quinta-feira, 28 de março de 2019

Apocalipse de Isaías

Cena do filme “Senhor dos Anéis”, em que o mago Gandalf luta com cetro e espada contra o demônio Balrog

O profeta Isaías viveu na antiga Judá, quando os Egípcios, Assírios, Babilônios e Persas disputavam territórios. Alguns estudiosos crêem num único homem escrevendo entre os anos 740 e 686 a.C. (são 54 anos apenas de atividade reconhecida, o que o transforma no profeta mais longevo que já existiu). Outros crêem num grupo de aprendizes escrevendo em nome do seu mestre original, ao longo de muitos anos, até o séc. 2 a.C. A enorme quantidade de previsões no livro, várias não realizadas, contribuem para pensar no trabalho de uma "escola de profetas", como o antigo Eliseu tivera.

Basicamente, o enorme livro de Isaías prediz acontecimentos sobre Israel e as nações vizinhas, sendo dividido em Proto-Isaías (capítulos 1-39, descrevendo relação entre o rei Ezequias e Iaveh, com a invasão de Judá pelos Assírios), Deutero-Isaías (capítulos 40-55, sobre o final do período de Exílio, que começou 90 anos mais tarde. O livro de Isaías parece pular o período de 681 a 537 a.C., fortalecendo a idéia de vários autores) e Trito-Isaías (capítulos 56-66, onde o “profeta” fala sobre a reconstrução de Jerusalém, após o Exílio). O tempo coberto pelo livro de Isaías é de mais de 2 séculos, então estima-se que Isaías tenha produzido apenas a 1ª parte desse conjunto.

Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, e o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para Babilônia. Não ficará coisa alguma, disse o SENHOR. E até de teus filhos, que procederem de ti, e tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei de Babilônia. (Isaías 39.6,7)

Os Judeus foram levados para Babilônia entre 597 e 581 a.C, mas nem todos: o rei dos Babilônios, Nabucodonosor II, ocupou-se sobretudo da elite judaica, os nobres e mais ricos da população, que deveriam liderar seu povo no cativeiro. Em 538 a.C., por um decreto do rei Ciro o Persa, conquistador de Babilônia, os Judeus tiveram permissão de regressar a Judá. A presença de comunidades judaicas no Iraque, como narrado no livro de Ester, e os banu Hashem (família árabe de linhagem judaica) dentre os fundadores do Islã, mostra que nem todos voltaram.

Assim diz o SENHOR, vosso Redentor, o Santo de Israel: Por amor de vós enviei a Babilônia, e a todos fiz descer como fugitivos, os caldeus, nos navios com que se vangloriavam. (Isaías 43.14)

Em sua fase pré-exílio, o livro de Isaías descreve parte da história de seu povo. Ele narra, por exemplo, a invasão de Samaria, ao norte, pelos Assírios, e traz a estória de que uma grande parcela da população foi levada para os campos em alguma região longínqua governada pela Assíria e substituída por novos habitantes não Judeus, que trouxeram práticas pagãs da Mesopotâmia. Daí se originaria a desavença entre os Judeus e os Samaritanos, porque esses últimos não eram reconhecidos como herdeiros divinos de Canaã.

O re-povoamento foi sucedido por 22 anos de acordos de paz entre Judá e a Assíria, no qual os judeus travaram conhecimento dos hábitos e crenças dos Cuteanos, provavelmente aparentados com seus vizinhos politeístas de Moab e Amon. No de Proto-Isaías, com a sucessão do rei Akaz por seu filho Ezekias, em 716 a.C., o novo rei não tardaria a fazer aliança com o Egito e rebelar-se contra os Assírios. A princípio Isaías despeja imprecações contra o rei audacioso, mas por fim anuncia que Deus o havia escolhido para resistir ao inimigo e todos os exércitos celestes o ajudariam.

A substituição dos Judeus de Samaria pelos Cuteanos provavelmente deu aos plantadores e pastores Judeus a impressão de que a nação inimiga havia vindo em benefício de seus vizinhos. Dessa forma, Isaías nos deixa uma nota preciosa do governo de Akaz, em que ele vira um inimigo pobre e frágil  (que ele chama de Moabitas) ocupar todas as terras de Samaria. Chamamos esse trecho de Pequeno Apocalipse de Isaías. No texto, o profeta conta a prevê de Deus para Jerusalém, sua casa, para Ele em pessoa matar os Moabitas terríveis das terras do norte. Eis uma narração resumida do texto:

Iaveh devastara a Terra sem fazer distinção entre as pessoas, pois os homens pecaram;
A bebida forte é amarga, todos estão tristes ao comemorarem o "fim da colheita";
Os homens foram traídos, anjos e os reis serão presos e julgados por Iaveh;
Iaveh sentará em seu trono de Sião, a cidadela dos estrangeiros será destruída;
Sião foi refúgio para o fraco, o indigente, contra a chuva e o calor;
Iaveh prepara um banquete de carnes gordas e vinhos para todos os povos; não haverá mais lágrimas nem morte;
Os justos de Judá serão salvos, os ímpios de Moab serão destruídos;
Os mortos não reviverão; os homens sofreram para produzir algo e era vento;
A terra dará luz a sombras; ela não esconderá os assassinados;
Iaveh matará 3 Leviatãs com uma espada; a vinha que Iaveh rega pede paz;
Os Judeus da Síria e Egito voltarão para Jerusalém.

ISAÍAS E OS SAMARITANOS

Assim andaram os filhos de Israel em todos os pecados que Jeroboão tinha feito. Nunca se apartaram deles, até que o Senhor tirou a Israel de diante da sua presença, como falara pelo ministério de todos os seus servos, os profetas. Assim foi Israel expulso da sua terra à Assíria até ao dia de hoje.

E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e os fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel. Eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades.
...
Veio, pois, um dos sacerdotes que transportaram de Samaria, e habitou em Betel, e lhes ensinou como deviam temer ao Senhor. Porém cada nação fez os seus deuses, e os puseram nas casas dos altos que os Samaritanos fizeram, cada nação nas cidades, em que habitava.
...
Assim estas nações temiam ao Senhor e serviam as suas imagens de escultura. Também seus filhos, e os filhos de seus filhos, como fizeram seus pais, assim fazem eles até ao dia de hoje (2ª Reis 17.22-41)

Um dos pontos interessantes sobre o livro Proto-Isaías é sua referência aos Moabitas no norte. Sabemos (historicamente) ser esse o reino de Israel, com sua capital em Samaria. O povo que lá habitava eram os Samaritanos, famosos pelas referências de Jesus a eles.

Nos sécs. 4 e 5 d.C., houve mais de 1 milhão de Samaritanos nas cercanias do monte Gerizim, onde ficava a antiga cidade sagrada de Siquém. A perseguição a eles na Idade Média reduziu seu número para uns 2000 indivíduos na época das Cruzadas (sécs. 10-11). O domínio Islâmico da região os fez cair para menos de 150 indivíduos na virada do séc. 20. Hoje, eles são cerca de 640 pessoas com fortes laços de parentesco. A afirmação bíblica de que os Samaritanos não são judeus, hoje, também parece muito incorreta frente a testes genéticos que mostraram seu parentesco com populações antigas de judeus, de fora da Palestina. Apesar do que dizem os judeus mais ortodoxos, esse pequeno grupo se intitula descendente das antigas tribos de Manassés e Efraim. Nos parágrafos seguintes, tentarei esclarecer de onde vieram os Samaritanos atuais, segundo a genética¹. 

Há como reconhecer DNA materno (passado de uma mãe para todos os seus filhos, através das mitocôndrias nos óvulos) e DNA paterno (passado por um pai a todos os seus filhos homens, através do cromossomo Y). Como os judeus têm regras estritas sobre mistura com outras religiões, os primeiros mapeamentos já mostraram que os Samaritanos são geneticamente bem isolados de outros grupos. Maternalmente eles são ligados com os judeus do Iraque (48% de genes mitocondriais em comum). Os do Iraque são maternalmente ligados com judeus do Marrocos (42%) e Iêmen (41%). A ligação materna dos Samaritanos com os judeus Palestinos de hoje é fraca (27%).

Paternalmente, os Samaritanos são relacionados aos judeus do Marrocos (67%), do Iraque (54%), Ashkenazi (52%) e do Iêmen (50%). Os do Marrocos são ligados aos Iraque (78%) e Palestina (68%); os Ashkenazi são ligados aos do Iêmen (58%) e Iraque (51%).

Assim, juntando dados maternos e paternos, parece haver um grupo genético formado por judeus Samaritanos + Iraque, com Marrocos + Iêmen em 2º plano como ancestrais de ambos, e Palestina + Ashkenazi como parentes mais distantes. Isso reformula muito do que se pensava sobre as andanças dos judeus pelo mundo.

Com base na genética, os judeus do Iraque são descendentes diretos dos Samaritanos levados pelos Assírios e Babilônios, no século. 7 a.C. Sargão II, grande rei da Assíria, registrou o transporte de 27.300 Samaritanos para as terras do rio Eufrates. A Palestina então foi despovoada de Judeus após a expansão Islâmica no séc. 7 d.C., com movimentos intensos de retorno somente após as operações militares estadunidenses nos anos 1940-50. Aqueles judeus que hoje estão na Palestina vieram principalmente do Marrocos, nos movimentos migratórios de 1961-64. Os judeus do Marrocos, por sua vez, são descendentes da Palestina do séc. 3 a.C. (foram fixados no norte da África pelos gregos, como proteção contra Roma), depois misturados com judeus Ahkenazi que cruzaram o Estreito de Gibraltar após a derrota dos islâmicos, por volta de 1400-1500.

Entre 1949-50, a maioria dos judeus no Iêmen foi para Israel, devido a perseguição em seu país. A ligação entre os Palestinos e os Iêmen ocorre de forma materna (44%), mas não paterna (12%), sugerindo um intercâmbio de mulheres entre as famílias que passaram a conviver num mesmo país, mas não de homens, considerados os mantenedores das famílias.

A origem dos judeus no Iêmen é complexa. A tradição mais antiga fala sobre súditos do rei Salomão que acompanharam a rainha de Sabá voltando para um reino então ocupando o extremo oeste da Etiópia e o sul do Iêmen entre os sécs. 12 e 3 a.C. Sabá era uma posição privilegiada na rota das caravanas que levavam incenso da Índia para a Grécia. Existe uma outra tradição de que, no retorno da Babilônia, alguns grupos se recusarem a voltar (como os judeus Iraque) e foram banidos pelo governador Esdras, indo se fixar em cidades pobres do Iêmen, no séc. 4 a.C. Essa segunda hipótese responde pelo surgimento, no séc. 2 a.C., do império Himyar, no atual Iêmen, onde havia uma extensa população de judeus.

Os judeus que retornaram de Babilônia no séc. 6 a.C. levaram para a Palestina o padrão genético "Iraque", que foi base para o povoamento judaico no Marrocos e Iêmen. No Marrocos, a correspondência com os Iraque é de 42% DNA materno + 78% DNA paterno, resultado de duas levas de imigração, na época dos gregos e após a destruição de Jerusalém (70 d.C.). No Iêmen, essa compatibilidade com o genoma dos judeus Iraque é de 41% DNA materno + 48% DNA paterno.

Apesar do parentesco genético com os Samaritanos que vemos hoje escancarado, o texto de 2ª Reis mostra que os judeus retornando de Babilônia com Esdras/Neemias não reconheceram os que ficaram lá em Samaria. Também a alegoria do "bom Samaritano", que Jesus narra, e seu encontro com mulher no poço de Jacó, formam um quadro convincente de disputas entre Judeus e Samaritanos, como se fossem dois povos. O Talmude judaico cita os Cuteanos (da cidade de Cuta, na margem do Eufrates) vivendo em Israel, ao passo que os Samaritanos se identificam como um grupo que jamais deixou sua terra sagrada, de forma que deve ter havido uma mistura de ambos os grupos naquelas terras. De fato, o livro de 2ª Crônicas aponta os Samaritanos desenvolvendo atividades conjuntas com os habitantes de Judá nos tempos do rei Josias (640-609 a.C.), após os Assírios e pouco antes da chegada dos Babilônios.

Uma vez que os traços da Mesopotâmia são bem fracos nos judeus atuais, de todos os grupos, o repovoamento Assírio provavelmente fracassou (e a culpa ficou sobre os leões, que se dizia devorarem os novos habitantes de Samaria, provavelmente Cuteanos re-alocados). O grupo de Cuteanos (maioria no séc. 6 a.C.) talvez tenha formado a idéia sobre os “Samaritanos” que os judeus retornando do Exílio mantiveram até os tempos de Jesus, mas eles não se misturaram significativamente aos Samaritanos, até onde sabemos.

A assimilação de DNA materno da Mesopotâmia pelo judeus Iraque e pelos Samaritanos (pois mulheres convertidas são aceitas nas famílias judaicas) talvez até contribua para sua alta semelhança materna (48%). De qualquer forma, esses testes genéticos revelam que os Samaritanos de hoje ficaram em Samaria (há pelo menos uma linhagem paterna entre eles), ao contrário do que a Bíblia narra.

ISAÍAS E OS LEVIATÃS

Naquele dia, o Senhor com sua espada severa, longa e forte, castigará o Leviatã, serpente veloz, o Leviatã, serpente tortuosa; matará no mar a serpente aquática. (Isaías 27.1)

A parte final do Apocalipse de Isaías apresenta duas cidades, Jerusalém e Babilônia, assim como uma cidade de glória e outra de caos (arrasada). Trata-se de um texto possivelmente feito para se adaptar em qualquer contexto onde o dualismo seja cabível, como um refrão dos seguidores do profeta. O autor então encerra esse trecho com Iaveh vindo destruir o mal original do mundo, simbolizado pelas grandes serpentes Leviatã. Reparemos que a "serpente do mar" não é uma referência a Israel, situada nas margens do Jordão, mas sim as cidades no Mediterrâneo ou no Golfo Pérsico.

No Velho Testamento (VT), o Leviatã geralmente é um símbolo do Egito, entendido pelos judeus como o grande inimigo do poder de Deus. A serpente era o sinal da deusa Ísis. Tanto o Faraó do Êxodo - provavelmente Amenophis IV (1353-1336 a.C.; ver Ezequiel 29.3; Ezequiel 32.2) como o rei babilônio Nabucodonosor II (Jeremias 51.34) são chamados de “monstros marinhos”, por “devorarem” as nações e serem inimigos do povo de Deus. O primeiro Leviatã de Isaías é chamado “serpente veloz”, outro é a “serpente sinuosa”, e o terceiro é o “monstro que está no mar”. O “monstro que está no mar” ocorre no VT como um símbolo do Egito (Salmos 74.13,14). Possivelmente os três Leviatãs representam Egito, Assíria e Babilônia, referidos como seus grandes rios Nilo, Tigre e Eufrates.

A imagem de δράκον (dragão) tem contexto em todas as culturas antigas (suméria, acadiana, indiana, grega, hitita, egípcia e fenícia) associado às forças demoníacas no mundo antigo. O mito mais antigo é o sumério, do século 24 a.C. No Apocalipse de Isaías, Iaveh usando uma espada contra os Leviatãs ainda lembra muito a mitologia dos Cananeus, com os deuses em forma de serpente lutando com Baal. Na Babilônia, o dragão era uma serpente vermelha protegendo seu deus Marduque. Para os hebreus, havia tanto o Leviatã quanto o monstro fêmea do mar, Raabe.

CONCLUSÃO

O Apocalipse de Isaías revela muitas semelhanças estruturais com o Apocalipse de João, livro final da Bíblia, como a ressurreição dos mortos (não era um conceito comum, para os judeus). No entanto, essa previsão de final do mundo do profeta Isaías traz uma bela imersão em sua realidade. Aparecem o contato com os Samaritanos, entendidos pelos judeus (de Judá) como uma forma de Moabitas, ao mesmo tempo em que Iaveh é apresentado na forma do deus-guerreiro Baal, combatendo (de cetro e espada, só faltou o machado lançador de relâmpagos) contra os dragões Leviatãs que simbolizavam o Caos Primordial.

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¹ Os dados sobre semelhança genética de populações de judeus foram retirados do artigo Shen, P., Lavi, T., Kivisild, T., Chou, V., Sengun, D., Gefel, D., ... & Oefner, P. J. (2004). Reconstruction of patrilineages and matrilineages of Samaritans and other Israeli populations from Y‐Chromosome and mitochondrial DNA sequence Variation. Human Mutation, 24(3), 248-260. A tabela abaixo resume as SEMELHANÇAS entre sequências de DNA de várias populações de judeus, utilizando marcadores específicos. Repare que a semelhança entre uma população e ela mesma é sempre 1 = 100%.

grupos de judeus:

ETH = Etiópia (originários dos império Himyar e Axum); ASH = Ashkenazi (judeus do leste europeu, originários de Roma); IRQ = Iraque (originários dos deslocamentos populacionais durante as invasões Assíria e Babilônia na Palestina); LBY = Líbia (originários de colônias estabelecidas pelos gregos de Alexandre o Grande ao redor do Mediterrâneo, como forma de manter postos comerciais); MOR = Marrocos (originários de colônias estabelecidas pelos gregos de Alexandre o Grande ao redor do Mediterrâneo, como forma de manter postos comerciais); YMN = Iêmen (originários de migrações após o Exílio Babilônico e na época dos gregos de Alexandre o Grande); SAM = Samaritanos (população atualmente restrita a dois bairros de Israel); DRU = Druze (árabes originários da Mesopotâmia, que imigraram para a Palestina durante o império Romano e se converteram ao Cristianismo e Judaísmo); PAL = Palestina (judeus de antigas famílias residentes em Israel).


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Enterrado nas areias salgadas do mar de Arabah

A dúvida de Moisés, loungecba.blogspot.com, fev/2017.
Abraão em questão, loungecba.blogspot.com, mar/2018.
Barros OA, Identidade dos animais mitológicos em isaías 27:1 e seus paralelos no clímax do grande conflito em Apocalipse, dissertação de defesa do bacharelado em Teologia, Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Instituto Adventista, 2013.
Lim Bo, Isaiah as Apocalypse: Isaiah 21:1–27:13,Lectio: guided bible reading, Seatle Pacific University.
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Moroccan Jews - wikipedia
Samaritans - wikipedia
Shen P, Lavi T, Kivisild T, Chou V, Sengun D, Gefel D, Shpirer I, Woolf E, Hillel J, Feldman MW, Oefner PJ, Reconstruction of patrilineages and matrilineages of Samaritans and other Israeli populations from Y-chromosome and mitochondrial DNA sequence variation, Human Mutation 24:248-260, 2004.
Yemenite Jews - wikipedia
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