Texto colado a partir das pedras do Paulo Brabo e a Revista Arautos do Evangelho. Continue lendo e no final você ganha um pirulito.
DEFINIÇÃO BÁSICA
A palavra liturgia compreende uma celebração religiosa pré-definida, de acordo com as tradições de uma religião em particular; pode incluir ou referir-se a um ritual formal e elaborado. O vocábulo "liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de "laós", povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um carácter eminentemente público.
PRA QUE SERVE A LITURGIA
A liturgia é considerada por várias denominações cristãs, nomeadamente o Catolicismo Romano, a Igreja Ortodoxa, a Igreja Presbiteriana e alguns ramos do Anglicanismo e do Luteranismo como um ofício ou serviço indispensável e obrigatório. Isto porque estas Igrejas cristãs prestam essencialmente o seu "culto de adoração" a Deus através da liturgia.
"Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles ...
E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. ...
E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos" (Mt 6.1-8)
No princípio, a palavra não era utilizada para designar as celebrações dos cristãos, que entendiam que Cristo inaugurara um tempo inteiramente distinto do culto do templo. Mais tarde, o vocábulo foi adaptado, com um sentido cristão. O que a liturgia faz é o memorial de Cristo e da salvação, ou seja, torna presente, através da celebração. Através da celebração litúrgica, o crente é inserido nas realidades da sua salvação.
VINHO VELHO PARA ODRES NOVOS?
Segundo definições modernas, liturgia é antes de tudo "serviço do povo". Essa experiência seria uma vivência fraterna, ou seja, levaria o fiel novamente para diante do Crucificado, logo, diante de Deus. Não se trata de uma encenação ou ritualismo, uma vez que o mistério é contemplado em "espírito e verdade", e representaria o "culto racional" prescrito por Paulo em Rm 12.1.
Apesar disso, as reuniões da igreja primitiva (quando não havia uma organização religiosa chamada Cristianismo) eram marcadas pelo funcionamento de cada membro, numa participação espontânea. Era um encontro fluido, não um ritual estático. E era imprevisível, bem diferente do culto da igreja moderna.
A MISSA CATÓLICA
Segundo o historiador Will Durant, a Missa foi “baseada em parte no culto do Templo judaico, em parte nos místicos rituais de purificação dos gregos”. Durant destaca que a Missa estava profundamente mergulhada tanto no pensamento mágico pagão como no drama grego. “A mente grega, moribunda, teve uma sobrevida na teologia e liturgia da igreja; o idioma grego, após reinar por séculos sobre a filosofia, chegou a ser o veículo da literatura e do ritual cristão; o misticismo grego foi passado adiante pelo impressionante misticismo da Missa”. O místico sempre é atraente!
Jesus rompeu com o Templo quando expulsou os mercadores (bem relacionados com os Fariseus) e pôs-se a ensinar e curar fora das sinagogas. Apesar disso, os cristãos copiaram as vestimentas dos sacerdotes pagãos, o uso do incenso (se bem que Jesus, ao nascer recebeu incenso como presente de astrólogos pagãos), a água benta nos ritos de purificação (o Templo tinha seus momentos de purificação), a queima de velas, a lei romana como base da “lei canônica”, o título Pontifex Máximus (Sumo Pontífice) para o Bispo principal. As igrejas ainda conservam seu "lugar sagrado", como no Templo de Herodes, que Jesus freqüentou. Das tradições pagãs européias, em alguns lugares ainda sobrevive o tocar um sino agudo antes do ritual, para afastar os espíritos da floresta.
LUTERO, REFORMADOR (MAS NEM TANTO)
Em 1520 Lutero lançou uma violenta campanha contra a Missa Católica Romana. O ponto culminante da Missa sempre foi a Eucaristia, também conhecida como “Comunhão”, “Ceia do Senhor” ou “Santa Ceia”. Tudo é direcionado para o momento mágico em que o sacerdote parte o pão e o distribui para as pessoas. Desde Gregório o Grande (540-604) a igreja católica ensinava que Jesus Cristo é novamente sacrificado através da Eucaristia.
O erro da Missa, disse Lutero, era que esta foi uma “obra” humana baseada em compreensão do sacrifício de Cristo. Então, em 1523, Lutero enunciou sua própria revisão da Missa Católica, revisão essa que é o fundamento de toda adoração protestante. A grande mudança: em vez da Eucaristia, Lutero colocou a pregação no centro da reunião.
Por conseguinte, no culto de adoração dos protestantes o púlpito é o elemento central e não a mesa do altar (onde se coloca a Eucaristia nas igrejas católicas). Para Lutero, “uma congregação cristã nunca deve reunir-se sem a pregação da Palavra de Deus e a oração, não importa quão exíguo seja o tempo da reunião. A pregação e o ensino da Palavra de Deus é a parte mais importante do culto divino”. A noção de Lutero da pregação como ponto culminante do culto de adoração permanece. Todavia tal crença não tem nenhuma procedência bíblica. Como disse um historiador, “O púlpito é o trono do pastor protestante”. É por esta razão que os ministros protestantes ordenados são comumente chamados de “pregadores”.
No final, a liturgia de Lutero variava bem pouco da Missa Católica. Basicamente, Lutero reinterpretou muitos dos rituais da Missa, mas preservou o cerimonial, julgando-o apropriado. Ele manteve, por exemplo, o ato que marcava o ponto culminante da Missa Católica: quando o sacerdote levanta o pão e o cálice e os consagra. Da mesma maneira, Lutero fez uma drástica cirurgia na oração Eucarística, mantendo apenas as “palavras sacramentais” de 1 Coríntios 11.23 em diante - “O Senhor Jesus na noite em que foi traído, tomou o pão… e disse ‘Tomai e comei, este é o meu Corpo’…” Até hoje os pastores protestantes recitam religiosamente este texto antes de ministrar a comunhão.
A MESMA ORGANIZAÇÃO, COM OUTRO NOME
A Missa de Lutero manteve os mesmos problemas da Missa Católica: os paroquianos continuaram sendo espectadores passivos (com a exceção de poderem cantar), e toda liturgia era dirigida por um clérigo ordenado (o pastor tomando o lugar do sacerdote). Embora falasse muito sobre “sacerdócio de todos os crentes”, Lutero nunca abandonou a prática de ordenação do clero. Sob a influência de Lutero, o pastor protestante simplesmente substituiu o sacerdote católico. Zwinglio (1484-1531), o reformador suíço, ajudou a desenhar a ordem de adoração de hoje:
- substituiu a mesa do altar por algo chamado “mesa da comunhão”, onde se ministrava o pão e o vinho (seria essa a versão religiosa da mesa onde Jesus e os seguidores se reuniam para jantar)
- o pão e o vinho deveriam ser levados à congregação em seus bancos, utilizando bandejas de madeira e taças (mas Jesus e os seguidores usaram copos comuns)
- a Santa Ceia tornou-se “memorial” (fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha. 1Co 11.25-26)
Os reformadores João Calvino, da Alemanha (1509-1564), João Knox, da Escócia (1513-1572), e Martin Bucer, da Suíça (1491-1551) modificaram liturgia "reformada" de Lutero. A mais notável mudança foi a coleta de dinheiro após o sermão. Como instrumentos musicais não são mencionados explicitamente no Novo Testamento, Calvino eliminou o órgão e os coros.
Calvino também enfatizou a centralidade da pregação durante o culto. Ele acreditava que cada crente tinha acesso a Deus através da Palavra pregada e não através da Eucaristia [Deus que nos obedeça!]. Devido a seu gênio teológico, a pregação na igreja de Calvino em Gênova era intensamente teológica e acadêmica. Também era altamente individualista, característica que nunca foi eliminada no protestantismo, apesar da vida comunal levada por Jesus e seus seguidores.
A característica mais nociva da liturgia de Calvino é a de fazer o culto ser dirigido de cima do púlpito. O cristianismo nunca se recuperou disso. Hoje, o pastor atua como mestre de cerimônias e diretor executivo do culto dominical. Um costume adicional que os reformadores copiaram da Missa foi a prática do clero caminhar em direção a seu assento designado no princípio do culto enquanto a congregação ficava em pé, cantando. Essa prática teve início no século 4 quando os bispos entravam magnificamente em suas basílicas (bem diferente dos Fariseus, no Templo, aos quais Jesus muito ofendia). A prática foi copiada diretamente do cerimonial da corte imperial pagã, tornou-se Católica e foi absorvida por algumas igrejas protestantes.
RUMO À LITURGIA MODERNA
O abandono das vestes clericais, ídolos, ornamentos e o clero escrevendo seus próprios sermões (em vez de ler homilias) foi uma contribuição positiva que os puritanos (os calvinistas da Inglaterra) nos legaram. A glorificação do sermão, no entanto, alcançou seu apogeu com os puritanos norte-americanos. Os residentes da Nova Inglaterra que faltavam ao culto eram multados ou presos no tronco (pois Jesus certamente obrigava todos a ouvirem-no).
No século 18, os Metodistas proporcionaram uma dimensão emocional à ordem de adoração protestante. A congregação foi convidada a cantar com força, vigor e fervor: deles nasceriam os pentecostais, para os quais as manifestações emotivas e "de dons" (mais voltados ao show que à ajuda ao próximo, convenhamos) se tornaram o centro do culto.
No séc. 19, os evangelistas mudaram a meta da pregação. Agora importava a conversão de almas. Dentro da cabeça do evangelista, não havia outra coisa no plano de Deus a não ser a salvação. A noção popular de que “Deus ama você e tem um plano maravilhoso para sua vida” foi introduzida por George Whitefield (1714-1770), que pregava ao ar livre. A música do evangelho fronteiriço falava à alma e visava propiciar uma resposta emocional à mensagem da salvação. Todos os evangelistas famosos tinham músicos em sua equipe justamente para este propósito. A adoração passou a ser um espetáculo.
O culto metodista passou a ser o meio para obter o fim. A finalidade do culto já não era mais a simples adoração a Deus: os crentes foram instruídos a ganhar novos crentes individuais, pois a humanidade foi dividida em dois pólos: perdido ou salvo, convertido ou incrédulo, regenerado ou condenado. A diferença entre um lado e outro passava a ser o freqüentar as igrejas e suas teologias (mutuamente excludentes), coisa que também confundiu os seguidores de João Batista ao se depararem com um Jesus freqüentador de festas, casas de amigos e jantares, tão diferente de João. Hoje, não se fala mais em um Cristianismo, especialmente entre os protestantes. Por falar nisso, qual igreja [liturgia] você freqüenta?
APELANDO, COM CERTEZA
Os metodistas e os evangelistas fronteiriços deram à luz o “apelo”, a prática de convidar pessoas que desejam orações a colocar-se de pé e vir à frente. Tanto pecadores como santos carentes eram convidados a ir à frente para receber as orações (curativas) do ministro. Após 1835, o Apelo e o Testemunho chegaram a ser elementos indispensáveis do culto - ser chamado ou ouvir o outro para chegar a Deus. Nesse tempo, começaram também a orar nominalmente pelas pessoas e mobilizar grupos de obreiros para fazer visitas nas casas, a fim de que o sagrado se estendesse também para fora do Templo, sem retirar-lhe contudo a centralidade.
A VITÓRIA DO PRAGMATISMO
A contribuição predominante mais recente ao cristianismo moderno foi o pragmatismo – a crença de que se algo funciona ou dá resultados, deve ser apoiado ou aceito. Tenhamos no entanto em mente algo terrível: Jesus foi morto de forma violenta, assim como João Batista e a maioria dos seus escolhidos. Mesmo durante os anos de evangelismo de Paulo, sua principal dificuldade era o fato de as pessoas alterarem a "mensagem", evidentemente ajuntando mais seguidores com isso.
A meta dos Evangelistas Fronteiriços era levar pecadores individualmente a uma decisão individual por uma fé individualista. Como resultado, a meta da Igreja Primitiva - a edificação mútua e o funcionamento de cada membro manifestando Jesus Cristo coletivamente diante dos principados e potestades - perdeu-se completamente. O Evangelismo Fronteiriço americano converteu a igreja em um ponto de pregação, reduzindo a experiência da ekklesia a uma missão evangelística. Isto normatizou os métodos revivalísticos de Finney e criou personalidades do púlpito como a atração dominante.
Absalom B. Earle (1812-1895) deu-nos até um “cartão de decisão”. D. L. Moody (1837-1899) inventou o solo após o sermão do pastor. O cântico de apelo era entoado por um solista, mas depois passou a ser cantado pelo coral. Hinos como “Eu venho como estou” eram cantados enquanto as pessoas iam à frente para aceitar a Cristo. Moody deu-nos o testemunho porta em porta, os anúncios e as campanhas evangelísticas. Cinqüenta anos depois, Billy Graham melhorou a técnica de Moody introduzindo a prática de pedir ao ouvinte para baixar a cabeça, fechar os olhos (“sem olhar nada em volta”), e levantar as mãos como resposta à mensagem salvadora.
Os irmãos Plymouth introduziram a idéia de que os cristãos necessitam salvar muitas almas o mais rápido possível, antes do fim do mundo (que não seria anunciada, conforme dissera Jesus).
Para os pentecostais, surgidos no começo do séc. 20, a adoração a Deus não é um assunto coletivo [o corpo da igreja], mas uma experiência individual [o membro da igreja]. Com a penetrante influência do movimento carismático, essa obsessão de adoração individualista infiltrou-se na grande maioria das tradições protestantes.
ENFIM, CHEGAMOS AO MESMO LUGAR
Durante os últimos 500 anos, a ordem de adoração [liturgia] protestante permaneceu quase que praticamente inalterada, semelhante à católica e bem pouco bíblica. No fundo, todas as tradições protestantes partilham as mesmas características em sua liturgia: suas reuniões são celebradas e dirigidas por um clérigo, o sermão é a parte central, os membros são passivos e não têm permissão para ministrar. Mas ministrar o quê?
Nas sinagogas (que Jesus frequentava), as Escrituras eram lidas e discutidas entre todos. Era importante determinar como se devia interpretar o que está escrito, como transpor isso para a vida prática. De fato, quase tudo o que Jesus disse se referia ao modo de viver das pessoas. Sim, Ele fazia orações, mas não rituais! Jesus e João Batista foram parceiros ao lutar contra aquilo aquilo que se chamava "liturgia" e era serviço do Templo. Segundo Ele e seus seguidores que curavam ou colhiam trigo no sábado (Mc 2), a Lei e os ensinamentos se destinavam a dar melhor vida aos homens.
Nas palavras de um erudito, “o catolicismo seguiu o caminho dos cultos pagãos, tomando o ritual como elemento central de suas atividades, enquanto que o protestantismo seguiu o caminho da sinagoga ao colocar o livro no centro de seus cultos”. Lamentavelmente, nem o catolicismo nem o Protestantismo tiveram êxito em colocar Jesus Cristo no centro de suas reuniões. Não é surpreendente o reformador ver a si mesmo como católico reformado.
Finalmente, para muitos cristãos o culto dominical é enfadonho. Sempre a mesma ladainha, sem nenhuma espontaneidade, altamente previsível, às vezes superficial, e completamente mecânico. Há pouco ar fresco ou inovação, vistas sem exceção (e nisto há concordância entre Católicos e as múltiplas denominações Protestantes) como heresias contra... a liturgia?!
O culto, portanto, continua cativo pelo pastor; o tripé “sermão, hino, apelo” permanece intacto; e a congregação prossegue na condição de espectadora muda (só que agora está mais entretida nesta condição). A liturgia protestante que você assiste (ou agüenta) a cada domingo, ano após ano, dificulta a transformação espiritual. Isto porque essa forma de culto: 1) estimula a passividade, 2) limita o funcionamento, e 3) implica que investir uma hora por semana é o segredo da vida cristã vitoriosa. Mas obtém sucesso em massificar as mensagens, como Jesus dificilmente fazia.
UMA QUESTÃO DE HUMILDADE
Declaradamente, há duas escolas que ensinam como nos dirigir a Deus: as Escrituras e a Liturgia. A primeira fala sobre altares a céu aberto, tendas e finalmente Jesus diz a uma samaritana que viria após Ele o tempo em que nenhum lugar especial seria necessário (Jo 4). Mesmo assim, os seguidores de Jesus fizeram-lhe templos e distinguiram um ritual e uma classe especial de sacerdotes administradores [escrevendo isso, lembro da magnífica catedral construída em homenagem a Francisco de Assis, que pregava a pobreza]. A segunda junta o aprendido dos Fariseus, dos Romanos, dos povos que Paulo tentava converter e a sabedoria daquilo que atrai multidões.
A boa celebração litúrgica [e há uma que seja melhor?] no entanto precisa ter oração, diálogo com Deus, antes de tudo escuta e depois resposta. Se partimos do fato de que há textos ou cânticos direcionados a Deus [esse é o caso dos Salmos] precisamos que "a mente concorde com a voz". As palavras de outro então devem preceder a nossa mente.
Geralmente não acontece assim. Pensamos e depois transformamos a idéia em palavras. Mas na Liturgia, contrariamente, é a palavra que precede. Deus concedeu-nos uma palavra à qual nós devemos concordar, acolher seu significado em nós. A sintonia com a Palavra nos torna filhos de Deus, semelhantes a Deus: Jesus advertiu que os maus não eram capazes de entender o que Ele dizia.
Há concordância entre os religiosos de que os fiéis precisam celebrem a Liturgia com retidão de espírito, unir a sua mente às palavras que pronunciam, cooperar com a graça de Deus, para não acontecer de a receberem em vão. Elemento fundamental e primário do diálogo com Deus é a concordância entre o que pronunciamos com os lábios e aquilo que trazemos no coração... pois Deus pode ver o Espírito do homem, as nossas preocupações, desejos, angústias. O nosso coração, o íntimo de nós mesmos, deve abrir-se docilmente à Palavra de Deus e recolher-se na oração a fim de receber a sua orientação de Deus. O olhar do coração deve dirigir-se ao Senhor, com a certeza de que Ele habitou entre nós e prometeu um Consolador para lembrar as Suas palavras (Jo 14.26).
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