Cena do casamento em Caná da Galiléia, pintura feita em 2007 pelo artista egípcio Samy Henes na cúpula da igreja de Mar Girgis (São Jorge) el Ballas, em Alexandria, no Egito.
“Ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus. Foram convidados Jesus e os seus discípulos. Faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: ‘Não têm vinho’. Disse-lhe Jesus: ‘Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora’. Sua mãe disse aos serventes: ‘Fazei tudo quanto ele vos disser’. Estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes. Disse-lhes Jesus: ‘Enchei de água essas talhas’. E encheram-nas até em cima. Tirai agora, e levai ao mestre-sala’. E levaram. Logo que o mestre provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou ao esposo e disse-lhe: ‘Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho’.” (João 2.1-10)
Existe até hoje um ponto de discordância dentro do Cristianismo, no que se refere ao uso de drogas psicoativas. Isso abrange questões culturais, como tomar café; questões teológicas, como o uso do vinho, que foi produzido e usado por Jesus; e questões bem mais recentes como a utilização de medicamentos psicoativos. Penso em usar esse texto para clarear alguns pontos.
O LADO CIENTÍFICO
Há muitas drogas psicoativas naturais disponíveis e nossos ancestrais ensinaram como preparar e usá-las. No Brasil, algumas muito conhecidas são café, chimarrão (estimulantes), capim limão, camomila e maracujá (soníferos), álcool (ansiolítico), ayahuasca (alucinógeno). Outras que chegaram de fora são a cocaína (estimulante) e maconha (ansiolítico e alucinógeno). Desde os anos 1950, ainda, a indústria produziu muitos psicoativos que não existem na natureza. Psicoativo é tudo aquilo que influencia o fluxo dos pensamentos, e essas plantas são capazes disso.
Um psicoativo pode ser usado sob prescrição, com um propósito definido, como aquele café oferecido a alguém sonolento ou embriagado. Pode também ser usado por prazer, como o álcool tomado em uma comemoração. E pode misturar ambos, quando a própria pessoa se prescreve: "estou cansado, vou tomar um café", ou "estaria melhor com uma cerveja". A maioria das pessoas não tem problemas com esses psicoativos citados.
Mas algumas pessoas desenvolvem problemas. Eles geralmente consistem de compulsão (uso de doses altas), aceitação de riscos (ex. procurar criminosos ou usar apesar de danos sérios a saúde) e abstinência (sofrimento pela simples falta da droga). Qualquer um desses elementos é sinal de perigo, e raramente aparecem sozinhos.
Cada droga tem sua periculosidade, mais em uns do que em outros. Trinta porcento dos tomadores de café têm abstinência. Cinquenta porcento dos alcoolistas são compulsivos ou aceitam riscos. Noventa porcento dos usuários de crack (a forma mais perigosa da cocaína) têm abstinência. Pessoas com ansiedade ou depressão são até 3x mais compulsivas com o uso de todas as drogas. Filhos de dependentes são mais propensos a serem dependentes, mesmo que de outra droga.
Os medicamentos psicoativos foram desenvolvidos para aliviar o sofrimento causado por doenças da mente, como esquizofrenia, ansiedade, depressão, etc. Podem ser úteis ou necessários a um tratamento, dependendo de cada caso e da gravidade do problema. Obviamente, os medicamentos foram pensados para seguirem prescrições. Mas num país onde as regras são frouxas e os serviços de saúde são caros e escassos, é natural que as pessoas apelem para a auto-prescrição. Ansiosos usam álcool ou maconha; depressivos usam café ou guaraná em altas doses. Cultos religiosos usam ayahuasca ou maconha. Entre 5 e 10% dos usuários de medicamentos, especialmente os ansiolíticos, infelizmente, também tornam-se dependentes ou fazem uso compulsivo.
Os medicamentos psicoativos foram desenvolvidos para aliviar o sofrimento causado por doenças da mente, como esquizofrenia, ansiedade, depressão, etc. Podem ser úteis ou necessários a um tratamento, dependendo de cada caso e da gravidade do problema. Obviamente, os medicamentos foram pensados para seguirem prescrições. Mas num país onde as regras são frouxas e os serviços de saúde são caros e escassos, é natural que as pessoas apelem para a auto-prescrição. Ansiosos usam álcool ou maconha; depressivos usam café ou guaraná em altas doses. Cultos religiosos usam ayahuasca ou maconha. Entre 5 e 10% dos usuários de medicamentos, especialmente os ansiolíticos, infelizmente, também tornam-se dependentes ou fazem uso compulsivo.
A QUESTÃO BÍBLICA
Religião não é apenas o texto sagrado, mas a forma de interpretar e usá-lo. Essa segunda parte depende da cultura, da época e da tradição. Por isso, grupos diferentes dentro do Cristianismo têm entendimentos variados a respeito das drogas psicoativas, usando o mesmo texto sagrado. Ainda, essa interpretação muda ao longo da história, num mesmo grupo Cristão.
O álcool provavelmente é a droga com maior polêmica. Trata-se de algo muito fácil de fazer: todas as culturas humanas têm bebidas alcoólicas, desde 4000 a.C. pelo menos. Sais orgânicos típicos da fermentação de cereais e frutas foram encontrados em cerâmicas Chinesas de 9000 a.C. Alguns teóricos do desenvolvimento social até cogitam que o surgimento das civilizações mais antigas na planície entre os rios Tigre e Eufrates, muito antes que existisse agricultura, só foi possível porque esses povos aprenderam a fermentar os cereais selvagens, obtendo numa espécie de cerveja-hidromel alguns nutrientes essenciais que não teriam outra forma de conseguir ... e assim eles teriam começado a cultivar justamente cereais capazes de produzir bebidas, como centeio e cevada. O vinho, uma das bebidas mais antigas, é um produto natural do processamento da uva, fruta plantada em abundância em toda costa do Mediterrâneo, onde o Cristianismo começou.
Para fazer álcool, basta um carboidrato e leveduras. Geralmente o carboidrato vem de frutas ou cereais, a levedura das próprias cascas das plantas ou do hábil cultivo humano delas. As leveduras fermentam o carboidrato até produzir 5-15% de álcool (cervejas, vinhos, sidras). No séc. 9, os turcos aprenderam a destilar as bebidas fermentadas para chegar facilmente a 40% de álcool (conhaques, whisky, absinto, vodkas, cachaças). Essa tecnologia se espalhou rapidamente pela Europa, que já destilava perfumes havia muito tempo.
Dentre os povos produtores de vinho, se destacaram grandemente os Judeus. O Egito tornou-se grande exportador de vinho a partir da chegada dos Judeus na região leste do baixo Nilo (aprox. 2000 a.C). Quando retornaram para Canaã, os Judeus valorizaram justamente as uvas disponíveis na região. A Grécia desenvolveu grandemente sua produção de vinho desde a conquista da Judéia (300 a.C.), assim como Roma (37 a.C.). Posteriormente, com a fragmentação de Roma Ocidental (500 d.C.), o vinho europeu foi substituído em grande parte pela cerveja dos Gemânicos.
Jesus, segundo João o evangelista, produziu vinho em Seu primeiro milagre como pregador. Além disso - não segundo o mesmo João - Ele solicitou explicitamente aos discípulos que O invocassem em jantares cerimoniais com vinho, equivalente do Seu sangue, até que Ele retornasse. Embora Jesus não mostrasse reservas nem excessos quanto ao vinho, o álcool está ligado a 3 problemas para o Cristianismo pós-Jesus: a satisfação dos prazeres carnais, o afastamento da razão de seu estado natural e o desenvolvimento de vícios.
A Bíblia é ambivalente quanto ao vinho. No Velho Testamento, o vinho é um símbolo de fartura, usado para honrar pessoas e mesmo Deus. O Novo Testamento continua a tradição vinícola dos Judeus, associando mesmo parábolas de Jesus com as vinhas. Por outro lado, até os provérbios de Salomão (séc. 9 a.C.) alertam contra os efeitos inebriantes e enganadores do vinho. Os reis e sacerdotes são instruídos a ficar longe dessa bebida.
Nos tempos de Paulo, o vinho era aconselhado para tratar o estômago (1ª Timóteo 5.23) e também era repreendido por seu excesso na igreja de Corinto, especialmente em divisão desigual com os pobres daquela congregação (1ª Coríntios 11.21).
"Esses dois aspectos do vinho, seu uso e abuso, seus benefícios e danos, sua aceitação por Deus e sua abominação, são entrelaçados no Velho Testamento. Ele alegra o coração do homem (Salmos 104.15) ou faz a mente se perder (Isaías 28.7). O vinho pode ser associado com gratidão (Eclesiastes 10.19) ou com desleixo (Isaías 5.11), pode desnudar a vergonha de Noé (Gênesis 9.21) ou, nas mãos de Melquisedeque, pode honrar Abraão (Gênesis 14.18,19) … As referências ao vinho no Novo Testamento são menores em número, mas outra vez os dois aspectos - bom e mau - estão aparentes" (Fitzsimmonds, 1982).
A TRADIÇÃO RELIGIOSA
No tempo de Jesus, a produção de uvas na Galiléia era intensa. Tanto a colheita como a prensa das uvas empregava muita gente, homens e mulheres. A prensa, ainda, era feita em grupo e com cantorias, com as pessoas pisoateando as frutas enquanto dançavam em tablados de pedra por onde o suco escoava até uma grande bacia, também esculpida. Entre 6 a 12h após pensado, o suco começava a fermentar. Até 2 a 3 dias depois, a fase "borbulhante" passava e a bebida podia ser armazenada em ânforas de barro romanas ou bolsas judaicas de pele de cabra, onde passaria até 2 anos. O vinho jovem era preferido, com semanas ou meses, mas a mercadoria chegava já mais velha em Roma, onde era altamente consumida. Os Romanos gostavam de vinhos brancos, mas revendiam enormes quantidades de vinho tinto para suas terras ao norte e oeste, sobretudo a Gália, onde hoje temos as terras vinícolas da França e Espanha.
Os Gregos tinham por hábito misturar o vinho com água para evitar a embriaguez. Apesar disso, tinham seus dias de festividade onde o mínimo que se esperava das pessoas era ficarem bêbadas. Esse costume grego provavelmente foi implantado em Israel entre os séculos 3 e 1 a.C., quando governaram a região. Os Romanos, por outro lado, tomavam vinho puro no dia a dia, cerca de 1 L por pessoa por dia. Os Judeus misturavam os costumes grego e romano, dependendo de suas posses, o que lança algumas luzes sobre uma certa festa de casamento em Caná da Galiléia. Os fariseus e sacerdotes, por outro lado, eram proibidos de beber vinho.
Os religiosos Cristãos sempre se dividiram em 3 grupos: os "proibicionistas", que vêem o vinho e demais bebidas como fontes do pecado; os "abstencionistas", que valorizam o vinho como criação de Deus mas, devido a um ideal de santidade, preferem não beber; e os "moderacionistas", que entendem a dualidade bíblica nesse assunto como a necessidade de uma escolha humana a cada contato com a bebida. Os três grupos variaram suas ações coletivas ao longo da história.
Não sabemos exatamente o que Jesus usou em sua famosa ceia. Possivelmente vinho com água, que era a bebida usual dos pobres (além disso, os costumes romanos não eram bem vistos). No final do séc. 1, textos como a Didache dão a entender que esse era o rito Cristão. Paulo no entanto advertiu quanto ao excesso de bebida por volta de 60 d.C. e o mesmo fez Clemente, bispo de Roma no fim do séc. 1. Podemos dizer que a Igreja iniciou como "moderacionista".
Gregório de Nyssa, no final do séc. 4, falava ainda sobre dois tipos de vinho: um que entorpece os sentidos e destrói o corpo, outro que alegra o coração. João Crisóstomo, no começo do séc. 5, afirmava que o vinho era criação de Deus, mas a embriaguez era do Diabo.
No séc. 5, o lado Ocidental de Roma empobreceu e acabou por se fragmentar, com suas terras tomadas por Saxões, Francos e Germânicos. Esses povos substituíram a produção de vinho por cerveja. No lado Oriental, porém, o uso de vinho (com água, segundo o costume grego) continuou. Os monges Beneditinos passaram a ser os representantes do Cristianismo no Ocidente, e então consideravam o vinho como grande luxo, evitando-o em nome de uma vida simples. Evitar significava restringir seu uso a meio litro por pessoa por dia. E tornaram-se grandes produtores de cerveja, considerada um equivalente do pão, que consumiam na função de alimento. O uso de cerveja pelos religiosos era de uns 5 litros por pessoa por dia. No meio do séc. 6, São Benedito de Núrsia, o fundador da ordem religiosa, aconselhava que as pessoas se abstivessem completamente da glutonaria do vinho.
Até o séc. 13, desenvolveu-se o entendimento de que o "fruto da videira" citado por Jesus na sua famosa ceia poderia ser SUCO de uvas. Isso levou ao surgimento dos "abstencionistas", que consideravam o vinho como desnecessário e, portanto, possivelmente pecaminoso. Alguns santos medievais, entretanto, eram explicitamente associados à fabricação de vinhos e cervejas: Santo Adriano¹ (patrono das cervejas), Santo Amando² (patrono dos cervejeiros), São Martinho³ (patrono dos vinhos) e São Vicente* (patrono dos vinhateiros). Os monges foram responsáveis pela introdução de culturas de uva em quase toda Europa Ocidental.
Os primeiros líderes Protestantes, Zwinglio e Calvino, empreenderam uma luta contra a embriaguez e as tavernas. Mas o próprio Calvino recebia parte de seu salário na forma de barris de vinho. No séc. 17, enquanto os Católicos não se opunham ao comércio de bebidas e introduziam o vinho na América do Sul, os Protestantes as cultivavam na América do Norte e fundavam as primeiras cervejarias ali. Os Metodistas, Batistas e Luteranos então compartilhavam a visão "moderacionista" da Bíblia.
No séc. 18, o líder Metodista John Wesley passou a proclamar as bebidas destiladas como corruptoras de homens, enquanto pregava ideais de santidade e perfeição moral. No entanto, muitas dessas bebidas eram usadas como medicamento (quem não se lembra do Biotônico?), o que manteve seu uso mesmo entre os religiosos.
Entre o final do séc. 18 e a metade do séc. 19, os EUA passaram por grandes transformações. Entre elas estavam a formação de fortes grupos Protestantes (ex. os Batistas) e o empobrecimento do país devido a guerras internas e a falência do sistema colonial. Essas crises produziram muito desemprego e uma população enorme de negros não absorvidos pela sociedade. O alcoolismo e a violência ganharam força, especialmente na parte sudeste do país. Por isso, as novas igrejas Protestantes passaram a oferecer a liberdade de tais vícios como a bebida, o que significava opor-se totalmente ao álcool. O suco de uva passou a ser servido na Eucaristia e alguns grupos tornaram-se militantes da total abolição do álcool.
O 2º Avivamento, por volta de 1840, fortaleceu muito os ideais "farisaicos" de pureza e perfeição moral entre os Protestantes. Devido a extensão social do Movimento, mesmo os grupos Católicos importaram muitas dessas idéias. Esse movimento anti-álcool ganhou força na virada dos sécs. 19/20, com o crescimento do World Christian Temperance Union, fundado em 1874. O movimento, de bases feministas e defensor do voto das mulheres, usava fundamentos filosóficos (Xenophon) e Cristãos para propagandear o banimento completo do álcool na sociedade estadunidense. Ele se somou ao Catholic Total Abstinence Union, um movimento que anos antes havia pregado a mesma coisa. Juntos, chegaram a meio milhão de pessoas.
Na medida em que ganhou aliados políticos, o movimento foi um dos responsáveis pela proibição legal do comércio de bebidas nos EUA entre 1919 e 1933. Outras drogas, como o tabaco, ópio e cocaína, então comercializados com fins medicinais, tiveram seus potenciais de vício estudados (a própria definição de dependência química data dessa época) e muitas foram terminantemente proibidas.
USOS E PROIBIÇÕES
No séc. 17, a produção de cerveja em solo Americano foi iniciada pelos Puritanos vindos da Inglaterra. Os habitantes da Nova Inglaterra, por outro lado, rapidamente associaram o tabaco americano a problemas de saúde (isso não ocorreu na Europa). Em Nova Amsterdã (hoje Nova York), o fumo foi proibido em 1639. Tal proibição abrandou-se com o passar dos anos. Na planície do Mississípi, na mesma época, os pastores Anglicanos eram pagos em tabaco.
No 2º Avivamento de 1840, os Batistas, Metodistas e Presbiterianos ficaram conhecidos por sua grandes "feiras santas", com pregações emocionadas ao ar livre. Os Mórmons e Adventistas são frutos desse movimento. Entre os Mórmons, preservou-se a proibição de ingerir qualquer psicoativo, mesmo o chá (Indiano) e o café (do Oriente Médio).
No final do séc. 19, o 3º Avivamento deu ainda mais forças ao Woman's Christian Temperance Union que, aliado às igrejas Protestantes, intensificou a guerra contra os destilados, pornografia e prostituição, além de defender igualdade legal para as mulheres. Nas igrejas, eles foram os principais responsáveis pelo proibicionismo quanto ao álcool. Na medida em que o movimento ganhou enorme força com os eventos de "batismo pelo Espírito Santo" na rua Azusa, em 1906, os Metodistas e Batistas lideraram o movimento de santificação.
Após a crise dos anos 1930 e a 2ª Guerra, o consumo de bebidas nos EUA e em todo Ocidente voltou a subir. Entretanto, as igrejas Protestantes mantiveram seu perfil de evitação das drogas em geral. Muitas incluem nesse rol, infelizmente, os medicamentos psiquiátricos.
Hoje, os "moderacionistas" são compostos por Católicos, Ortodoxos, Anglicanos, Luteranos, Testemunhas de Jeová e as igrejas reformadas. Os "abstencionistas" são compostos por Batistas, Nazarenos, Metodistas e Pentecostais. Os "proibicionistas", que vêem as bebidas como uma forma de pecado, são compostos por alguns Batistas e os Adventistas. Vários desses grupos defendem que o vinho bíblico na verdade se tratava de outra coisa, como suco de uvas.
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COISAS QUE NINGUÉM ESTÁ LENDO AGORA
Alcohol in Christian history and tradition - religion.wikia.org
Curry A, Our 9,000-year love affair with booze, National Geographic Magazine, fev/2017
Curry A, Our 9,000-year love affair with booze, National Geographic Magazine, fev/2017
Fitzsimmonds, F. S. (1982). "Wine and Strong Drink". In Douglas, J. D. (ed.). New Bible Dictionary (2nd ed.). Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press.
O que são drogas psicotrópicas, CEBRID, Unifesp.br
Second Great Awakening - wikipedia
Where did evangelical objections to smoking and drinking come from?, Christianity Today, Ago/2008
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¹ Adriano era pretor da Guarda Real da cidade grega de Nicomedia, na atual Turquia, nos 1os anos do séc. 4 d.C. Ao presidir a tortura de um grupo de Cristãos, ele teria perguntado porque se sacrificavam e, ouvindo seu testemunho de fé, teria se convertido de imediato. Sua atitude levou ao enclausuramento e posterior execução do desertor, em 306 d.C., tornando-se um dos mártires reverenciados da Igreja Ortodoxa. Sua associação com a proteção espiritual dos cervejeiros e soldados é uma curiosa lembrança dos hábitos de militares romanos.
² Segundo a tradição Católica, Amando (584-679 d.C.) era um nobre da rica região de Flandres (norte da França e Holanda), que se desligou da família e passou a viver em completa pobreza num monastério. Ele evangelizou a cidade Belga de Ghent, conseguindo amigos e inimigos entre os reis Francos. Tentou evangelizar os Eslavos, nos Leste Europeu, mas sem sucesso. Voltando à França, retomou suas missões entre os pagãos Francos e fundou vários monastérios. Sua associação com os cervejeiros também faz uma bela referência à tradição que os monges aprenderam dos Francos e Germânicos, difundindo-a por toda Europa.
³ São Martinho de Tours (336-397 d.C.) foi bispo da cidade francesa de Tours. Ele serviu na cavalaria romana da Gália, mas converteu-se ao Cristianismo e, recusando-se a lutar, foi posto desarmado na frente das tropas. Ao invés da morte que lhe pretendiam, os Germânicos se renderam prontamente. Conta-se que, durante o serviço militar, repartiu suas roupas com um andarilho durante o inverno. Aos 30 anos entrou para o serviço religioso. Atuou muito na conversão dos pagãos locais, mas se opôs à destruição dos asceta Priscillianos. Voltando a Roma, combateu o Arianismo e fundou vários monastérios. Sua associação com a fabricação de vinho provavelmente está associada à introdução das vinhas romanas na Gália.
* Vicente foi educado na cidade espanhola de Saragossa no final do séc. 3, quando ordenou-se diácono do bispo Valerius. Como o bispo tinha problemas de fala, Vicente tornou-se seu orador. Quando o imperador romano Diocleciano começou a perseguir os Cristãos, Vicente e Valerius foram levados ante o governador Dacianus e interrogados. Recusando-se a renegar os textos Cristãos, ambos foram aprisionados. Vicente, mais pobre, foi torturado até a morte, em 304 d.C., enquanto Valerius acabou sendo solto. Seu carcereiro, assistindo aos sofrimentos, converteu-se prontamente (ver a estória de Adriano da Nicomedia). O corpo foi jogado no mar, quando os corvos rodearam-no até que Cristãos o resgatassem. Sua sepultura então foi rodeada de corvos. Em 542 d.C., uma basílica foi erguida em Saragossa sobre sua tumba, a igreja da Santa Cruz de São Vicente, de onde espalhou-se o cultivo de uvas na região. Durante a dominação islâmica da região, o geógrafo marroquino Al-Idrisi, no séc. 12, chamou o lugar de Kanīsah al-Ghurāb (Igreja dos Corvos).
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