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domingo, 24 de julho de 2016

Obrigado, Jesus! (Porta dos Fundos deu a idéia)




Recentemente, esse vídeo foi muito criticado pelas comunidades religiosas. Respeitando tanto quem o fez como quem sentiu-se ofendido, eu gostaria de aplicar uma metodologia que vi no livro de Gabriel Jorge Castellá, para fazer uma análise dele.

1. Quem ofende? Aquele que emite o insulto ou quem o recebe? Não há ofensa até que aquele que recebe o impropério o avalie como tal. Por conseguinte, o insulto não ofende nem irrita. É uma pessoa quem se ofende ou se irrita diante da suposta ofensa.

Nesse caso, obviamente deveríamos nos perguntar porque os Cristãos sentiram-se ofendidos com o vídeo. Nele, Jesus (em tom de repreensão) diz que não teve participação em uma cura e, pior, foi responsável por uma morte vã, desnecessária. A ofensa vem pela noção, crença disseminada e ensino de que Jesus é o responsável por todas as curas e, às vezes, até cura a todos que pedem sua ajuda. Qual cristão nunca viu alguém ser repreendido por não alcançar a cura de seus males, o fim de seus problemas? Afinal, se os problemas persistem, é porque ele não clamou a Deus, não tem fé suficiente ou carrega algum pecado muito terrível. Jesus, assim, costuma ter a função de uma entidade que cura a todos ou, pelo menos, aqueles que merecem sua atenção. Os Cristãos sentiram-se ofendidos ao ver um suposto Jesus (e assim dotado de autoridade máxima sobre Sua natureza) dizendo que estão todos enganados. O Jesus de Porta dos Fundos quase diz explicitamente que não se importa com a pessoa sendo operada.

Jesus certamente fez muitas curas. Curou quando a lei dos Fariseus não permitia, curou até involuntariamente (quando a mulher com hemorragia o tocou - ver Marcos 5.30), à distância (quando um certo centurião de Cafarnaum pediu ajuda para seu servo - ver Lucas 7.2-10) e ainda deixou o poder de cura para seus servos (Atos 5.16-16). Mas ele não curou a todos (pois o aleijado em Bethesda devia ter muitos colegas), e não dá explicação alguma para isso. Jó nos mostra que mesmo os queridos de Deus adoecem gravemente, e o falecimento de Lázaro (amigo íntimo de Jesus) mostra que isso também se aplica aos queridos do Messias. Lucas (que era médico) nos aponta que sim, havia medicina antes de seguir a Jesus. E também havia a cura de não crentes, pois o famoso hipócrates (citado a té hoje nos juramentos médicos e como definidor dos princípios farmacêuticos) viveu no séc. 5 a.C., entre os gregos. Mesmo nos tempos de Jesus, Ele curou certa vez 10 leprosos dos quais apenas 1 se mostrou crente (Lucas 17.12-18). Os fármacos celtas (a exemplo folhas de salgueiro, de onde se originou o uso do ác. acetilsalicílico), árabes (como a mirra, levada em presente a Jesus) e chineses (a a exemplo o ópio, de onde até há pouco tempo se extraía a morfina) também datam de tempos muito anteriores ao Cristianismo.

Então, toda cura pode ser atribuída a Jesus? Provavelmente não, a menos que reformemos nosso entendimento religioso e pensemos num Deus distribuindo curas independentemente do credo, feitos, etc, basicamente segundo uma vontade que não nos é compreensível. Jesus curou a todos que se apresentaram a ele? Praticamente sim, mas não a todos. Curou não judeus, não crentes, etc, mas deixou que outros continuassem doentes (em Bethesda) e até queridos seus morressem de enfermidades. Como Deus, seu critério de cura também não nos parece compreensível. Por outro lado, o Jesus bíblico parecia se importar sempre com as pessoas, muito mais do que seus seguidores até, seja qual fosse o destino delas¹.

Voltando ao que pretendia dizer, o Jesus de Porta dos Fundos se torna ofensivo porque contradiz um Jesus aprendido / ensinado aos Cristãos. Mas esse Jesus aprendido / ensinado também não é exatamente o Jesus bíblico, e sim uma figura moldada para ser atraente a todos, em especial aos que precisam de ajuda por conta de uma enfermidade. Claro que o Jesus de Porta dos Fundos também está longe do Jesus bíblico ao desdenhar das pessoas, mas seria difícil esperar algo diferente de qualquer tipo de humor que não se pauta no Cristianismo.

2. O porque e o para quê do insulto. Toda pessoa que insulta age dessa maneira porque se sentiu ferida, maltratada, desprezada, desonrada ou ofendida por esse “vil”, “desprezível” ou “incompetente malfeitor” destinatário do insulto. 

Claro que o interesse do vídeo em questão parece ser muito mais o humor e a atenção da audiência do que uma resposta a alguma provocação. Mas o humor em questão se faz justamente porque muitas pessoas (e daí essa abordagem da religião) se sentem de fato ofendidas pelos comportamentos Cristãos. São essas as pessoas que se vêem representadas no vídeo. Em especial, sentem-se ofendidas intelectualmente: como se pode atribuir uma cura a Jesus quando o médico estudou, aprimorou-se para chegar a essa cura? Quando há toda uma infra-estrutura, profissionais e medicamentos que foram usados para chegar-se? Para não falar da história de vida da paciente, se mantinha-se saudável, se cultivava bons hábitos. No final, havendo a morte da paciente, é o médico/enfermeiro o culpado. O vídeo inverte toda essa situação atribuindo a cura ao médico, e a morte a Jesus.

Como a Bíblia não é muito clara em questões da saúde (apesar de Deus ensinar noções valiosas de higiene e sanidade aos Judeus, enquanto peregrinavam com Moisés pelo deserto), talvez seja útil tomar uma reflexão bíblica sobre a participação do homem em sua Prosperidade. Decerto curar-se de uma enfermidade pode ser incluído na noção de Prosperidade.

Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda. Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por alimento. O Senhor concede o sono* àqueles a quem ama. (Salmos 127.1,2) [*em algumas traduções: durante o sono]

Como é feliz quem teme ao Senhor, quem anda em seus caminhos! Você comerá do fruto do seu trabalho, e será feliz e próspero. (Salmos 128.1,2)

Esses dois trechos foram escolhidos por tratarem-se de ensinos sapienciais dos palácios do tempo de Salomão. O 1º deles atribui claramente a Deus o sucesso dos empreendimentos e trabalhos humanos. O 2º deles coloca como recompensa de amar a Deus o simples fato de ter o fruto do seu trabalho. Aplicando isso ao vídeo, de fato não haveria cura se não fosse pelo trabalho do médico, medicamentos, etc. E ao mesmo tempo tais esforços seriam em vão sem a ajuda de Deus. Estritamente, Deus instituiu uma retribuição de 10% sobre os ganhos para aqueles que reconhecessem a sua providência. Não algo espiritual, mas 10% em espécie (ouro, animais, colheita, etc) para a provisão de Seus sacerdotes e templos. Assim, de certa forma, 90% dos ganhos de cada um eram retribuição de seu próprio suor, assim como se poderia pensar que 90% da cura (aqui interpretada como fruto do trabalho médico) seria retribuição dos esforços da equipe, infra-estrutura, cuidados da paciente com a própria saúde ao longo da vida, etc. Agradecimentos (e pagamentos) a tudo isso são usuais e praticados, mas seria interessante lembrar ao menos aos crentes dos 10% referentes à ajuda referida no Salmo 127. Como nada pode existir como apenas 90% de si… Exceto os mais ateus (talvez como o Jesus de Porta dos Fundos), ninguém se recusará a um agradecimento de 10%.

Por menos religiosos que sejam tais vídeos, sempre são uma boa expressão de crenças e visões sobre os Cristãos. Para agir com verdade e sabedoria, sempre vale a pena entender o que é dito e o porque dizem isso. Além de umas boas risadas, é claro.

Aquele que cobre uma ofensa promove amor, mas quem a lança em rosto separa bons amigos. (Provérbios 17.9)

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¹ Claro que Jesus (o verdadeiro) não matou ninguém e, ao contrário, até trouxe alguns de volta à vida. Mas Ele também prometeu morte pior que a Dele a quem O seguisse (João 15.18-21), o que de fato inaugurou a Era dos Mártires. Dessa forma, em sua preocupação com as pessoas Ele parecia colocar a morte em 2º plano, como se fosse algo menos importante do que seguir a Ele.

TIRADO DO PROFUNDO DA MANGA

Castellá GJ, 20 formas sadias de responder ao insulto, ed. Paulus, 2006.

sábado, 10 de novembro de 2012

A magistral assinatura de Deus

Olha eu aqui de novo, quimicamente misturando closcesarato de daniel com cetanato de anne. Pode ser que exploda, especialmente se pulverizado numa matriz de brabeato de paulo. Vixe, se isso acontecer!

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia." (Mateus 23.27)

"Ai de vós! porque sois como as sepulturas que não aparecem, sobre as quais andam os homens sem o saberem." (Lucas 11.44)

Chama-me atenção essas duas lamentações de Jesus Cristo. Elas são parecidas mas não iguais. Confesso que por muito tempo elas me pareciam ser a mesma coisa. Estudando um pouco, vi que existe diferença entre elas. Apesar de se referirem a judeus hipócritas, para o cristianismo podem representar 2 tipos distintos de falsos pregadores, falsos cristãos e falsos profetas.

Na passagem do evangelho de Mateus, Jesus lamenta o fim daqueles que parecem ser mais do que realmente são. Vejo Cristo lamentando pelos pseudo-apóstolos e seus ternos cheio de brilho e perfume forte para que não passem despercebidos no meio da multidão. Vejo Cristo lamentando pelo fim dos falsos profetas e suas revelações que não transformam, mas aprisionam ainda mais o homem... Homens que rodam o mundo atrás de discípulos para si mesmos e uma religiosidade na qual eles mesmos não crêem.

Eles são sepulcros caiados, falsidades pintadas de branco e com algum brilho... todo mundo que passa vê e consegue claramente identificar. Admira sua beleza, ou sente repulsa. Quem se mete com esse tipo de sepulcro, deliberadamente o faz. Compactua com essa "beleza". Quem rejeita se afasta, não vê ali nenhum caminho ou até algo que contamina. 

No evangelho de Lucas, há outro tipo de hipócrita, um religioso temente ao homem e não a Deus. Escravo do pecado, temente da própria consciência, perturbado com suas dúvidas e refém de sua carnalidade. Adepto de um teísmo que põe o homem no centro mas que precisa esconder-se atrás de uma cortina chamada “Deus”. Com aparência de temor a Deus, não passa de demência humana. Julga tudo carnalmente e busca em seu próprio coração a resposta para os mistérios do Senhor. Deus então é um soberano limitado, capaz de oferecer a Salvação, mas não de colocá-la em prática. Assim, quem se mete nessa “sepultura” é um desavisado, inexperiente ou confuso, que se deixa enganar.

Tanto um como outro conduzem somente até onde os seus pés alcançam ou até onde sua mão pode pegar. Ambos são perigosos, o primeiro porque é um lobo disfarçado e o segundo porque é um cego perdido dizendo para que todos o sigam. Escapar de um e de outro poderia ser uma tarefa difícil, se Jesus não tivesse nos provido com o Espírito Santo para dizer a cada um, bem lá no fundo da alma e com toda a clareza possível, o que deve e o que não deve ouvir, o que é certo e o que é errado, ainda que o coração seja bem corruptível.

Vou dar um exemplo prático de como o Espírito Santo ou esses dois camaradas podem te ajudar. Você tem uma inimizade, um assunto mal-resolvido ou qualquer outra pendência em certo lugar (que pode mesmo ser a igreja!). As pessoas não são perfeitas, as relações entre elas são menos ainda. Carnalmente, os instintos mais profundos do seu eu te afastariam do lugar, por uma questão simples de sobrevivência. Ficar longe do perigo sempre foi saudável. No entanto, digamos que você tenha juntamente alguma dívida, amizade ou bem-querer pelas pessoas ali. Eis a dúvida entre fugir e enfrentar!

O primeiro tipo de sepultura te sentenciaria a ir lá pois Deus revelou [a ele] que você precisava ir ou ele mesmo ia te colocar uma bênção tão forte que nada poderia te acontecer enfrentando os seus medos. Se você desobedecer, talvez te colocasse uma maldição ainda mais forte. Você se sentiria tentado a lhe agradecer se tudo desse certo, no final, mas ele provavelmente vai lhe cobrar antes que qualquer resultado apareça.

O segundo tipo ia se oferecer para ir ao lugar fazer um meio de campo, talvez lhe desse algumas aulas sobre como enfrentar as pessoas, possivelmente faria (até bem) o trabalho de um legítimo motivador. Talvez até tivesse experiências fortuitas para lhe contar sobre o assunto. Muitos bons amigos fazem assim...

Mas repare que, independentemente do primeiro sujeito e também do segndo, sempre pode acontecer o pior. Se isso ocorresse, ambos diriam (tal como os amigos de Jó) “você não teve fé o suficiente”. Claro que a culpa é sua, de quem mais seria? Ele fizeram sua parte, se Deus não te proveu, é porque você não quis.

O ponto problemático é que ninguém pediu para que você ouvisse Deus a respeito, e o Espírito Santo sempre tem nos plantado a certeza do CORRETO desde que nos comprometemos com Ele. Algumas boas respostas às questões humanas estão na Bíblia, mas evidentemente ela não contém TODAS as respostas. Sempre é boa coisa primeiro consultar a Palavra, mas pode ser que você seja alguém mais problemático e realmente não tenha nada lá que te mostre uma luz... Não porque Deus seja limitado, mas muitas questões simplesmente nunca haviam sido feitas quando os textos dali (o mais recente datando do 2º século D.C.) foram escritos. Mesmo os profetas não teriam podido descrever todos os eventos de todos os tempos, especialmente os mais íntimos da sua pessoa.

Entretanto, com Bíblia ou sem, Jesus prometeu “eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20), anunciando para tal que deixaria entre os homens O Consolador, para ficar para sempre e nos lembrar as Suas palavras (Jo 14). Ele não prometeu um manual de regras, uma linhagem de iluminados ou mesmo alguém mais abençoado que os mortais: falou em estar aqui Ele mesmo, ainda que noutra forma. Após não encontrá-la em todo o escrito que Ele deixou, você não poderia então Lhe fazer a pergunta verdadeira em seu coração?

Talvez a resposta seja simples, talvez seja complexa, pode até ser que tarde. E pode ser que você também escolha NÃO COLOCÁ-LA EM PRÁTICA, seguindo assim um deus diferente. Ninguém pode prever o que o Senhor lhe dirá, nem pode entender o que a resposta ou o silêncio Dele significa para você, mas inevitavelmente o seu comportamento será a medida do que realmente ocorre no seu íntimo, se você ouve ou não as coisas que o Senhor diz. Ele não falou numa parábola em florescer as sementes que seguissem o Seu ensino?

Se você está pensando em “teologia da prosperidade”, pode parar por aí. Nem sempre os caminhos apontados por Deus trazem dinheiro (na verdade, as evidências são de que levam o dinheiro embora). Nem sempre são bonitos e floridos, ou cheios de fama e glória (de novo, o curriculum vitae do fundador do Cristianismo advoga algo bem diferente). Mas são caminhos que inevitavelmente mostrarão o quanto Ele fala contigo.

Muitas igrejas enxergam que uma pessoa ouve a Deus quando ela “dá seu testemunho”. Essa formalidade passa às vezes por cerne e a razão de ser, por propósito da conversão de alguém ou até como objetivo da fé. Claro que o testemunho “palavrório” cimenta nos membros da comunidade o senso de pertença ao grupo, além de servir como ferramenta de propaganda da organização, mas não parece ser algo que o evangelho realmente preze ou atribua importância. Paulo, por exemplo, não deixou relatos sobre sua conversão, ainda que todo sua auto-biografia transpire as ações divinas. Seu testemunho foi em ações... Os apóstolos que escreveram os evangelhos sinóticos são ainda mais concisos sobre isso, usando a 3ª pessoa para narrar os fatos em todo tempo. E, novamente, sua vida (conforme relatos de outros) exalava o perfume das obras do Senhor. Davi, por outro lado, deixou muito salmos explicitamente dizendo como Deus o livrava e salvava, mas curiosamente nenhum sobre o momento mais “fiel” de sua vida, na frente de batalha junto ao gigante Golias. Esse relato ficou nas palavras do profeta Samuel...

É possível, então que alguém seja guiado por Deus e não diga isso? Sim, ainda que uma análise de sua vida talvez mostre efetivamente as digitais do Mestre. É possível que alguém também grite grandiloqüente as obras de Deus sem que tenha ouvido qualquer coisa Dele? Jesus falou sobre isso, certa vez, aos que profetizavam, expulsavam demônios e realizavam maravilhas: “Nunca vos conheci !” (Mt 7.23). Às vezes achamos que Deus somente pode se mostrar através de eventos grandiosos como a travessia do Mar Vermelho, mas acabamos excluindo Ele de nosso dia-a-dia, das pequenas ações onde poderíamos nos basear em seus ensinamentos e perguntar a Ele como agir.

Se você achar por bem contar as obras de Deus publicamente, nada o impeça. A boca fala do que o coração está cheio, as ações também (mas não sua intrepretação!). Jesus conhecia o coração dos fariseus que Ele acusava de seculcros, ainda que as pessoas os tivessem como exemplos morais e até honrassem como "os mais santos". No final, entre tantos que Ele curou ou que até sentaram-se para ouví-lo falar, talvez partilhando pães e peixes produzidos da forma mais divina, muitos foram ao pátio de Pilatos para escolher... Barrabás. E Jesus, vindo como O Salvador, acabou acusado de insultador de Deus, pelo Seu povo.

Quem poderia realmente conhecer o seu coração? Ainda que você nada conte, serão somente conjecturas suas quanto ao que as pessoas entenderam. No caso de um testemunho, ele não passa antes pela aprovação do pastor e da comunidade? Não seria essa comunidade a gritar de repente "Barrabás"? Talvez alguém fale bem de você no futuro, talvez digam até "foi um seguidor de Cristo", mas certamente não será você mesmo, se tudo funcionar ainda nos moldes bíblicos.

Saiba que, ao final, sua vida terá sido escrita [e neste caso já está sendo assim] segundo o deus que você segue, de uma forma ou de outra. A beleza do Artista se mostra na obra que Ele produz.

"Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.
Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão.
Jesus disse-lhes: Se fósseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão."

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Fazendo a coisa certa do jeito certo


Esse texto brotou de um fabuloso MIX de Joe Stowell com o venerável Daniel Clós Cesar. Se a mistura não separar nem explodir, pode até ser gostoso. O Ministério da Saúde não adverte nadica sobre isso.


Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores. Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido. Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do seu lugar. 

Minha mulher é uma ótima cozinheira. Sentar-se após um dia cansativo para apreciar suas delícias culinárias é um grande deleite. Às vezes, após o jantar ela cuida de algumas tarefas, deixando-me sozinho para escolher entre pegar o controle remoto ou arrumar a cozinha. Quando estou disposto, arregaço as mangas, coloco a louça na lavadora e lavo as panelas e frigideiras - tudo pela alegria de escutar o seu agradecimento, que costuma ser algo como “Uau, nem precisava ter arrumado a cozinha!”, o que me dá a oportunidade de lhe dizer “Queria mostrar o quanto eu te amo!

Quando Jesus censurou a igreja de Éfeso por abandonar seu “primeiro amor” (Ap 2.4, acima), eles estavam fazendo muitas coisas boas, mas não por amor a Ele. Embora fossem louvados por sua perseverança e paciência, do ponto de vista de Cristo, estavam sendo “bons” para nada.

O bom comportamento deveria ser sempre um ato de adoração. Resistir à tentação, perdoar, servir e amar uns aos outros são oportunidades para expressarmos, tangivelmente, nosso amor POR JESUS - não para ganhar uma estrelinha ao lado do nosso nome ou um tapinha nas costas.

Há grande diferença entre fazer a coisa certa (expressar o seu amor pelo Senhor) e fazer um investimento. Expressando o seu amor, você simplesmente retribui de coração algo que já recebeu e vê de forma muito concreta. Investindo, você dá algo valiosos para receber em troca, se tudo ocorrer conforme planejado... É uma espécie de jogo de apostas, e seu grande problema é que ele nutri a falsa realidade de prosperidade. Cada ganhozinho sempre é mais valorizado que todas as perdas e assim se continua jogando, pelo prazer do risco, do desafio. Na prática é devotar seu tempo e forças para a igreja ou em orações acreditando que isso lhe trará o favor de Deus. De cima de um monte, Jesus palestrou à multidão seu posicionamento quanto a isso:

"Eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso! E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês." (Mt 5.44)

Em outras palavras, a perfeição de Deus consiste em amar os que se dedicam à igreja, assim como aos que nunca aparecem, aos que oram como aos que nem sabem o que é isso. Mas antes que você pense em abandonar essas BOAS PRÁTICAS, vale dizer que praticar seu amor para com Jesus é crucial em como VOCÊ se porta em relação a Sua vontade, aos desejos Dele para contigo. Tanto um filho mau como um filho bom são amados, porém só o filho bom aprende do pai... o mau tem de aprender pelos próprios erros.

Algumas igrejas infelizmente até reforçam o jogo de apostas dos fiéis. Principalmente são as que precisam mover "milhões" para manterem programas na televisão e rádio, pagar o combustível do jatinho do pastor, levantar prédios talvez muito maiores que o templo de Salomão. Quanto tempo Deus atendeu seu povo de tendas no deserto, e o que foi que Jesus ergueu em termos de patrimônio financeiro? Nas igrejas, entretanto, o volume movimentado (tanto de gente como de dinheiro) parece ser a garantia de que Deus vai fazer o dinheiro brotar nas contas bancárias, o carro velho funcionar, as promoções no emprego chegarem, etc. Às vezes encontramos ali até mesmo aquele velho discurso "Joãozinho era bêbado, drogado, bandido, doente mental e até defunto... agora tem 1 filho, 2 carros, 3 casas, abriu uma empresa de telecomunicações e se candidatou ao governo..." e piscam as luzinhas cerebrais de "Seja você também como ele..."!

A técnica da aposta leva você a "investir" no Reino dos Céus, lançar as fichas sobre a mesa e deixar que um pastor lance os dados. Assim como o homem ou mulher que gasta pouco mais de 900 dólares em fichas no cassino Ceasars Palace de Las Vegas projetando ali grandes soluções para sua vida, é o que "investe" no Reino dos Céus esperando um retorno não segundo a vontade de Deus, mas para usar em prazeres pessoais. Tiago deu tremendo puxão de orelha quando escreveu "Vocês cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem.Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres." (Tiago 4.2-3). Investir no Reino de Deus é pagar por aquilo que o Senhor já lhe garantiu, DE GRAÇA. E se não vier como você pediu, devolve-se e pede-se um novo? Abandona-se a igreja, isso representando abandonar a "versão de Deus" que o pastor prega? Seria bem interessante pensar no Deus que cada um de nós prega com seus atos mais corriqueiros...

Como cristão e soldado na frente de batalha, você colocar sua vida em prol do Reino de Deus, mas isso não é investimento. Não seja como quem espera alguma coisa, mas como QUEM JÁ RECEBEU ALGO DE VALOR INCALCULÁVEL. Se você hoje tem condições de ofertar apenas X em sua igreja, ore e peça para Deus te proporcionar saúde e paz para que tu possas dar 3X (e não falo apenas em dinheiro... Oportunidade de consolar os demais em suas dores, dar aquela ajudinha no serviço do dia-a-dia ou com uma oferta de emprego podem ser dádivas de Deus até maiores). Não para que você se sinta bem (embora Deus de fato proporcione renovo aos que servem), mas para que outros possam ser alcançados pela mesma Graça que te alcançou. A sua pregação pessoal pode muito mais importante que a do pastor, ainda que você nunca fale na frente de uma audiência.

Nós não contribuímos com o Evangelho do Reino por que nos foi prometido a Salvação. Contribuímos por que somos salvos. A contribuição não é o meio, mas o fim. Ofertar não advém da salvação; procede dela. Este ato não é o ponto de partida, mas o resultado de tudo que já recebemos segundo o magnifíco propósito de Deus. Cristo já morreu por vós, assim contribuir esperando algo em troca é bastante hipócrita. É respeitar seus pais para que eles lhe dêem alimento melhor... Ele já ressucitou, para nos dar algo de valor insubstituível. Apostar ou "contribuir" com estes "cassinos da graça" é ingenuidade, é falta de fé e falta de esperança. É crer no homem e não em Deus.

E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, Ele nos ouve (1 João 5.14).

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O que cultivamos


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 clique no texto em azul 

Atenção: este texto foi roubado do Nosso Andar Diário, teve o chassi modificado, recebeu um pouco de pimenta para enganar os cães e talvez o sirvamos sorrateiramente no café, quando ninguém espera. Vê se não espalha!

Uma vez, alguém me perguntou por que ela deveria ser como Jesus agora, uma vez que se tornaria como Ele quando chegasse ao céu (1Jo 3:1-2). Grande pergunta! Especialmente quando é mais fácil ser, simplesmente, você mesmo (e quem se conhece de verdade que diga isso ao oráculo de Delfos!¹).

Na verdade, existem várias razões pelas quais é importante tornar-se como Ele agora, mas uma delas é uma das principais. Esta razão é, em suma, um dos pilares [ocultos] do Cristianismo: embora a doutrinas/teologias sejam em grande parte frutos da interpretação humana sobre a vida de Jesus e aqueles que andaram junto Dele, a mensagem deixada por Jesus é essencialmente prática. É preciso ser cristão, acima de tudo, nas atitudes. Assim, quando nos colocarmos diante Dele, prestaremos contas de termos, ou não, vivido de maneira consistente em relação à Sua vontade. Paulo até adverte que, se nos achamos criadores, produtores, merecedores de algo, isso é mera ilusão egoísta (ainda mais em se tratando de igrejas), pois nada se faz sem a fiel supervisão do Senhor. Podemos escolher andar aleatoriamente, fazendo os "nossos" caminhos, ou seguir os caminhos apontados por Ele. No final, só iremos mesmo onde Ele deixar que vamos:

1Co 3.5Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.

Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre Ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

Em outras palavras, Ele simplesmente consumirá tudo o que for diferente da Sua natureza! Por isso, o que fazemos para avançar o Seu reino - coisas como contribuir para a força da Sua igreja, servir aos pobres e necessitados, e promover equidade e justiça, como Ele fez - é como edificar com materiais essenciais que sobreviverão ao fogo do Seu julgamento. Ao contrário, edificar com coisas que refletem nossos caminhos decaídos, e viver para favorecer-nos e aos nossos desejos terrenos são comodidades que se tornarão um monte de cinzas diante do fogo consumidor da Sua glória.

Não sei você, mas eu preferiria amar Jesus o suficiente para viver como Ele agora, pois é uma alternativa bem melhor do que ter sua vida reduzida a um monte de cinzas, podada como um galho torto para ser jogado ao fogo.

Paulo se referia ao Cristianismo que Ele aprendera (e quão pouca teologia havia nisso, comparado ao que há 2000 anos depois) como uma evolução do que se entende por fé, comparável a conhecer o que há de melhor.

Gl 4.8. ... quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?

Agora, se ele mesmo abandonou seus velhos conceitos gregos, fariseus e romanos em função de sincero amor por UMA FORMA DIFERENTE DE VIVER, mais importante que o status, fortuna (afinal, Paulo não era pobre²), imagem pública (nisso Jesus também só teve um sucesso bem passageiro), etc, porque temos tanta dificuldade em fazer qualquer coisa semelhante? Porque chegamos a preferir viver com a culpa a fazer o que o Senhor mandou? Porque ainda não pudemos ver a luz que Paulo viu... Porque nosso Jesus ainda é teórico e não prático... Porque nos contentamos com [e até brigamos por] plaquetas de cristão XXXista, neoYYYélico, ZZZeta, WWWólico, que na melhor das hipóteses seriam bem semelhantes se fossem postas em prática, como Jesus fez.

Comentando o que também ouvi um dia, é quase impossível crer que um país onde o censo apontou 89% de cristãos passe por problemas iguais ou piores do que os vistos no VT, antes de Jesus ter passado seu ensinamento aos homens, antes de ter dado o exemplo que deu. Há muitos cristãos entre a população carcerária (mas peraí, Jesus e os seus seguidores não fizeram parte da população carcerária romana?), os juízes inquisidores eram da Igreja, e Mussolini não favoreceu o cristianismo? Talvez todos esses cristãos não saibam mais do cristianismo que o nome... Talvez o cristianismo que aprendem não seja o que Jesus ensinou andando entre os desqualificados de Israel. Talvez você se chame cristão, mas as pessoas que virem suas obras nem cogitem isso de você, como você não cogita dos malfeitores que usaram o nome de cristãos.

Independente da denominação (que é só isso mesmo - nominação), quanto de você restaria frente ao fogo que o Senhor tem prometido?

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¹ Oráculo de Delfos - os oráculos eram lugares onde certos sacerdotes diziam se comunicar com os deuses, que lhes passavam instruções e previsões. Eram de grande importância no mundo antigo, pois até os reis os consultavam. O oráculo da cidade de Delfos (Grécia) era dedicado ao deus Apolo, sendo o principal oráculo do mundo grego entre 800 e 300 a.C. Para o mundo moderno, ficou famosa a inscrição que havia sobre o pórtico do templo: "Conhece a ti mesmo".

² Paulo de Tarso diz que era fariseu filho de fariseus (Atos 23.6), portanto contava entre as famílias influentes da Judéia. Além disso, ele havia recebido instrução grega, o que fica evidente no conteúdo analítico e filosófico das suas cartas às igrejas. Mais ainda, Paulo havia estado entre os romanos que perseguiam os cristãos fora de sua cidade, Tarso. Era costume entre as famílias ricas do mundo romano enviarem os filhos para o serviço militar em terras distantes.

sábado, 26 de novembro de 2011

Quem escreveu o livro de Tiago não foi Tiago

- Yaʻaqov, só para os íntimos

Quem já teve a oportunidade/curiosidade de ler uma Bíblia em inglês deve ter se surpreendido, como eu, ao encontrar no NT o livro de “James”. Que espécie de apóstolo desconhecido seria esse? Pelo texto, logo descobrimos que em português esse “James” é o equivalente de Tiago. Estranha tradução!

Algumas teorias da conspiração, por assim dizer, rondam essa diferença de nomes. Em uma delas, diz-se que o verdadeiro nome do autor dessa epístola é “Yahuhcaf ” (hebraico), que teria sido transformado em “James” para homenagear o rei James I da Inglaterra (1566–1625), quem financiou o trabalho de tradução da bíblia em 1611 (e Tiago com isso?). Da mesma forma, a prima da abençoada Mirian (Maria) teria virado “Elizabeth” para homenagear a realeza inglesa.

Precisamos voltar bastante no tempo para entender isso... O Livro de Tiago/James foi escrito por um judeu, e certamente não deviam haver judeus no século 1 que se chamassem “James”. O nome James em inglês vem do francês antigo Jácome (donde também veio Jaccques), que por sua vez vem do latim Iacomus ou Iacobus. Assim os romanos pronunciavam o nome grego Iakobos, traduzido do hebreu Yaʻaqov (note a semelhança com Jacó...). A pronúncia do “J” que conhecemos vem do norte europeu e surgiu muitos séculos depois de Iacobus (com “a” tônico) ter sido transformado pelas línguas ibéricas em Iacob, Iago e finalmente Tiago ou até Diego.

Quando o precuror da Reforma Protestante John Wycliff traduziu o Novo Testamento pela primeira vez em inglês em 1384, quase trezentos antes do rei James I, portanto, o livro de “James” já estava lá. O mesmo aconteceu com Elizabeth, que vem do grego Elisabet, e do hebreu Elisheva. Esse nome também já aparecia na Bíblia antes de haver uma rainha Elizabeth. Na verdade, os reis James e Elizabeth foram assim nomeados por causa da Bíblia, não o contrário.

Mas fica ainda a dúvida sobre QUEM foi esse Tiago/James/Yaʻaqov. Na verdade, o livro não deixa isso claro... O autor apenas se declara “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo”. Isso devia ser suficiente! O livro todo é uma exposição de sabedoria inspirada pela fé, daí seu valor. Vários Tiagos são citados no NT, o que indica que esse nome era comum. Entre os que sabemos que acompanharam Jesus havia o Tiago irmão de Jesus (Gl 1:19), o Tiago filho de Alfeu (Mt, Lc, Mc, ver lista dos apóstolos) e o Tiago filho de Zebedeu (Mc 3:17). No entanto, o livro de Tiago não faz referências à vida de Jesus nem a costumes judeus, o que levou muitos estudiosos a pensar que seria um livro escrito posteriormente à pregação de Jesus, como foram as cartas de Paulo. Ao contrário de Paulo, que era altamente instruído e escrevia aos gentios, o livro de Tiago seria obra de um judeu comum, e portanto endereçado exclusivamente aos outros judeus.

E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?” (Tg 2:15-16)

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