segunda-feira, 27 de novembro de 2023

O Fim está próximo

Dilúvio - quadro feito a pena e nanquim pelo ilustrador francês Gustave Doré (1832 - 1883)

Seguem 4 textos sobre o Dilúvio para serem lidos, antes de tudo.

1. DILÚVIO ASSÍRIO (Epopéia de Gilgamesh, Uruk, 2000 a.C.)

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Gilgamesh então disse a Utnapishtim, o Longínquo: "Olho para ti, Utnapishtim, e vejo que és igual a mim; não há nada estranho em tuas feições. Pensei que fosse encontrar um herói preparado para a batalha, mas aqui estás, confortavelmente refestelado. Conta-me a verdade, como foi que vieste a te juntar aos deuses e ganhaste a vida eterna?" Utnapishtim disse a Gilgamesh: "Eu te revelarei um mistério; eu te contarei um segredo dos deuses."

Naqueles dias, a terra fervilhava, os homens multiplicavam-se e o mundo bramia como um touro selvagem. Este tumulto despertou o grande deus (Anu). Enlil (o guerreiro) ouviu o alvoroço e disse aos deuses reunidos em conselho: 'O alvoroço dos humanos é intolerável, e o sono já não é mais possível por causa da balbúrdia.' Os deuses então concordaram em exterminar a raça humana. Foi o que Enlil fez, mas Ea, por causa de sua promessa, me avisou num sonho.

Ele denunciou a intenção dos deuses sussurrando para minha casa de colmo: 'Casa de colmo, casa de colmo! Parede, oh, parede da casa de colmo, escuta e reflete. Oh, homem de Shurrupak, filho de Ubara-Tutu, põe abaixo tua casa e constrói um barco. Abandona tuas posses e busca tua vida preservar; despreza os bens materiais e busca tua alma salvar. Põe abaixo tua casa, eu te digo, e constrói um barco. Eis as medidas da embarcação que deverás construir: que a boca extrema da nave tenha o mesmo tamanho que seu comprimento, que seu convés seja coberto, tal como a abóbada celeste cobre o abismo; leva então para o barco a semente de todas as criaturas vivas.' 

Quando compreendi, eu disse ao meu Senhor: 'Sereis testemunha de que honrarei e executarei aquilo que me ordenais, mas como explicarei às pessoas, à cidade, aos patriarcas?' Ea então abriu a boca e falou a mim, seu servo: 'Dize-lhes isto: Eu soube que Enlil está furioso comigo e já não ouso mais caminhar por seu território ou viver em sua cidade; partirei em direção ao golfo para morar com o meu Senhor Ea. Mas sobre vós ele fará chover a abundância, a colheita farta, os peixes raros e as ariscas aves selvagens. A noite, o cavaleiro da tempestade vos trará uma torrente de trigo.'

Ao primeiro brilho da alvorada, toda a minha família se reuniu ao meu redor; as crianças trouxeram o piche e os homens todo o resto necessário. No 5º dia eu aprontei a quilha, montei a ossatura da embarcação e então instalei o tabuado. O barco tinha um acre de área e cada lado do convés media 120 côvados, formando um quadrado. Construí abaixo mais 6 conveses, num total de 7, e dividi cada um em 9 compartimentos, colocando tabiques entre eles. Finquei cunhas onde elas eram necessárias, providenciei as zingas e armazenei suprimentos. Os carregadores trouxeram o óleo em cestas. Eu joguei piche, asfalto e óleo na fornalha. Mais óleo foi consumido na calafetagem, e mais ainda foi guardado no depósito pelo capitão da nave. Eu abati novilhos para a minha família e matava diariamente uma ovelha. Dei vinho aos carpinteiros do barco como se fosse água do rio, vinho verde, vinho tinto, vinho branco e óleo. Fez-se então um banquete como os que são preparados à época dos festejos do ano-novo; eu mesmo ungi minha cabeça. No 7º dia, o barco ficou pronto.

Foi com muita dificuldade então que a embarcação foi lançada à água; o lastro do barco foi deslocado para cima e para baixo até a submersão de 2/3 de seu corpo. Eu carreguei o interior da nave com tudo o que eu tinha de ouro e de coisas vivas: minha família, meus parentes, os animais do campo - os domesticados e os selvagens - e todos os artesãos. Eu os coloquei a bordo, pois o prazo dado por Shamash (o Sol) já havia se esgotado; e ele disse: 'Esta noite, quando o cavaleiro da tempestade enviar a chuva destruidora, entra no barco e te fecha lá dentro.'

Era chegada a hora. Caiu a noite e o cavaleiro da tempestade mandou a chuva. Tudo estava pronto, a vedação e a calafetagem; eu então passei o timão para Puzur-Amurri, o timoneiro, deixando todo o barco e a navegação sob seus cuidados. Ao primeiro brilho da alvorada chegou do horizonte uma nuvem negra, que era conduzida por Adad, o Senhor da tempestade. Os trovões retumbavam de seu interior, e, na frente, por sobre as colinas e planícies, avançavam Shul-lat e Hanish, os arautos da tempestade. Surgiram então os deuses do abismo; Nergal destruiu as barragens que represavam as águas do inferno; Ninurta, o deus da guerra, pôs abaixo os diques; e os 7 juizes do outro mundo, os Anunnaki, elevaram suas tochas, iluminando a terra com suas chamas lívidas. Um estupor de desespero subiu ao céu quando o deus da tempestade transformou o dia em noite, quando ele destruiu a terra como se despedaça um cálice. Por um dia inteiro o temporal grassou devastadoramente, acumulando fúria à medida que avançava e desabando torrencialmente sobre as pessoas como os fluxos e refluxos de uma batalha; um homem não conseguia ver seu irmão, nem podiam os povos serem vistos do céu. Até mesmo os deuses ficaram horrorizados com o dilúvio; eles fugiram para a parte mais alta do céu, o firmamento de Anu, onde se agacharam contra os muros e ficaram encolhidos como covardes.

Foi então que Ishtar, a Rainha do Céu, de voz doce e suave, gritou como se estivesse em trabalho de parto: 'Ai de mim! Os dias de outrora estão virando pó, pois ordenei que se fizesse o mal; por que fui exigir esta maldade no conselho dos deuses? Eu impus as guerras para a destruição dos povos, mas acaso estes povos não pertencem a mim, pois fui eu quem os criou? Agora eles flutuam no oceano como ovas de peixe.' Os grandes deuses do céu e do inferno verteram lágrimas e se calaram.

Por 6 dias e 6 noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria como dois exércitos em guerra. Na alvorada do 7º dia o temporal vindo do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou. Eu olhei a face do mundo e o silêncio imperava; toda a humanidade havia virado argila. A superfície do mar se estendia plana como um telhado. Eu abri uma janelinha e a luz bateu em meu rosto. Eu então me curvei, sentei e chorei. As lágrimas rolavam pois estávamos cercados por uma imensidade de água. Procurei em vão por um pedaço de terra. A quatorze léguas de distância, porém, surgiu uma montanha, e ali o barco encalhou.

Na montanha de Nisir o barco ficou preso; ficou preso e não mais se moveu. No 1º dia ele ficou preso; no 2º dia ficou preso em Nisir e não mais se moveu. Um 3º e um 4º dia ele ficou preso na montanha e não se moveu. Um 5º e um 6º dia ele ficou preso na montanha. Na alvorada do 7º dia eu soltei uma pomba e deixei que se fosse. Ela voou para longe, mas, não encontrando um lugar para pousar, retornou. Então soltei uma andorinha, que voou para longe; mas, não encontrando um lugar para pousar, retornou. Então soltei um corvo. A ave viu que as águas haviam abaixado; ela comeu, voou de um lado para o outro, grasnou e não mais voltou para o barco. Eu então abri todas as portas e janelas, expondo a nave aos quatro ventos.

Preparei um sacrifício e derramei vinho sobre o topo da montanha em oferenda aos deuses. Coloquei quatorze caldeirões sobre seus suportes e juntei madeira, bambu, cedro e murta. Quando os deuses sentiram o doce cheiro que dali emanava, eles se juntaram como moscas sobre o sacrifício. Finalmente, então, Ishtar também apareceu; ela suspendeu seu colar com as jóias do céu, feito por Anu para lhe agradar. 'Oh, vós, deuses aqui presentes, pelo lápis-lazúli que circunda meu pescoço, eu me lembrarei destes dias como me lembro das jóias em minha garganta; não me esquecerei destes últimos dias. Que todos os deuses se reúnam em torno do sacrifício; todos, menos Enlil. Ele não se aproximará desta oferenda, pois sem refletir trouxe o dilúvio; ele entregou meu povo à destruição.'

Quando Enlil chegou e viu o barco, ele ficou furioso. Enlil se encheu de cólera contra o exército de deuses do céu. 'Alguns destes mortais escaparam? Ninguém deveria ter sobrevivido à destruição.' Então Ninurta, o deus das nascentes e dos canais, abriu a boca e disse ao guerreiro Enlil: 'E que deus pode tramar sem o consentimento de Ea? Somente Ea conhece todas as coisas.' Então Ea abriu a boca e falou para o guerreiro Enlil: 'Herói Enlil, o mais sábio dos deuses, como pudeste tão insensatamente provocar este dilúvio?

Inflige ao pecador o seu pecado, 
Inflige ao transgressor a sua transgressão, 
Pune-o levemente quando ele escapar, 
Não exageres no castigo ou ele sucumbirá; 
Antes um leão houvesse devastado a raça humana 
Em vez do dilúvio, 
Antes um lobo houvesse devastado a raça humana 
Em vez do dilúvio, 
Antes a fome houvesse assolado o mundo 
Em vez do dilúvio. 
Antes a peste houvesse assolado o mundo 
Em vez do dilúvio.

Não fui eu quem revelou o segredo dos deuses; o sábio soube dele através de um sonho. Agora reuni-vos em conselho e decidi sobre o que fazer com ele.'

Enlil então subiu no barco, pegou a mim e a minha mulher pela mão e nos fez entrar no barco e ajoelhar, um de cada lado, com ele no meio. E tocou nossas testas para abençoar-nos, dizendo: 'No passado, Utnapishtim era um homem mortal; doravante ele e sua mulher viverão longe, na foz dos rios.' Foi assim que os deuses me pegaram e me colocaram aqui para viver longe, na foz dos rios.

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2. DILÚVIO GREGO (Mitos reunidos por Thomas Bulfinch, séc. 6 a.C.)

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A mais dura e a pior das idades foi a de Ferro. Uma torrente de crimes eclodiu; a modéstia, a verdade e a honra desapareceram. Em seu lugar vieram a fraude, a dissimulação, a violência e a ambição sem limites.

Então os marinheiros ergueram suas velas aos ventos, e as árvores foram tiradas das montanhas para servir de quilhas aos navios, que arranharam a face do oceano. A terra, que até agora tinha sido cultivada coletivamente, começou a ser dividida em propriedades. Os homens, não satisfeitos com aquilo que a superfície produzia, resolveram rasgar as entranhas da terra para tirar de lá os minérios e metais. O ferro nocivo e o ainda mais nocivo ouro foram produzidos.

Estouraram as guerras utilizando-se de ambos como armas; o hóspede já não se sentia seguro na casa de seu amigo; e os genros e sogros, irmãos e irmãs, maridos e esposas não podiam mais confiar uns nos outros. Filhos desejavam que seus pais estivessem mortos, de modo que pudessem receber a herança; o amor familiar caiu prostrado. A terra estava molhada pelo sangue dos massacres, e os deuses a abandonaram, um por um, até restar apenas Astreia (Inocência), que finalmente partiu também.

Ao ver esse estado de coisas, Júpiter ardeu em fúria. Reuniu os deuses em conselho. Atendendo ao chamado, eles tomaram a estrada para o palácio no céu. A estrada, que qualquer um pode enxergar em noite clara, se estende através da face do céu, e é chamada de Via Láctea. Às margens da estrada erguem-se palácios de deuses ilustres; a plebe celestial vive à parte, de ambos os lados da estrada.

Júpiter dirigiu-se à assembleia, relatando as condições assombrosas das coisas na terra, e terminou revelando suas intenções de exterminar todos os seus habitantes e de criar uma nova raça diferente da primeira, uma raça que seria mais digna de viver e mais devota aos deuses. Assim dizendo, tomou um raio nas mãos e já estava prestes a lançá-lo para destruir o mundo pelo fogo, mas, lembrando-se do perigo que tal conflagração poderia representar caso o próprio céu se incendiasse, mudou os seus planos e resolveu inundar o planeta.

O vento norte que espalha as nuvens foi seguro; o vento sul foi enviado, e logo cobriu a superfície do céu com um manto de negra escuridão. As nuvens, carregadas em bloco, ressoaram com grande estrondo; chuvas torrenciais caíram; as plantações foram arrasadas; o trabalho de um ano do agricultor pereceu em uma hora.

Júpiter, não satisfeito com suas próprias águas, chamou o seu irmão Netuno para ajudá-lo. Este deixou que os rios se derramassem sobre a terra. Ao mesmo tempo, a sacudiu com um terremoto, e trouxe para os litorais o refluxo dos oceanos. Rebanhos, homens e casas foram varridos, e os templos com seus objetos sagrados foram profanados. Se algum edifício permaneceu de pé, foi encoberto pelas águas e suas torres se encontram ocultas sob as ondas. Agora tudo se tornou mar, mar sem litoral.

Aqui e ali alguns indivíduos sobreviveram sobre o topo das montanhas, e alguns outros em barcos, puxando remos onde costumavam puxar o arado. Os peixes agora nadavam entre as copas das árvores; as âncora presas em um jardim. No lugar em que os graciosos carneirinhos brincavam, as focas desajeitadas fazem malabarismos. O lobo nadava entre as ovelhas, os leões amarelos e os tigres se debatiam na água. A força do javali não mais lhe servia, nem a ligeireza do cervo. Com as asas exaustas, os pássaros caiam dentro da água, sem encontrar terra em que pudessem descansar. Os seres vivos que a água poupara caíram em decorrência da fome.

De todas as montanhas, apenas o Parnaso ultrapassava a altura das ondas; e ali Deucalião e sua esposa Pirra, da raça de Prometeu, encontraram refúgio - ele, um homem justo, e ela, uma fiel adoradora dos deuses. Júpiter, quando viu que ninguém havia sobrevivido além desse casal e recordando-se da inofensiva vida deles e de sua conduta piedosa, ordenou aos ventos do norte que levassem as nuvens para longe e revelassem os céus para a terra e a terra para os céus. Igualmente Netuno deu ordens a Tritão que soasse a sua concha, provocando o recuo das águas. As águas obedeceram, e o mar voltou aos seus limites, e os rios retornaram aos seus leitos.

Então Deucalião assim dirigiu-se a Pirra: “Ó esposa, única mulher sobrevivente, unida a mim primeiro pelos laços de parentesco e do casamento, e agora pela experiência de um perigo comum, tivéssemos nós o poder de nosso ancestral, Prometeu, e renovaríamos a raça tal como ele fez a princípio! Mas, como não podemos, vamos àquele templo consultar os deuses sobre o que nos resta a fazer”.

Eles entraram no templo, deformado que estava, cheio de lodo, e se aproximaram do altar, no qual não ardia fogo algum. Ali caíram prostrados em terra e rogaram à deusa que lhes informasse o modo de reaver sua miserável vida. O oráculo respondeu: “Deixai o templo com a vossa cabeça coberta por um véu e com as vestes abertas, e lançai para trás de vós os ossos de vossa mãe”. Eles ouviram essas palavras com assombro. Pirra quebrou o silêncio: “Não podemos obedecer; não ousamos profanar os restos de nossos pais”. Eles procuraram um lugar seguro na floresta e ali refletiram sobre o que lhes dissera o oráculo.

Mais tarde, Deucalião disse: “Ou a minha sagacidade me engana, ou devemos obedecer à ordem sem receio. A terra é a grande mãe de todos; as pedras são seus ossos; são essas que devemos lançar para trás; penso que esse é o significado do que nos disse o oráculo. Pelo menos não haverá dano em tentá-lo”. Eles colocaram o véu sobre as faces, abriram as vestes, apanharam pedras e as jogaram atrás de si. As pedras (maravilhosamente) tornaram-se macias e assumiram formas, que, em diferentes graus, se assemelhavam à silhueta humana, como obras inacabadas nas mãos de um escultor. A umidade e o lodo, que estavam próximos, tornaram-se carne; as pedras tornaram-se ossos; os veios tornaram-se veias, mudando o seu uso e mantendo o nome semelhante. As pedras lançadas pelo homem deram origem a homens, e aquelas lançadas pela mulher tornaram-se mulheres. Era uma raça robusta, bem adaptada ao trabalho, tal como somos nós hoje, fato que denuncia claramente a nossa origem.

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3. DILÚVIO JUDEU (Bíblia, Gênesis 6.1 a 8.22, séc. 6 a.C.)

E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.

E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.

Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor. Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus. E gerou Noé três filhos: Sem, Cam e Jafé.

A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.

Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra. Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume. E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura. Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares, baixo, segundo e terceiro.

Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará.

Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo. E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão. Das aves conforme a sua espécie, e dos animais conforme a sua espécie, de todo o réptil da terra conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, para os conservar em vida. E leva contigo de toda a comida que se come e ajunta-a para ti; e te será para mantimento, a ti e a eles. Assim fez Noé; conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.

Depois disse o Senhor a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração. De todos os animais limpos tomarás para ti 7 e 7, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea. Também das aves dos céus 7 e 7, macho e fêmea, para conservar em vida sua espécie sobre a face de toda a terra.

Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra 40 dias e 40 noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz.

E fez Noé conforme a tudo o que o Senhor lhe ordenara. E era Noé da idade de 600 anos, quando o dilúvio das águas veio sobre a terra. Noé entrou na arca, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do dilúvio.

Dos animais limpos e dos animais que não são limpos, e das aves, e de todo o réptil sobre a terra, entraram de 2 em 2 para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé. E aconteceu que passados 7 dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.

No ano 600 da vida de Noé, no mês 2º, aos 17 dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra 40 dias e 40 noites. E no mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cam e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos. Eles, e todo o animal conforme a sua espécie, e todo o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil que se arrasta sobre a terra conforme a sua espécie, e toda a ave conforme a sua espécie, pássaros de toda qualidade. E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca. E os que entraram eram macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o fechou dentro.

E durou o dilúvio 40 dias sobre a terra, e cresceram as águas e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra. E prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca andava sobre as águas. E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos. Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos. E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem. Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu.

Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca. E prevaleceram as águas sobre a terra 150 dias.

E lembrou-se Deus de Noé, e de todos os seres viventes, e de todo o gado que estavam com ele na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, e aquietaram-se as águas. Cerraram-se também as fontes do abismo e as janelas dos céus, e a chuva dos céus deteve-se. E as águas iam-se escoando continuamente de sobre a terra, e ao fim de 150 dias minguaram. E a arca repousou no 7º mês, no dia 17 do mês, sobre os montes de Ararate.

E foram as águas indo e minguando até ao 10º mês; no 10º mês, no 1º dia do mês, apareceram os cumes dos montes. E aconteceu que ao cabo de 40 dias, abriu Noé a janela da arca que tinha feito. E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra. Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra. A pomba, porém, não achou repouso para a planta do seu pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas estavam sobre a face de toda a terra; e ele estendeu a sua mão, e tomou-a, e recolheu-a consigo na arca. E esperou ainda outros 7 dias, e tornou a enviar a pomba fora da arca. E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico; e conheceu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra. Então esperou ainda outros sete dias, e enviou fora a pomba; mas não tornou mais a ele.

E aconteceu que no ano 601, no 1º mês, no 1º dia do mês, as águas se secaram de sobre a terra. Então Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta. E no 2º mês, aos 27 dias do mês, a terra estava seca. Então falou Deus a Noé dizendo: Sai da arca, tu com tua mulher, e teus filhos e as mulheres de teus filhos. Todo o animal que está contigo, de toda a carne, de ave, e de gado, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, traze fora contigo; e povoem abundantemente a terra e frutifiquem, e se multipliquem sobre a terra. Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele. Todo o animal, todo o réptil, e toda a ave, e tudo o que se move sobre a terra, conforme as suas famílias, saiu para fora da arca.

E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar. E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, semeadura e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão.

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4. DILÚVIO ISLÂMICO (Alcorão, 11ª Surata 25-49, Hüd, séc. 7 d.C.)

Enviamos Noé ao seu povo: “Eu sou para vocês um admoestador claro. Vocês não adorarão ninguém além de Deus. Senão, temo por vocês a agonia de um dia doloroso.” Os notáveis que descreram entre seu povo disseram: “Não vemos em você nada além de um homem como nós, e vemos que apenas os piores entre nós o seguiram, aqueles de julgamento imaturo. E vemos que você não tem vantagem sobre nós. Na verdade, achamos que você é mentiroso.”

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Eles disseram: “Ó Noé, você discutiu conosco e discutiu muito. Agora traga sobre nós aquilo com que você nos ameaça, se for sincero". Ele disse: “É Deus quem fará isso sobre vocês, se Ele quiser, e vocês não poderão escapar”.

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E foi revelado a Noé: “Ninguém do seu povo acreditará, exceto aqueles que já acreditaram, então não se preocupe com o que eles fazem. Construa a Arca, sob Nossos olhos e com Nossa inspiração, e não se dirija a Mim a respeito daqueles que fizeram o mal; eles serão afogados.”

Enquanto Noé construía a arca, sempre que alguns do seu povo passavam por ele, zombavam dele. Ele disse: “Se vocês nos ridicularizarem, nós ridicularizaremos vocês, assim como vocês nos ridicularizam. Vocês certamente saberão sobre quem virá um tormento que o humilhará e sobre quem cairá um tormento duradouro.”

Até que, quando chegou Nossa ordem, e as fontes da Terra jorraram, dissemos: “Embarque um par de cada tipo, e sua família – exceto aqueles contra quem a sentença já foi proferida – e aqueles que acreditaram”. Mas aqueles que acreditaram com Noé foram poucos. Ele disse: “Embarque. Em nome de Deus será a sua navegação e o seu ancoradouro. Seu Senhor é realmente Indulgente e Misericordioso.”

Assim navegou com eles em meio a ondas como colinas. E Noé chamou seu filho, que havia se afastado: “Ó meu filho! Embarque conosco e não fique com os descrentes.” Ele disse: “Vou me refugiar em uma montanha – ela me protegerá das águas”. Noé disse: “Não há proteção contra o decreto de Deus hoje, exceto para aquele de quem Ele tem misericórdia”. E as ondas surgiram entre eles, e ele estava entre os afogados.

E foi dito: “Ó terra, engula suas águas” e “Ó céu, limpe”. E as águas baixaram, e o evento foi concluído, e caiu sobre os Judeus, e foi proclamado: “Fora com as pessoas más”. Noé chamou seu Senhor, dizendo “Ó meu Senhor, meu filho é da minha família, e Tua promessa é verdadeira, e Tu és o mais sábio dos sábios”.

Ele disse: “Ó Noé, ele não é da sua família. É uma ação injusta. Portanto, não Me pergunte sobre algo sobre o qual você nada sabe. Eu o advirto, para que você não seja um dos ignorantes.” Noé disse: “Ó meu Senhor, busco refúgio em Ti, para te perguntar sobre coisas que não tenho conhecimento. A menos que você me perdoe e tenha misericórdia de mim, serei um dos perdedores.”

Foi dito: “Ó Noé, desembarca com a Nossa paz, com bênçãos sobre você e sobre as comunidades daqueles que estão com você. E a outras comunidades concederemos prosperidade, e então um doloroso tormento nosso cairá sobre elas.”* Estas são algumas histórias do passado que lhe revelamos. Nem você nem seu povo os conheciam antes disso. Então seja paciente. O futuro pertence aos piedosos.

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O mistério da própria criação sempre foi tema da mitologia dos povos. Aqui, apresento 4 textos antigos sobre a Gênese do mundo que podemos comparar: um da antiga Assíria (2000 a.C.), um da mitologia Judaica (600 a.C.), outra da Grega (600 a.C.), e um texto Islâmico (700 d.C.). Essas datas, obviamente aproximadas, são referências da última versão oral ou fragmentos que deu origem ao texto escrito que nos chegou. Possivelmente são mais antigas, e talvez descendentes uma da outra. Mas é exatamente sobre isso que desejo falar.

O evento narrado é o mesmo: o Dilúvio, uma inundação universal que destruiu todos os homens e animais, com exceção de um seleto grupo favorito do(s) deus(es), e do qual todos na atualidade do texto seriam então descendentes. Trata-se de algo mitológico - uma estória que fornece explicações - até onde sabemos. A Terra guarda registros de inundações, secas, extinções em massa, habitações humanas. Assim como a Jericó fortificada não existia mais nos tempos em que os Hebreus chegaram na Palestina, também não há evidências de uma grande inundação quando os homens já eram capazes de fazer embarcações. Apesar disso, entre tantos mitos de cada povo e época, o relato do Dilúvio aparece preservado entre culturas muito diferentes, enquanto centenas de outros mitos não foram compartilhados. Mas o que esse relato explica? Porque justamente ele se manteve?

Alguns apontamentos merecem ser feitos. Primeiro, todos os textos falam sobre a divindade extinguir os humanos que Lhe irritavam, por motivos vários. No texto Assírio, o era o barulho que não deixava os deuses dormirem; no Judeu, a terra estava corrompida pela maldade e violência; o mesmo motivo aparece no texto Grego; no texto Islâmico, era a descrença no Deus único. Uma vez que a motivação de divindades só pode ser inferida, e geralmente isso é feito de modo a produzir alguma advertência no presente, vemos que cada povo tinha seus ideais. Os Assírios queriam silêncio, os Judeus e Gregos queriam paz, os Muçulmanos queriam monoteísmo. A ameaça de uma catástrofe costuma ser útil para obter comportamentos. E o conto sobre uma catástrofe punitiva costuma desestimular que as pessoas busquem no seu passado a justificativa para seus atos.

Cada um dos textos também revela detalhes ao leitor sobre a mecânica do mundo, e assim conquista seu interesse. No Assírio, sabemos que os deuses dormem, brigam entre si, podem sentir raiva, medo e tristeza, que alguns controlam grandes reservatórios de água. No texto Judeu, sabemos da ira e do arrependimento de YHWH, assim como seu controle sobre as chuvas e os ventos. Na versão Grega, sabemos da ira e as preocupações de Júpiter, assim como seu parentesco com Netuno e o controle dos raios e águas. No texto Muçulmano, vemos um testemunho do poder de Allah, preocupado com o destino de cada fiel. Esse ensino teológico está contido nas obras maiores onde o conto sobre o Dilúvio foi incrustado para preservar, pela expansão de situações, o pensamento sobre onde perceber a divindade. Nomeando cada personagem e seus poderes, os textos dão ao leitor uma ferramenta para dialogar com quem controla o mundo. Nós não desejaríamos algo assim?

A divindade escolheu o afogamento coletivo como meio para purificar Seu povo. Esse é um ponto comum dos textos - a destruição do mundo pela água. Certamente algo familiar a qualquer povoamento que já tenha passado pela inundação incontrolável das chuvas, dos rios ou do mar. Mas porque não outro meio, como a simples morte de todos, ataque de um povo conquistador, pragas, terremotos ou incêndio? O Antigo Testamento apresenta destruições de nações por todas essas formas. Mas, aqui, era essencial salvar uma testemunha ocular. A água parece mais adequada, então. Essa intenção se torna clara quando vemos que, a despeito do plano de destruir tudo, alguém foi detalhadamente instruído sobre a data do desastre e o modo de escapar (com exceção da versão Grega). No texto Assírio, um dos deuses instrui Utnapishtim (futuro imortal) sobre como fazer um grande barco; esse mesmo meio aparece no texto Judeu, com Noé. Igualmente, a divindade dita medidas e instruções precisas. No texto Muçulmano, o personagem também é Noé, um profeta a quem Allah fala, mas não há esse detalhamento. No texto Grego não há barco, mas simplesmente uma grande montanha, o Parnaso, onde morava Deucalião. Outro detalhe: apenas nos textos Assírio e Judeu (povos mais agro-pastoris) há o comando para salvar animais, indicando uma catástrofe universal.

Foram salvos aqueles mais bem-quistos da divindade. Utnapishtin tinha uma promessa do deus Ea, que o comanda a enganar a população. Não sabemos de onde veio essa promessa. Noé andava com Deus, era justo e perfeito no que fazia (texto Judeu), um "admoestador claro" (texto Muçulmano). Deucalião era da raça de Prometeu, justo e fiel aos deuses do Olimpo (texto Grego). Esses personagens exemplares são o cerne do texto, aqueles em quem o leitor deve se espelhar para não sofrer o castigo divino. E dos quais ele descende - pois todos os outros morreram. Na verdade, o texto Grego aponta que, aqui e ali, alguns outros se salvaram. Assombrosamente, os próprios Gregos seriam filhos das pedras - não deste nobre Deucalião. No texto Muçulmano, mesmo um filho de Noé é tragado pelas ondas, no momento em que creditou a si mesmo a capacidade para escapar.

Após o Dilúvio, é refeito o pacto entre homens e a divindade. Utnapishtin oferece um sacrifício atraente, os deuses Assírios discutem entre si e Enlil se desculpa abençoando os sobreviventes. Noé também oferece um sacrifício e JHWH diz que não tornará a destruir o mundo. Na versão Muçulmana, Allah abençoa Noé e sugere que nem todos morreram (11.48, marcado com *). No texto Grego, o oráculo de um templo enlameado fala a Deucalião, sinal de seu bem-querer no Olimpo. Esse pacto refeito é o sinal de que há esperança para os viventes que ouvem o texto. Eles são filhos de um homem de fé preservado e de um acordo refeito após o fim de todos os desobedientes. Poderia haver situação que melhor combinasse estímulo e ameaça?

É nesse sentido que o mito trabalha - moldando seu leitor. Esse mito, que ultrapassou a fronteira entre as culturas, hoje faz haver pessoas assegurando ter encontrado os restos da Arca, em montanhas diferentes pelo mundo. Ele se mostrou amplamente útil ao ensino. Não podemos dizer que todas as versões sejam exatamente parentes: duas versões são politeístas e duas são monoteístas; enquanto uma versão se preocupa em listar descendentes para assegurar a posse de terras no mundo pós-Dilúvio, outra versão nem mesmo nomeia as pessoas salvas; os nomes dos deuses e personagens nas estórias são radicalmente distintos; muitos outros mitos postos nos mesmos livros não foram copiados. Mas o valor do Dilúvio, talvez transmitido como poema ou canção (essa dissonância do contexto fica clara nos textos Assírio e Grego) o colocou como escolhido para ser lembrado, pois diz ao homem atual que ele descende de um servo amado e que todos os não-servos foram afogados (por motivos variados, é verdade). Portanto, que tome cuidado!

As versões Assíria (onde Utnapishtin de fato se torna imortal) e Judaica vão além, dizendo que todos os animais PERTENCEM ao mesmo povo, pois foram salvos junto com o preferido dos deuses. A versão Grega não é tão exigente; a versão Muçulmana, permeada de outros discursos entre Allah e o Profeta, somente se preocupa com Noé. 

Seria errado dizer que cada povo adaptou o Dilúvio ao seu mundo, com grandes montanhas ou sem elas. Na verdade, parece que cada um fez o seu próprio Dilúvio, com os antecedentes, salvos e pactos que servissem ao propósito educativo do seu próprio mito. Talvez algo tenha vindo de uma versão mais antiga, e muitas partes sejam novas. Mas, uma vez que a estória foi usada, ela moldou pessoas. Os Assírios souberam que um imortal, testemunha dos deuses, habitava a foz dos rios - para o herói Gilgamesh, ele testemunhou que apenas os deuses podiam conceder a imortalidade. Para os Judeus, Noé findou a época dos patriarcas que se dizia viverem milênios ou séculos. Seus filhos também inauguraram 3 raças a colonizar o mundo agora desabitado: Sem deu origem ao povo de Canaã (Semitas), Cam gerou os africanos e Jafé os Persas. Para os Gregos, Deucalião e suas pedras fizeram um povo vigoroso. Para os Muçulmanos, Noé foi um dos muitos que precederam Muhammad em anunciar um Deus único e poderosíssimo. Esse mito também fez alguns mais silenciosos, outros mais tementes aos deuses, ou ao Deus único, e deu a outros uma explicação de porque são fortes. De modos diferentes, o Dilúvio fez a todos que ouviram sobre ele serem mais entrosados com seu mundo espiritual, dentro do medo de que o desastre voltasse a acontecer, cada vez que uma tempestade se formava.

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O QUE LER NUM BARCO CHEIO DE ANIMAIS


A epopéia de Gilgamesh, Ed. Martins Fontes.

Bulfinch, Thomas. O livro da Mitologia: a idade da fábula - São Paulo: Martin Claret, 2020.


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