das plantas, use um foguete provocador de chuva ou interaja com o cão, não sou responsável por eles. Quem acredita (por experiência não-racional) nessas coisas geralmente é chamado de feiticeiro ou louco. Ainda assim, cremos que todas essas coisas não são espontâneas, mas refletem o comando (sábio) segundo um plano pré-concebido. Mais ou menos como “o cão late para que eu ou alguém o ouça”.

Deus expôs detalhadamente ao profeta Isaías sua condição de único conhecedor e arquiteto desse plano, a fim de que Seu povo entendesse que não havia outro além Dele. Assim, tudo o que Ele pronuncia sobre o futuro torna-se automaticamente verdade. Deus sabe, Ele faz. “[eu] Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam, que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.” (Is 46.10).

Deus controla sua razão, sua percepção e seus sentimentos, além do mundo ao seu redor. Jesus não comandou os peixes, andou sobre o mar e até convidou Pedro a ir onde Ele estava (Mt 14.25-33)? Por dentro e por fora, você está sob o comando Dele. Soberano, Ele pode falar palavras à sua mente, dar-lhe as sensações que Ele preferir e quebrar todas as leis da natureza que Ele mesmo fez. Podemos até interroga-Lo sobre suas ordens: Ele respondeu a Gideão (Jz 6.36-40), mas talvez a incerteza sobre a verdade das sensações seja a cobrança Dele pela nossa fé, para que busquemos o logicamente impossível através Dele.

Creiamos no Deus que organiza o mundo e faz questão de ouvir nossas preces e até os nossos pensamentos mais íntimos. Mesmo que você não saiba, Ele age. Talvez Paulo não tivesse pedido um terremoto para converter o carcereiro (At 16.26), ou que o navio onde estava fosse destruído por uma tempestade (At 27). Mas Deus o fez, para que hoje conhecêssemos Sua palavra. Que possamos honrar esse Deus supremo com todas as nossas ações e mesmo os nossos pensamentos! Se Ele assim permitir.

Fabrizio

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Deus no controle



por A. W. Pink

"Por isso Davi louvou ao SENHOR na presença de toda a congregação; e disse Davi: Bendito és tu, SENHOR Deus de Israel, nosso pai, de eternidade em eternidade. Tua é, SENHOR, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, SENHOR, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos."  - 1 Crônicas 29:10-11 

Você compreende o que significa "Soberania de Deus"? Embora exista muita maldade no mundo, a bíblica afirma que Deus está em completo controle de tudo. Isto é o que significa "Soberania de Deus". Ele é o Supremo, o Grande Rei; Ele é Deus. Ele faz a Sua vontade no céu e na terra, e não existe ninguém que possa deter a sua mão e Lhe dizer: "O que fazes?". Este é o Deus da Bíblia.

Freqüentemente, o ensino moderno nos dá um conceito diferente de Deus. Apresenta um "deus" impotente e ineficaz, um "deus" de aflição mais do que um Deus digno de ser temido. A maioria do ensino moderno diz que Deus "o Pai" quer salvar a todo mundo, e que "o Filho" morreu para salvar a "todos", e que Deus "o Espírito Santo" está tentando agora ganhar a todos os homens no mundo. Mas, não resulta obvio que muitas pessoas estão morrendo sem ter sido salvas por Cristo, e sem esperança alguma? Então, se muitos morrem sendo perdidos e se acreditamos que Deus queria salvá-los a todos, com certeza o Pai deve estar desapontado, o Filho deve sentir-se insatisfeito e o Espírito Santo tem sido derrotado.

Não podemos dizer que Deus tenha sido surpreendido pelo pecado humano, porque Deus não está no nível dos seres humanos que são falíveis, cheios de erros. Também não podemos dizer que Deus fique impotente diante do sofrimento e do pecado no mundo, porque então estaríamos passando por alto o que a Bíblia diz: que Deus controla até os maus atos que os homens cometem. Em verdade, se negamos a soberania de Deus, pronto! Já não teremos espaço para Deus em nossos pensamentos.

Deus é soberano. Ele possui o direito de governar tudo tal como Ele quer. Deus é como o oleiro que tem o controle completo sobre o barro. Deus é soberano na forma em que usa o Seu poder. Ele o usa como, quando e onde deseja. Todo o testemunho da Bíblia afirma esta verdade. Através de José, Deus salvou o Egito de padecer com uma grande fome. Depois, quando o Faraó tentou deter os israelitas para que não fossem embora, Deus usou o seu poder e os israelitas foram salvos, enquanto que os egípcios foram vencidos. Quando os israelitas entraram na terra de Canaã e acharam que a cidade de Jericó era um obstáculo, Deus usou seu poder e os muros da cidade forram derrubados. O poder de Deus salvou Davi de Golias, e o poder de Deus entregou Israel nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia.

O poder de Deus nem sempre resgata seu povo dos perigos. Em Hebreus 11:35-40, Paulo nos diz como alguns que creram em Deus foram apedrejados e ainda mortos, e outros andaram errantes cobertos com peles de animais e suportando muito sofrimento. Por que não foram resgatadas estas pessoas pelo poder de Deus, como as outras? A única resposta é que Deus é soberano na maneira em que usa o seu poder. Ele faz o que sabe que é melhor.

Deus é soberano também na maneira em que outorga o seu poder a outros. Concedeu poder a Matusalém para que vivesse muito mais tempo que os outros. Deus concede a alguns a capacidade de ganhar muito dinheiro, porém não faz a todos ricos. Isto se deve a que Deus exerce sua soberania ao conceder o seu poder às pessoas. Ele NÃO dá o mesmo poder a todos.

Deus é soberano também no outorgamento de sua misericórdia. Quando Jesus foi ao tanque de Betesda em Jerusalém, havia muitos doentes ali e entre eles estava um homem que tinha estado enfermo por trinta e oito anos. João nos fala que Jesus disse a este homem: "Levanta-te, toma o teu leito, e anda" (Jo 5). Imediatamente o homem foi sarado; levantou seu leito e se foi. Então, por que foi curado este homem em particular? Haviam muitos ali.

Jesus não disse ele merecesse ser sarado. Ou seja, a misericórdia de Deus manifestou-se nele de uma maneira soberana, porque Jesus poderia ter sarado a toda a multidão tão facilmente como o fez com este homem. Porém Jesus usou seu poder divino para curar um único homem. Ele mostra sua misericórdia como a Ele apraz.

Deus é soberano na forma em que mostra a sua graça. A graça é o favor divino mostrado àqueles que não a merecem (senão que, ao contrário, merecem ser enviados para o inferno). A graça é o oposto à justiça, já que a justiça nos dá só o que merecemos. A graça é a bondade de Deus para as pessoas que não a merecem, uma vez que esses têm odiado e desobedecido a Deus e Sua lei. A graça é um dom (um presente) de Deus, de maneira tal que ninguém pode exigi-la como se fosse um direito, pois então deixaria de ser graça. Deus não deve graça a ninguém, e podemos ficar "agradecidos", porque os pecadores - como nós - são salvos pela graça. Isto significa que a pessoa mais pecaminosa pode ser alcançada por esta graça. A graça exclui toda arrogância humana e dá a Deus toda a glória da salvação.

Quase cada página da Bíblia nos lembra que Deus é soberano no outorgamento de sua graça. Quando Jesus nasceu, as boas novas não foram anunciadas a todo mundo. Foram dadas aos pastores de Belém, homens sábios. Deus poderia tê-lo dito a todos, porém não o fez, porque Ele é soberano na forma em que exerce a sua graça.

Você percebe que Deus tem dado Sua graça a pessoas com poucas probabilidades de serem alcançadas? Ele a mostrou aos pastores e a homens que nem sequer eram judeus. Freqüentemente, desde aquele momento até o dia de hoje, Deus tem feito exatamente o mesmo, mostrando a sua graça às pessoas mais desprezíveis e indignas. Tem Ele mostrado a sua graça para você?

"Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos." - Isaias 55:8-9.

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Arthur Walkington Pink (1886-1952) foi um grande pregador que nasceu na Inglaterra e imigrou para os EUA por volta de 1915. Ele pertenceu à Sociedade Teosófica (um ramo do ocultismo popular na alta sociedade, naqueles tempos) e converteu-se ao Senhor pela oração de seus pais. Pink sempre citava Pv 14:12 como o que motivou sua conversão. Alterado na melhor das intenções a partir de http://www.eleitosdedeus.org/soberania-de-deus/deus-tem-o-controle-de-tudo-a-w-pink.html#axzz1KoDoKQis

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A ira de Deus



“Hoje, 17 anos que meu filho nasceu. E 24 anos e 2 meses que, uma bela manhã, a minha irmã mais nova, adentrou minha casa, pegou minha filha Allana, no colo, e disse: QUE MENINA LINDA. GRACE, QUE CABELOS MAIS BELOS! QUE PAR DE OLHOS! Quando eu crescer, eu quero ter uma filha igual a essa… O tempo passou e ela teve…uma filha diferente. Cabelos loiros, olhos verdes, mais lindas que a minha. Mas a vida, ou ela mesma, não teve piedade do que ela viveria a seguir. Ano passado, eu fui ao Brasil e, ao encontrá-la, eu percebi que ela já não era mais a mesma. Estava envelhecida, corroída por uma doença neurológica, algo que abate as mulheres da minha família. Não tem medicina que descubra. Não há remédio que dê a cura. Toda a beleza de outrora, desaparecera. Aquela mulher linda, olhos cor de mel, gestos belos, que fora paquerada por tantos rapazes da sua época, tinha sumido. No lugar, surgiu outra…Uma mendiga. Sim…Uma mulher sem nenhum senso de realidade. Concluiu a faculdade de Pedagogia mas não exerce. Foi para São Paulo, em busca da cura. Não… Ela não conseguiu.

Esta manha, meu pai, aos prantos, ao telefone, me falava: MINHA FILHA, O QUE NÓS VAMOS FAZER? SUA IRMA PERDEU O JUIZO, FICOU 7 DIAS DEBAIXO DE UM PÉ DE COQUEIRO, DESAPARECIDA, EM FRENTE AO MAR. SORTE QUE ELA NAO ENTROU NAS ONDAS. ELA NAO SABE NADAR. Grace, o que nós fizemos, para presenciar tanto sofrimento?

Entre lágrimas de plena dor, eu disse: PECA, VOCÊ, PERDAO A QUEM VOCÊ TANTO MACHUCOU, QUANDO VOCÊ ERA FILHO DE SENHOR DE ENGENHO E INCITAVA SEU PAI, SEUS AVÓS A DAREM CHIBATADAS NOS NEGROS DA SENZALA. PAI, QUANTAS VEZES, EU TE DISSE QUE NAO DEVERIAS FAZER AQUUILO? VOCÊ ACHA QUE AS PANCADAS DOERAM NAS COSTAS DOS ESCRAVOS? NAO…DOR MAIOR ESTAMOS SENTINDO NÓS POR ESTARMOS DIANTE DESSA TRAGÉDIA QUE NOS ABATE. Quem sabe, depois de você curvar os joelhos e pedir perdão por tudo e todos, finalmente, nossa família tenha PAZ? Quem sabe, a paz vai reinar e, finalmente, minha irmã tenha a cura? Quem sabe o mal não seja quebrado? Isso é uma corrente maléfica que atinge as mulheres de nossa família… Você cometeu crimes hediondos que, mesmo tendo pago diante da Justiça terrena, há uma Justiça Divina que está á espera de você pedir perdão… Pai!!!!Por favor, se desfaça de tudo, faca como minha mãe tanto queria… Viva com pouco, retire a sua arrogância, jogue na lata do lixo, no fundo do mar e clame ao Nosso Deus!!!! Ele vai nos socorrer, por que eu, definitivamente, estou devastada por saber que minha irmã está sofrendo tanto…

Quando eu falo que não somos nada, muita gente acha que eu falo isso por soberba. Não é. È que, no fundo, nós não somos muita coisa, quando perdemos o controle da mente, quando não sabemos perdoar, entender e se doar. A vida cobra respostas. Tudo que fazemos hoje, pagamos amanha. De uma forma ou de outra. Hoje, eu posso magoar o filho do vizinho e este vai sobreviver. Mas, amanha, alguém vai ferir meus filhos e eu não vou achar remédios para curá-los…e a dor vai ser do tamanho da dor que meu pai sente em ver a própria filha, TOTALMENTE LOUCA…Eu estou falando sério…

ESSA HISTÓRIA É REAL. NAO TEM NENHUMA COR. É TUDO EM PRETO E BRANCO. DÓI E MUITO ESCREVER SOBRE ISSO… Mas eu ainda acho que não há dor que não tenha fim… Não há ferida que não cicatrize e eu desejo que DEUS, em sua Infinita Bondade e Misericórdia se apiede da minha irmã e dê a ela, a tão sonhada paz… Por que, eu não tenho esse poder e não adianta eu pegar um avião e sair desesperada para o Brasil. Preciso enxugar as lágrimas que me abatem desde ontem á noite, quando soube disso tudo… Por que, apesar disso tudo, eu tenho todas as razoes do Mundo para agradecer a Deus e dizer que eu sou feliz… Mesmo sabendo que, numa parte de meu coração tem uma dor terrível em ver que minha irmã não nos reconhece, sai pelas ruas, altas horas da noite, não reconhece dinheiro, não sabe que roupa vestir, em que dia está e nem em que ano estamos… A vida é assim... ela retribui e transfere o ônus de nossas ações… E, muitas vezes, a quem nem imaginamos… Mas, a minha irmã mesmo… Anos atrás, fomos ao Brasil e, na hora do jantar conversávamos sobre pobreza e riqueza. Ela nunca que imaginaria está a viver tudo isso. Ela dava risadas quando eu falava: OLHA, NOSSA TIA É VIÚVA, TEM ESSA DOENÇA NEUROLÓGICA, NÃO TEM MUITAS POSSES, AJUDE-A, ELA VAI PRECISAR DE VOCÊ, FINANCEIRAMENTE, E NÃO A DESAMPARE…! VOCÊ TEM CONDIÇÕES DE AJUDÁ-LA. NÃO RETIRE AS SUAS MÃOS…

Eu não falo que, devamos dar tudo o quanto conquistamos aos outros. Mas, não devemos, NUNCA, nos esquecer de que, poderemos cair. E talvez, ninguém vá surgir para nos reerguer!!!”

Esse texto foi retirado d"A Vida retribui e Transfere". Escolhi ele porque traz uma teologia interessante, na qual vale que pensemos. Deus afinal nos castiga? E se não castiga, porque ele permite que pessoas “boas” sofram. Isso não é injustiça Dele? Devemos agradecer a Deus simplesmente por não sermos afligidos por Ele?

Começando pelo final, a resposta é sim. Em sua carta a Colossos, Paulo nos lembra que TUDO foi criado por Deus e é mantido por Ele (Cl 1:17). Sim, Ele tem direito de fazer o que quiser. Digamos que eu seja dono de uma Ferrari muito cara. Puxa, quantos não gostariam de tê-la! Mas eu não poderia tomar um martelo e transformar meu super-carro num monte de ferro velho? Sim, eu poderia. É o MEU carro... Bom, nós não somos senhores das nossas vidas, Deus deixou isso bem escrito quando falou com muitos, incluindo Paulo. Ele não pediu coisas, Ele ordenou. Delicadamente, como um Paizão que é, mas foi bem enérgico e direto. Nós somos Dele, e Ele não precisa dar explicações se resolver pegar seu martelo e fazer um ferro velho também. Mas isso não Lhe tiraria o amor e a bondade? Bom, Ele é o Amor (1Jo 4:8). Se sabemos um pouco sobre amor (o que não sabemos, de fato), podemos ficar tranqüilos. Deus já disse o quanto nos ama quando veio aqui em pessoa para nos livrar daquele pecado que nos afasta Dele.

Agora, Deus precisa nos castigar? Imagino que não. Longe Dele, perecemos. Destruímos a nós mesmos e uns aos outros. Porque Ele precisaria fazer isso? Porque você precisaria dar umas palmadas no seu filho se ele quebrar a janela? Não seria muito melhor, mais eficiente e amoroso consertar a janela? Ainda mais se você fosse O Vidraceiro. Você daria uma bronca na criança para corrigir ela, uma bronca que a faria sofrer, gritar, chorar, mas que ela compreenderia ao ser pai também. Você estaria pensando no futuro, certamente. Mas nós não sabemos o futuro!

Bom, Ele sabe. Ele contou aos profetas sobre Jesus durante séculos antes de Ele nascer. Se isso não é conhecer o futuro, não sei o que é. Ele contou sobre o final dos tempos, também. Dá para imaginar que Ele seja como um super-jogador de xadrez, antecipando umas centenas de jogadas nossas. Não dá para disputar com Ele! Agora imagine esse jogador imbatível te cochichando baixinho: “Vou fazer você vencer também. Estaremos juntos no final.” (Rm 8:28). Não podemos prever os movimentos Dele, não podemos sequer entendê-los. Podemos duvidar Dele, mas certamente é melhor confiar Nele do que em nós mesmos.

Esse texto acima se refere a uma entidade chamada A Vida. Não parece sinceramente ser uma entidade muito bondosa, nem se parece com Deus. Mas peraí... Jesus não havia dito “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida” (Jo 14:6) ?. Cuidemos de não atribuir os poderes de Deus a entidade mirabolantes que nós mesmos inventamos. Jesus disse ser A Vida. Como sempre, Ele não pediu para o deixarmos ser. Ele simplesmente é, queiramos ou não. Se damos esse privilégio a qualquer outro que seja, ou o quer que seja, estamos nos afastando Dele, incorrendo em pecado, portanto, e quem mais poderia nos fazer viver?

sábado, 18 de dezembro de 2010

Quem é seu senhor ?


É realmente engraçado como Deus usa situações diárias para me chamar atenção para algo. Um dia em sala de aula discutíamos a relação do homem com a tecnologia, e vimos uma imagem onde o homem estava acorrentado a um computador, caracterizando a escravidão que hoje a maioria de nós (se não todos) somos submetidos pela tecnologia.

Os sentimentos são expressos virtualmente, uma conta é paga sem ir ao banco, uma comunicação é feita por telefone, internet ou celular, arquivos e dinheiro são importados através de tecnologias avançadas para perder menos tempo... e assim somos dominados.

Foi aí que Deus me fez refletir que eu, influenciada pela sociedade moderna, também me deixo escravizar várias vezes a algumas dessas tecnologias, principalmente o computador. Essa escravidão torna-se pior na minha vida porque quando eu permito, pode tomar o lugar de Deus no meu tempo diário.

Não só as tecnologias, mas também o estudo e o trabalho exaustivo, as atividades extras e vários outros afazeres tomam esse espaço no nosso tempo que hoje em dia é tão corrido e tão curto. Na hora, Deus me fez lembrar de um versículo que eu gosto muito em 1 Coríntios 6:12 :

"Eu poderia dizer: 'posso fazer qualquer coisa' mas não vou deixar que nada me escravize."

Paulo nos diz que não há nada que não possamos fazer, mas não podemos deixar-nos ser dominados por nada. Uma palavra que busco muito é equilíbrio, porque creio que a maioria das coisas feitas ao extremo ou com pouco interesse causam insatisfação.

Temos que assumir na nossa vida o primeiro lugar a Deus. Os outros afazeres e diversões são necessários, contanto que sejam feitos da forma e na medida certa. Infelizmente, nossa natureza sempre vai nos levar a gastar o nosso tempo com as coisas mais "bobas" - para não dizer sem propósito - no sentido de desperdiçar mesmo esse tempo. Quantas horas podemos passar vendo TV, navegando sem rumo na internet, falando de bobagens, e nos sentirmos tão bem com isso! Mas quanto é difícil dedicar um pouco do nosso tempo a Deus, dar a Ele um pouco mais do que as moedas do dízimo, entregar que seja a décima parte do nosso tempo de vida. O autor de Eclesiastes bem disse tudo o que nos cerca são vaidades...

Talvez você esteja pensando "devo passar grande parte do meu dia orando ajoelhado, então". Não é bem assim: orar é bom, é necessário, mas não precisa ser um tempo separado na sua vida. Deus rasgou o véu que o separava dos homens no templo, lembra? Talvez Ele realmente queira você junto Dele, bem mais junto do que você pensa. Havia um monge carmelita do século 17 - Nicolas Herman, mas conhecido como irmão Lawrence - que ensinava que Deus é simples, não requer espetáculos nem feitos grandiosos, que podemos invocar a presença Dele até quando costuramos a roupas, se fizermos isso por amor a Ele.

É uma boa lição para tomarmos, a fim da sabermos como dedicar nosso tempo e nossas atividades, pois então teremos Ele como nosso real Senhor. Vale a pena que sempre perguntemos: quem está nos controlando agora, realmente para quem estamos fazendo isso?