quarta-feira, 15 de maio de 2019

O Cristianismo da Pobreza - 2ª parte (séc. 15 ao 20)


Acima, Esq. - Desenho da jornalista estadounidense Nellie Bly, que se fingiu de insana e documentou em um diário os horrores dentro do asilo Blackwell, em Nova York (1867). Acima, Centro - Charge do jornal italiano Il Fischietto, 1871, satirizando um frade a proteger o mendigo na igreja. Acima, Dir. - pastor Friedrich Niemöller, que acusou os Protestantes de conivência com o Nazismo. Abaixo, Esq. - “Casa de trabalho” em Londres, Inglaterra, 1900. Abaixo, Dir. - pastor Dietrich Bonhoeffer, preso pela oposição ao extermínio dos judeus.

Esse texto é uma continuação de O Cristianismo da Pobreza - 1ª parte, que conta as ações sociais da Igreja Cristã até os dias atuais. No último texto, seguimos até o movimento dos Franciscanos.

ADMIRÁVEL IDADE MODERNA

A Idade Média terminou no meio do séc. 15, através de grandes mudanças na Europa. O Islã recuou da Espanha para o norte da África. Bizâncio, a Roma Oriental, foi dominada pelo Islã e interrompeu-se o fluxo terrestre de mercadorias entre Ocidente e Oriente. Os Cristãos Ocidentais se repartiram entre Católicos Romanos e Protestantes. Começaram as navegações através dos oceanos para América, África Ocidental, Índia e China. Na prática, isso mudou completamente o comércio no mundo: prometiam-se grandes lucros para os reis e comerciantes, fortunas para os destemidos e também novas doenças. Para a população mais desfavorecida da Europa, a divisão religiosa marcou a intervenção do Estado nos serviços oferecidos.

Os reinos Católicos perseveraram na tradição dos hospitais e esmolas. Os Franciscanos, em especial, tornaram-se famosos por esse serviço (e muitas vezes eram eles que pediam esmolas). Os países Protestantes direcionaram os dízimos para o Estado ou para órgãos superiores das Igrejas e criaram leis contra a mendicância (pois os pobres às vezes eram peregrinos portadores de pragas do Oriente). Mas também formaram órgãos governamentais, que contratavam os pobres para reparar e limpar ruas e pontes, por exemplo.

Os Ortodoxos foram englobados pelo Islã, com o qual mantiveram boas relações. No entanto, a região da Etiópia, Grécia, Turquia e Romênia, sob o comando dos sultões Ottomanos, não permitiu que a Igreja Cristã tivesse uma função social. No mundo Católico Ocidental (reinos que seriam depois Portugal, Espanha, França e Itália), a caridade fazia Deus gostar dos homens. Era absolutamente necessária para garantir a ida ao Paraíso e o escape do Purgatório (nesse último caso, na forma de ofertas ou missas pagas pela família do morto). No mundo Protestante (reinos que seriam Suécia, Noruega, Dinamarca, Inglaterra, Alemanha, Holanda e Suíça), a caridade transmutou-se em ofertas de trabalho nas casas de família, comércios, campos ou prefeituras. Nos cultos, pregava-se a missão do evangelho de Mateus: alimentar os famintos, vestir os maltrapilhos, dar de beber sedentos, visitar os enfermos, acolher os viajantes, enterrar os mortos (uma inserção do livro de apócrifo de Tobias), cuidar dos órfãos e das mães solteiras, além dos prisioneiros.

Uma vez que o número de carentes era grande e até havia entidades para arrecadar esmolas, as igrejas Protestantes hierarquizaram quem receberia benefícios. Às vezes, isso significava coletas em toda uma cidade. Primeiro vinham as viúvas, órfãos, abandonados, doentes, peregrinos e pobres voluntários (como os Franciscanos e Waldenses); depois os desonrados, que haviam perdido suas fortunas; depois os artesãos e acometidos por crises econômicas (como aumento do preço do pão); por fim vinham os fraudulentos e expulsos de suas comunidades religiosas. Muitos desses últimos foram tentar sua sorte na América.

Nos países Católicos, era muito difundida a teologia do Pastor de Hermas, onde os pobres e os ricos eram tais pelo desígnio de Deus, de forma que os pobres orassem pelos ricos em agradecimento. Já o pregador protestante Ulrich Zwingli, por exemplo, lamentava “Ninguém doa em felicidade, pelo amor a Deus e ao próximo, mas por medo do Diabo, do Inferno e de um Deus tirano, para comprar sua eternidade”. No lado Protestante, diversos filósofos apontavam que a má administração pública era causadora da miséria.

Entre os sécs. 16 a 18, os reinos da Europa se anexaram sob famílias muito poderosas, que governavam colônias rurais e extrativistas na América, África, Índia e China. A Igreja Católica empreendeu várias missões no norte da África à procura do lendário reino de Padre João, uma estória contada nos livros da Roma antiga, e que seria um aliado contra o Islã. Em 1520, depois de quase 100 anos procurando, os espanhóis Rodrigo de Lima (explorador) e Francisco Alvares (franciscano) trouxeram notícias sobre o reino de Lebna Dengel, na Etiópia, que mantinha tradições Cristãs*.

A América dos Incas, Maias e Aztecas foi visitada por caravelas de Espanha, Portugal, França, Holanda e Inglaterra. Embora os navegadores criassem portos nas outras culturas, penetrar países e estabelecer bases ali foi um trabalho diplomático das igrejas Católica e Protestante. Junto com “converter pagãos e anunciar o Evangelho como Cristo mandou”, estava o ideal de conseguir poder junto às grandes coroas. Quanto aos povos encontrados, eram primitivos para Católicos e Protestantes; seriam humanos na medida em que fossem aculturados e convertidos. Para as coroas ia além: os estrangeiros eram lucro.

A ordem dos Jesuítas (Católica) se opôs a esse sistema e, como foram os 1os direcionados ao além-mar, perderam status até decaírem em “ordem mendicante”. Os Metodistas e Batistas (Protestantes) acabaram caçados ou fuzilados por exploradores. Quase tudo que sabemos dessa época ficou guardado em documentos e cartas dos religiosos.. Na China e Índia, os Jesuítas tentaram converter as nobrezas destes reinos, o que irritou muito as ricas famílias européias.

Com a queda dos Jesuítas, as ordens enviadas ao redor do mundo passaram a ser Franciscanos, Dominicanos, Augustinianos (Católicos) e Anglicanos (Protestantes), que destruíram os cultos nativos (e várias vezes foram sacrificados aos deuses, também), mas estabeleceram hospitais, escolas e comércio nas colônias. Isso resultou em um sem-número de pobres, órfãos, idosos abandonados, mutilados e doentes nas colônias.

RUMO A UMA NOVA ERA

A política Protestante de prover os pobres com trabalho e serviços municipais atingiu seu ápice no séc. 17, prestes a entrar na Era Industrial, com a organização de Paróquias. Cada Paróquia recebia donativos de 50-100 casas gerenciadas por uma igreja, registrava os moradores e supria necessidades dos mais pobres. Como algumas Paróquias eram mais solícitas, muita gente se mudava em busca de ajuda. Os mais necessitados eram encaminhados a “Casas de pobres”, construções para 200-1000 pessoas com o design de prisões, onde os pobres eram separados em categorias. As “Casas” recebiam uma verba estatal mas em grande parte deveriam manter suas finanças**. Lá havia alimentação, cuidados médicos e dormitório; os moradores realizavam serviços como cuidar dos doentes, ensinar, quebrar pedras ou ossos (para fazer fertilizantes), limpar fios de telégrafos e enrolar cordas resinadas para a indústria naval. Muitos trabalhadores eram crianças ou idosos vivendo em condições de higiene e alimentares que se tornaram alarmantes.

Nos reinos Católicos, que se mostraram grandes conquistadores de terras, persistia a crença de que dar esmolas era um ato religioso e, portanto, o Estado não devia intervir. Assim, a Igreja Católica produziu instituições filantrópicas como hospitais, orfanatos e asilos mantidos por doações das Paróquias e das famílias ricas. No Brasil, apareceram as Santa Casas de Misericórdia (Santos/SP em 1543, Salvador/BA em 1549, Rio de Janeiro/RJ em 1567, São Paulo/SP em 1599, João Pessoa/PB em 1602, Belém/PA em 1619, Vitória/ES em 1818). Uma carta na Baviera, em 1791, registra: “Muitos são da opinião que dar esmolas não é meritório, se não for entregue pessoalmente. A partir desta regra, quase geral, a bênção de Deus permanecerá na casa". Embora os reinos Protestantes também tivessem sérios problemas no cuidado com os pobres, entre o Mundo Católico ficava claro que o propósito da caridade era assegurar bênçãos divinas, e não reverter a pobreza.

DEPOIS DAS REVOLUÇÕES

A entrada no séc. 19 ficou cravejada de revoluções em todo o mundo. A mais famosa foi a Revolução Francesa, mas aí se encaixam a independência dos EUA e também do Brasil. As ciências despontavam com a descoberta do mundo microscópico, química e engenharia de motores. Comerciantes e empresários influenciavam os rumos da política a ponto de emprestar dinheiro aos reis e ameaçá-los. Na América surgiam novas nações; na África, Índia e China, os europeus assumiam controle dos territórios. Os países Católicos, fiéis à tradição de manter hospitais públicos, asilavam agora idosos, órfãos, mães solteiras, doentes e criminosos. Esse papel social foi muito importante no Brasil, por exemplo, mas também impediu que os governos vissem o cuidado com os desfavorecidos como sua responsabilidade. Por um lado, o cuidado com os pobres criava uma servidão voluntária dos pobres às famílias ricas, para que recebessem seus donativos Cristãos (o que estruturou muito da sociedade colonial); por outro lado, transformava os pobres em joguetes da política, diplomaticamente organizados pela Igreja.

O serviço assistencial era visto como uma obrigação das famílias ricas (que pagavam à Igreja, por isso), mas não um direito dos pobres. Basicamente, os governos permitiam todos os abusos capitalistas e mercantilistas contra as populações (e isso constituiu, especialmente na América, um sistema de servidão), deixando para a Igreja remendar, no que pudessem, os seus desmandos. Na França, a Revolução produziu instituições que eram controladas pelo Estado (as mesmas dos tempos da monarquia) mas contratavam religiosos para fazer o mesmo serviço feito antes. A contratação de mulheres para os serviços sociais em instituições público-católicas até se tornou uma fonte de empregos para a classe média.

Nos países Protestantes, o Estado assumiu a responsabilidade pelos pobres. Nesses países, a pobreza era vista como desvio pecaminoso do homem, até irreversível (sobretudo nas comunidades calvinistas¹). Aos pobres era necessário oferecer oportunidades de trabalho, de forma que se esforçassem ao máximo para mudar sua condição. Caso não pudessem fazê-lo (geralmente não podiam), seria um sinal divino de sua miséria. Considerando que os recursos estatais eram na forma de recebimento de alimentos, abonos, etc, e não uma garantia de direitos, a Igreja acabou se aliando com a classe empresarial para garantir a exploração da mão de obra desses desvalidos mais pobres. Eles deveriam, acima de tudo, merecer seus benefícios! Isso produziu, tanto na Europa quanto na América do Norte, a organização dos pobres em guetos fiscalizados ou gerenciados pelas comunidades das igrejas. Por um lado havia a garantia do acesso ao pão e água, por outro havia a cobrança de que trabalhassem o mais possível, pelo salário que os ricos quisessem pagar. Na metade do séc. 19, quase todos os guetos e “Casas de trabalho” européias abrigavam pessoas vinculadas à indústria têxtil, extremamente lucrativa (não para os pobres).

O séc. 19 viu o despontar dos governos Luteranos (ex. Dinamarca, Suécia, Noruega) como grandes promotores de equidade social. Esses países combinaram a idéia Católica de criar organizações e instituições religiosas de apoio aos necessitados, onde nada precisava ser dado em troca, com a assistência por parte do Estado. Assim, a Igreja era fornecedora da mão de obra e o Estado mantinha a entrada de capital. Os países Luteranos foram os primeiros a enviar missões humanitárias para a América, África e Ásia.

Por volta de 1890, na Europa, a pobreza movimentava um mercado de trabalho “sob a chibata Protestante”. Nas colônias ao redor do mundo, essa pobreza replicava a sociedade feudal, com as famílias ricas e a Igreja Católica cuidando/governando massas populares. Bem longe do “cuidar dos órfãos e viúvas”, essa época produziu uma Igreja Cristã privilegiada econômica e politicamente, apoiada sobre as costas dos pobres junto com uma minoria rica. A riqueza não santificava exatamente, mas tornava moralmente correto. Essa “moral religiosa” marcou o Cristianismo do início do séc. 20.

OS NOVOS DONOS DO MUNDO

O séc. 20 inicia com a 1ª Guerra Mundial e tem sua metade marcada pela 2ª Guerra². Nos países pobres, esse período pode ser bem descrito por uma repartição da sociedade entre o ambiente rural (que fornecia matérias primas para os países ricos) e o ambiente urbano (as indústrias nos países pobres produziam para mercados interno e externo, os países ricos recebiam os dividendos). Essa migração das indústrias foi, em grande parte, uma forma de as empresas fugirem do Socialismo europeu, que estabelecia regras de proteção aos trabalhadores. Nos países pobres, não haviam regras.

Os governos dessas terras, agora eram completamente substituídos/comprados pelos governos europeus (mais ou menos como nos tempos pós-Alexandre o Grande ou de Roma). Na parte urbana das colônias, a lei de exploração estrangeira foi trocada por uma lei de exploração trabalhista. Na parte rural, houve um distanciamento entre os patriarcas ricos e as populações que controlavam: agora, os pobres - incluindo muito ex-escravos - eram servos de ricos senhores urbanos com os quais tinham pouco ou nenhum contato. Na América do Norte, fortaleceram-se igrejas Pentecostais como organização política de pobres e ex-escravos. 

Os Luteranos e Batistas chefiaram a implantação de um sistema de ajuda social, que chegou a ser missionário na África Ocidental. Para lá também foram Anglicanos e Luteranos da Europa, muitos dos quais presenciaram os crimes contra a Humanidade praticados no Grande Congo e outras regiões. Na América Central e no Brasil, a Igreja Católica esteve muito ligada à repulsão do Socialismo nas cidades, enquanto mantinha seu tradicional sistema de hospitais, asilos, orfanatos e abrigos, que permanecia distante das cidades interioranas e não era suficiente para as capitais.³

As medidas sanitaristas que aconteceram entre o final do séc. 19 e a 2ª Guerra deram o 1º passo para uma mudança nas perspectivas de vida e saúde da população em todo o mundo. Foram, entretanto, medidas para uns poucos: os trabalhadores urbanos, sem acesso a condições de saúde adequadas, circulavam por conduções, vielas e bairros erguidos para serem guetos, para manter eles e sua imundície longe das áreas frequentadas pelos mais ricos. As populações foram separadas nas igrejas (Católicas e Protestantes), ou as próprias igrejas eram separadas.

Na Europa, os movimentos Socialistas e Nazi-fascistas ganharam força e, enquanto os Protestantes do norte tentaram não se envolver, mantendo o ideal de separação entre Igreja e Estado, os Católicos do sul travaram relações tensas com o grupo Nazi-fascista. A Revolução Russa, iniciada em 1905, não abriu caminho para a Igreja Ortodoxa - antes, restringiu ainda mais os Cristãos a um segmento oculto e silencioso da população.

Os movimentos que levaram o Gen. Francisco Franco ao poder em 1936 (Espanha), também expropriaram a Igreja Católica de todas as suas propriedades, bens e função educacional. Os Jesuítas foram banidos. Na Itália, a unificação dos reinos havia quebrado os vínculos com a Igreja Católica e o movimento de Benito Mussolini, em 1930, assegurou a autoridade papal, de forma que ele foi aclamado como “aquele que devolveu a Itália para Deus”. No mesmo ano, os movimentos que elegeram Adolf Hitler (Alemanha) se mostraram hostis ao Catolicismo. Muitos padres chegaram a ser fuzilados. Apesar disso, os Católicos Alemães em geral eram simpatizantes do Regime, pois o Socialismo pregava justamente contra as influências religiosas. Houve muitas tentativas de Roma em estabelecer relações pacíficas com Hitler. Todas foram assinadas e ignoradas em momento oportuno. Mesmo antes da Guerra, cerca de 28 milhões de pessoas foram assassinadas por esses regimes; com a 2ª Guerra, mais 55 milhões foram mortos.

No Brasil dos anos 1930, o governo do Gen. Getúlio Vargas pretendeu substituir alguns serviços filantrópicos como as escolas, até então totalmente mantidas por famílias ricas ou pelas Igrejas Católica e Luterana. Houve uma aproximação entre Igreja e Exército e criou-se um sistema de educação profissional, hoje chamado “Sistema S” (Senai, Senac, Sesi, etc), onde a participação da Igreja era menor. Nas periferias, contudo, a educação e saúde continuavam nas mãos da Igreja, que também fazia a função de repelir o Socialismo.

Ficou famoso nessa época o pastor Friedrich Gustav Emil Martin Niemöller, da Igreja Luterana da Alemanha, que se opôs a considerar Cristãos apenas os arianos (loiros, de olhos verdes, filhos de outros arianos). Ele publicou um poema de grande circulação, hoje gravado em vários monumentos:

Primeiro vieram contra os socialistas e eu não falei - porque eu não era socialista. Então eles vieram contra os sindicalistas e eu não falei - porque eu não era sindicalista. Então eles vieram contra os judeus e eu não falei - porque eu não era judeu. Então eles vieram contra mim - e não havia mais ninguém para falar por mim.

Niemöller foi preso em um campo de concentração e, mais tarde, assinou a Declaração de Culpa de Stuttgart (1945), onde responsabilizava os Protestantes pela não resistência ao Nazismo.

Outro nome importante dos anos 1930 foi o pastor Dietrich Bonhoeffer. Ficou famoso por sua atividade unificadora das igrejas protestantes e seu livro “O preço do discipulado”, sobre a função do Cristianismo no mundo secular. Ele se opôs diretamente à perseguição e morte dos judeus na Alemanha, sendo preso em 1943. Bonhoeffer foi acusado de um atentado contra Hitler e fuzilado, em 1945.

AGUARDAMOS UMA CONCLUSÃO

Nesse período da história, a Igreja se dividiu e, de formas muito distintas, tentou formas de tratar com a existência da pobreza no mundo. Os Católicos criaram entidades de assistência, que porém não eram numericamente suficientes; os Protestantes inseriram na política do Estado a manutenção dos pobres (o que, muitas vezes, gerou uma exploração ainda maior deles). Nas crises econômicas e políticas que marcaram a metade do séc. 20, encontramos igrejas lutando ou cooperando com o Estado segundo seus interesses de privilégios, segurança e poder, mas não mais em benefício daqueles que Jesus chamava de "benditos".

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* Algumas obras notáveis que resultaram dessas missões diplomáticas foram Historia de los Indios de la Nueva España, de Toribio de Benavente Motolinia, 1536; Brevíssima relação da destruição das Índias e Historia de Las Índias, de Bartolomé de las Casas, 1550; Florentine codex: general history of the things of New Spain, de Bernardino de Sahagun, 1550; Historia ecclesiastica Indiana, de Jeronimo de Mendieta, 1595; The natural and moral history of the Indies, de Joseph de Acosta, 1590; Historia de las islas del archipielago y reynos de la gran China, Tartaria, Cuchinchina, Malaca, Sian, Camboxa y Iappon, y de los sucedido en ellos a los religiosos descalços, de Marcello de Ribadeneyra, 1601; História da Etiopia, de Pedro Páes, 1620; Tratados históricos, políticos, éticos y religiosos de la monarquia de China, de Domingo Fernández Navarrete, 1676.

** Curiosamente, a idéia de organizar os pobres para sustentarem uns aos outros foi bastante difundida por alguns religiosos filiados à Teologia da Libertação, um movimento Igreja Católica. Na série “Um tal Jesus”, de María e José Ignacio López Vigil, por exemplo, a “multiplicação dos pães e peixes” se transforma em reunião dos alimentos de muitos seguidores para formar um jantar.

¹ Calvinismo: teologia atribuída ao pregador Protestante francês John Calvin, onde Deus tem visão absoluta da existência humana e, portanto, elegeu alguns para a Salvação e outros para a Destruição. Essa condição expressa-se (mas nem sempre) na prosperidade de cada um e perpassa aos seus descendentes. A observação das leis de Deus é obrigatória a todos, embora só os predestinados possam gozar disso.

² Nenhuma das Guerras Mundiais teve origem religiosa. Antes, foram guerras econômicas. A 1ª Guerra (1914-1918) foi um embate do Oeste Europeu contra o Leste Europeu pelas colônias na África e Ásia. As lutas foram nas colônias comerciais e os países do Oeste venceram, causando fragmentações por crises econômicas no Leste. As colônias mudaram de mãos, algumas formaram forças revolucionárias. Mas o sistema Capitalista estava em crise. A 2ª Guerra (1939-1945) foi uma luta do Capitalismo Liberal (sem regras) contra o Capitalismo Estatal = Nazi-facismo (economia e vida das pessoas governada pelo Estado). Foi uma luta dentro da Europa pelo controle das cidades e indústrias. Muitas nações ricas foram arruinadas, enquanto o Socialismo ganhou força em ambos os lados. Diversas colônias conseguiram independência. Os países pobres, com populações frágeis em relação aos governos, em geral absorveram a filosofia Nazi-facista e iniciaram regimes militares.

³ Mesmo os países europeus de tradição Católica como Portugal, Espanha, França, etc são historicamente os que menos produziram em termos de igualdade social.

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MELHOR QUEIMAR TAIS LIVROS

Benito Mussolini - wikipedia
Clapsis E, Peace, economic injustice and the orthodox church, Greek Orthodox Archdiocese of America, 17/ago/2010
Dietrich Bonhoeffer - wikipedia
Kahk S, The religious roots of modern poverty policy: Catholic, Lutheran, and Reformed Protestant traditions compared. Archives Européennes de Sociologie / European Journal of Sociology/Europäisches Archiv für Soziologie, p. 91-126, 2005
Martin Niemöller - wikipedia
Mereles C, Direito à saúde - história da saúde pública no Brasil, politize.com.br, 23/abr/2018
Nellie Bly - wikipedia
Pandolfi D, Repensando o Estado Novo, Ed. Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 1999
Poor relief - wikipedia
Umbertino R, The poor - our masters, Orthodox Church in America, 2004
Workhouse - wikipedia

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