terça-feira, 13 de setembro de 2016

Cristãos do norte

Ilhas britânicas no início da Idade Média. As setas marcam o caminho feito pelor evangelizadores Cristãos. <ampliar>

Não é muito raro ver lutas dentro do Cristianismo: Neopentecostais versus Tradicionais, Protestantes (puros) versus Luteranos, Protestantes (puros e impuros) versus Católicos, Católicos Romanos versus Católicos Ortodoxos e por aí vai. Algumas das famosas cruzadas (sécs. 10 a 14) foram lutas entre Cristãos e Islâmicos (por Jerusalém), outras foram lutas entre Cristãos aprovados por Roma e Cristãos reprovados por Roma (como os Cátaros, na França). Gostaria de relembrar aqui uma dessas lutas, a catequização dos Pictos, que considero especial porque envolveu muitos séculos de (1) evangelização / cristianização de um povo; (2) uma transformação do Cristianismo em força política e (3) uma romantização posterior dos conflitos, fazendo-se crer em um ramo do Cristianismo – com único nome para isso – que jamais existiu.

Os Pictos eram um povo do norte da Escócia, formado por clãs familiares (ex. Caerini, Cornavii, Lugi, Smertae, Decantae, Carnonacae, Caledonii, Selgovae e Votadini) que surgiram através da lenta travessia do Atlântico norte por marinheiros da Escandinávia, por volta de 2000 a.C. Seu nome deriva da palavra Pecht, Pettir (em nórdico) ou Pehtas (em anglo), que significa “ancestrais”. Como não usavam da escrita, os registros mais antigos dos Pictos foram feitos pelos invasores romanos, que apontaram o fato de se pintarem para as batalhas. Os clãs combatiam entre si por terras e gado, mas se uniam sob a liderança de guerreiros respeitados contra inimigos em comum. Quando os Romanos chegaram, os Pictos praticavam uma religião pagã baseada em divindades da natureza que habitavam certos locais sagrados dentro das suas terras, locais que eram visitados apenas pelos magos. Essa religião tinha as mesmas características dos cultos celtas no restante da Europa, ou seja, era liderada por bardos (músicos / adivinhos), ovates (médicos / fazedores de poções) e druidas (sacerdotes).

UM NOVO SISTEMA

Júlio César chegou às ilhas britânicas em 54-55 a.C., mas o estabelecimento de bases romanas ali só ocorreu em 43 a.C. no reinado de Claudius. O contato com os Bretões (povo do sul das ilhas) foi tradicionalmente truculento: as terras foram invadidas, exércitos exterminados e os dominados foram incorporados ao exército romano. Foram cerca de 100 anos até que as primeiras cidades romanas (como Londinium, a futura Londres) estivessem estabelecidas. Em 79 d.C., logo após as perseguições de Nero aos Cristãos, quando os eventos das cartas de Paulo já estavam escritos e os evangelhos começavam a ganhar forma literária, os romanos depararam-se com os Pictos, no norte das ilhas. A 9ª Legião os pôs em fuga (segundo os Romanos), mas de fato nenhuma vila ou cidade foi conquistada.

Os Pictos faziam ataques inesperados e logo desapareciam, sem deixar campos ou habitações que pudessem ser ocupados. Esses combates de guerrilha invalidavam as técnicas romanas de luta e controle das regiões, porque também não conseguiam soldados locais para suas tropas. Além disso, o governo totalmente descentralizado dos Pictos se mostraria um desafio intransponível para a forma romana de política, nos séculos seguintes. Em 122 d.C., o imperador Hadriano considerou as terras escocesas tão inseguras que ordenou a construção de uma muralha de 120 Km - de costa a costa - para separar os povos “civilizados” da Bretanha, ao sul, e os Pictos “selvagens”, ao norte. Vinte anos depois, uma nova muralha foi erguida, pouco mais ao norte. Era uma demarcação de terras contra algo que os Romanos não podiam controlar: quando as legiões deixaram a Bretanha para proteger Roma em 410 d.C., praticamente nada havia mudado na forma de vida ao norte das muralhas.

A CHEGADA DOS CRISTÃOS

O Cristianismo alastrou-se pelo Império desde as viagens de Paulo e os conflitos na Judéia (60-80 d.C.). Ainda no reinado de Tiberius (séc. 1), o historiador Gilda relatou a chegada de missionários Cristãos às ilhas britânicas, em sua parte sul. Algumas tradições falam até da ida de José de Arimatéia para essa parte do mundo, após a Ressurreição e, entre os 70 missionários enviados por Jesus, conta-se nos escritos romanos um certo Aristobolus, descrito como bispo da Bretanha. Em 314 d.C., o Cristianismo tornou-se a religião oficial de Roma, com voto e participação de um bispo de Londres!

Por volta de 350 d.C., o Cristianismo já se apresentava como força Romana e tentava se organizar, pois haviam muitas doutrinas diferentes, produzidas por uma variedade de escrituras, a falta delas e várias teologias. No sul das ilhas, por exemplo, Pellagio pregava que o homem nascia moralmente neutro e podia optar por seguir a Cristo ou não, alcançando assim a Salvação. Em Roma, por outro lado, Agostinho de Hippona afirmava que o pecado e aversão a Cristo eram naturais do homem e, portanto, a Salvação devia ser imposta. Pellagio foi considerado um herege, junto com diversos outros líderes Cristãos.

Em 367 d.C. os Saxões da Noruega começaram a atacar as ilhas, o que duraria muitos séculos. Enquanto as tropas romanas ao sul abandonaram gradativamente as ilhas à própria sorte, as tropas ao norte se juntaram aos Pictos e sua forma distinta de combate para resistirem à invasão, como belamente retratado no filme hollywoodiano “rei Arthur”. Mesmo assim, as terras dos Pictos eram consideradas território selvagem e, no imaginário dos povos ao sul, eram terras brancas habitadas por gigantes como os Enaquins e Refains do Velho Testamento. Chamavam aquela região de Albion ou Alba. De fato, se tomarmos essa época como a fonte das lendas medievais sobre Arthur e seus cavaleiros, encontramos um estranho cruzamento: Arthur, os cavaleiros e a organização de poder em um castelo ou citadela são elementos romanos, até mesmo com juramentos Cristãos de fidelidade; por outro lado a espada mágica, Merlin, as fada Viviane do lago e Morgana, e mesmo Gwenevere (flor branca) são elementos da religião druida ao norte das muralhas.

Os missionários Cristãos então começam a fazer uma curiosa rota rumo ao norte: do continente para a Bretanha (terras do sul, romanizadas), pelo mar até Hibérnia (Irlanda) e dali pelo mar até Albion (Escócia). Esses missionários eram nobres e viajavam com grandes escoltas de militares e cléricos, fundando monastérios onde se estabeleciam. Os chefes locais eram seguidores dos druidas e não raro havia guerras contra eles, mas algumas vezes o convívio era pacífico. Com a evasão de Roma, os monastérios passaram a ser a organização política das cidades nas ilhas e cada governante recebia o título de “Santo”, ainda que não fosse ordenado monge ou religioso. Inevitavelmente, o número de “santos” cresceu incrivelmente nesse início da Idade Média.

Em 397 d.C., Santo Ninian fundou a igreja Cândida Casa em Hibérnia, de onde converteu os Pictos na região. Tratava-se realmente de uma mudança enorme nos conceitos de um Picto: ao invés de divindades morando nas florestas, montanhas e lagos, um só Deus habitando o intangível céu. Ao invés de seres sagrados meio-humano-meio animal-meio sobrenaturais, um Deus invisível com filho humano. Palladius (431 d.C.) partiu de Cândida Casa e provavelmente foi um dos primeiros a conseguir seguidores Cristãos em Albion. Lá, os líderes dos clãs locais também eventualmente se uniam aos pregadores; às vezes também incendiavam os monastérios e matavam todos ou levavam os Cristãos como escravos.

DIVERGÊNCIAS NO CRISTIANISMO

Em 480 d.C., Roma é atacada e saqueada pelos Vândalos da Ibéria (Espanha). Esse ano marca a retirada completa das legiões de outras partes da Europa e sua movimentação em defesa do Império, que estava ruindo. Bem longe dali, assim que uma geração de “Santos” nativos das ilhas britânicas apareceu, veio com ela também um Cristianismo remodelado segundo a cultura Picta. Esse foi chamado “Cristianismo Celta” em tempos mais recentes. Eis algumas diferenças:
  • As lideranças dos monastérios eram locais e não hierárquicas. Isto é, o abade local tinha fortes poderes políticos e controlava terras agrícolas. Eram casados e um dos filhos tornava-se o próximo “protetor”. No continente, os cléricos não se casavam. O abade era submisso ao bispo local, que respondia ao arcebispo do reino e este obedecia diretamente ao papa. O poder político era exercido em nome do papa e as terras da igreja eram, em última instância, as terras do papa.
  • Os “Santos” eram protegidos ou relacionados com líderes dos clãs, oferecendo sua ajuda intercessória, na forma de autoridade ou até mesmo desafiando os clãs rivais quando havia disputas. No continente, o clero dispunha de exércitos próprios.
  • Filhos ilegítimos dividiam a herança igualmente com seus irmãos. Isso se adaptava bem ao fato de diversos líderes de clãs terem várias esposas. No continente, apenas o primogênito tinha direitos. Os irmãos eram, quando muito, seus “protegidos”.
  • As pessoas não iam à missa, mas haviam peregrinações dos membros do monastério até onde viviam. No continente se levantavam grandes igrejas nos territórios de Roma.
  • As pessoas entravam e saíam facilmente das comunidades religiosas. Muitos jovens ingressavam para estudar, saíam e se casavam, para voltarem quando velhos. Isso fazia dos monastérios partes funcionais da sociedade. No continente, a saída de alguém podia condená-la à mais baixa casta social.
  • Havia uma ligação com práticas do Velho Testamento, inclusive o uso da lei mosaica. Isso desfavorecia muito o Cristianismo das ilhas segundo a visão de Roma, seguidora da estrutura proposta por Paulo e de certa forma avessa aos costumes Judeus.
  • Havia discordância entre as datas da Páscoa (25 de março), devido a diferenças de Calendário e observância ou não do calendário Judeu. O Concílio de Nicéia (325 d.C.) havia estabelecido o calendário de Alexandria e Roma para a Páscoa (21 de março).
  • A forma de cortar os cabelos funcionava como uma identificação de posição hierárquica. Nas ilhas, os homens usavam cabelos longos e barbas, com os escravos não tendo barba. No continente, os homens não usavam barbas e tinham o cabelo raspado no alto da cabeça.
  • A penitência era um ritual particular, normatizado. No continente, era um ritual público (como dos Judeus) e podia ser substituído pelo cedimento de terras ou riquezas à Igreja. Nas ilhas, a penitência costumava ser uma forma voluntária de exílio, dependendo do pecado cometido. Pecadores graves se tornavam evangelistas, sobretudo em Hibernia ou Albion. Diversos “Santos” assumiram seu papel evangelizador como forma de penitência.
Os abades que foram de Hibérnia para Albion ofereceram socorro em desastres climáticos (inverno rigoroso seguido de estiagem severa) e períodos de fome como em 535 d.C. assim como epidemias de lepra como a Praga de Justiniano em 547 d.C. Alguns até se tornaram personagens de lendas populares. Por exemplo, St. Patrick, famoso evangelizador de Hibérnia teria sido visitado por anjos numa noite, os quais lhe designaram o controle e a responsabilidade pelo reino de Aird Mache ou Armagh. Esse acontecimento ficou registrado em uma obra dele, considerada sagrada na época, denominada Liber Angeli. St. Columba (Colm Cille = pomba da igreja, 563 dC), um seguidor dele que se exilou em Albion após provocar a guerra entre os clãs em defesa do próprio monastério também teria banido com orações uma besta ou dragão para dentro do rio Ness, o que originou a lenda sobre o monstro nas águas. Columba, em especial, era aliado dos chefes de clãs a ponto de receber deles o governo de pequenos reinos subordinados. Assim, nas ilhas, o poder político Cristão era altamente mesclado aos poderes familiares locais e ao imaginário popular típico da Idade Média. Os abades e evangelizadores eram tidos como Paulo e Pedro eram, na Judéia e depois em Roma: figuras mágicas, poderosas e – bem diferente dos primeiros líderes Cristãos - politicamente influentes.

AS DISPUTAS ESCANCARADAS

As diferenças entre o Cristianismo Celta (das ilhas) e o Cristianismo Romano (do continente) faziam parecer que os Pictos eram insubordinados e hereges. Em 597 d.C., o papa Gregório enviou o monge Augustine para as terras sob comando dos Saxões, no oeste da Bretanha. Os Saxões eram pagãos aparentados com os Vikings, o que mereceu uma missão fortemente política: Augustine contava com representantes oficiais dos reis Theuderic II da Burgúndia, Theudebert II da Austrasia e Chlotar II de Neustria. Todos esses reis europeus estavam interessados em proteger suas terras no norte do continente contra o rei saxão Æthelbert da Inglaterra, que estava temporariamente em paz com eles por um casamento com a rainha Bertha, parente deles. Augustine levou 40 nobres (alguns deles também eram cléricos) e seus subordinados para a Inglaterra, estabelecendo ali uma igreja e um monastério. Sob permissão do rei inglês, não apenas os Saxões foram incorporados ao Cristianismo Romano, mas o próprio rei foi batizado. Enquanto isso, a maioria dos Pictos já era adepta ao Cristianismo Celta, mas eventualmente sofria ataques dos Saxões: em 616 d.C., o monastério de St. Donnan (Hibérna) no porto de Tiree foi incendiado e todos os monges decapitados. 

CRISTIANISMO E REALEZA: UMA SEPARAÇÃO CADA VEZ MAIS DIFÍCIL

Apesar do sucesso entre os Saxões pagãos, Augustine não foi bem recebido entre os Pictos cristãos. Os abades Pictos foram chamados para um Concílio com Augustine, mas segundo o costume local esperavam que ele se sentasse após eles, em sinal de humildade. Como Augustine os recebeu já sentado, interpretaram isso como um sinal de soberba de Roma e rejeitaram todas as mudanças que ele requisitava, sobretudo quanto à data da Páscoa. 

O surgimento do reino Anglo-saxão (isto é, de Saxões Cristãos) de Northumbria obrigou os Pictos a se reorganizarem ao redor de um governo central. Mas as relações de poder não eram excludentes: Bridei mac Billi ou Brude mac Bile foi um rei Picto que lutou contra o avanço de Northumbria; curiosamente, o rei rival era seu primo e Brude foi ajudado por ele para subjugar os clãs vizinhos, em especial os Scots. O rei de Northumbria organizou tudo isso em troca de tributos dos Pictos, mas Brude quebrou o pacto, repelindo os Alglo-saxões para o sul em 685 d.C. Assim, como nos tempos da muralha de Hadriano, o Cristianismo ficava dividido entre sul e norte. Mas Roma era um aliado poderoso e sempre uma tentação para reis acostumados a duelar contra o sul... 

Em 710 d.C., o rei Picto Nechtan decretou que seguiria o Cristianismo Romano. Seu reino entrou em guerra civil, ele abdicou e se retirou para um monastério. Os dois segmentos Cristãos mantiveram os conflitos até 734 d.C., quando um novo rei unificou o país para uma guerra contra os Scots de Dál Riada (Irlanda + Escócia). Seus descendentes foram mais longe e juntaram-se também aos Scots para batalhar contra os Anglo-saxões e, dessa forma, o Cristianismo se separou segundo fronteiras estabelecidas por exércitos. Essa estrutura de poder só seria quebrada pelas invasões Vikings no séc. 10, depois do que exércitos do continente invadiriam toda a Bretanha e forçariam a adoção do Cristianismo Romano. 

CONCLUSÃO

Apresentei aqui uma história longa. Ela começa com a chegada da Roma pagã de Júlio César, a cristianização de Roma, o estabelecimento do Cristianismo Celta e vai até os embates por poder político e religioso. Nela aparece uma religião que hora se preocupava com as crenças religiosas das pessoas, ora estabelecia Santos e líderes políticos para forçar a adoção de seus modos de culto. Tanto a uma coisa como outra somos forçados chamar de Cristianismo, embora os ideais de amor ao próximo e a Deus estivessem difíceis de ver, às vezes. Hoje, tanto Protestantes como Católicos praticamente ignoram a sua história. Depois da fragmentação no séc. 19, os Protestantes em especial parecem ver os tempos do Novo Testamento como se tivessem ocorrido ontem (em um mundo que certamente era bem diferente do atual), apesar de adotarem costumes e teologias forjadas lentamente nos últimos 20 séculos. 

Mais ainda, vemos que o Cristianismo não está imune a misticismos. Os Cristãos Romanos se aventuravam pelo mundo com a prerrogativa de que todo o globo havia sido deixado pelo próprio Jesus aos cuidados de Pedro, e isso politicamente falando. Os Cristãos Celtas veneravam os líderes de monastérios como protetores sobrenaturais muito após a sua morte; atribuíam-lhes poder sobre as batalhas, rios e até mesmo anjos. De um e de outro lado, as alianças políticas resultavam em poder e conversões forçadas. 

Os poderes políticos e religiosos enfim se separaram, mas o misticismo não desapareceu. Nos sécs. 12 e 13, ideais de um Cristianismo livre de corrupção propagaram Arthur e as ilhas britânicas como cenário de reis valentes e cavaleiros fiéis, que combatiam bruxos e dragões. No séc. 18, o romantismo de uma raça Celta livre da poluição intelectual forjou a imagem de um Cristianismo Celta mais espiritual, melhor do que o Romano. Depois, os movimentos New Age no séc. 20 contrapuseram a espiritualidade dos Celtas a qualquer falha de comunicação na espiritualidade moderna, pintando um Cristianismo Celta ideal e também uma Igreja Primitiva heróica, mais aceita por Deus que as igrejas atuais. Pelo menos nesse trecho da história, tentei mostrar um Cristianismo que verdadeiramente é/foi mutante, intimamente ligado às características políticas e sociais de cada tempo, que hora enaltecia valores de humildade e paz, noutras de poder e organização política.

Longe dos misticismos, fica a difícil tarefa de destilar as falas de Jesus através da realidade dos homens.

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LEITURAS PÓS-ROMANAS

Donnán of Eigg - wikipedia
Gascoigne M, Alban (Albion) white island, Anno Mundi books, 2001
Mark JJ. “Picts”, Ancient History Encyclopedia. Last modified December 18, 2014.
Rothlin G, Straker F, Read Val, Read J, Franklin G, Crookston M, MacLean M, MacLean A, Ancient Chapels and Burial Grounds in Tiree, 2006
The Annals of Ulster, University College, Cork
The Liber Angeli, Book of Armagh, University College, Cork

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