sexta-feira, 10 de junho de 2022

Bolsonarismo e Cristianismo - uma mesma coisa?

 

Os últimos 4 anos contam de profundas transformações no meio político e religioso brasileiros. Mais ainda, um se entrelaçou com o outro como não ocorria há muito tempo. Trato aqui da popularização do Bolsonarismo entre os Evangélicos.

"Isso não é assim"... Mas vamos a alguns fatos. Aproximadamente 70% dos Evangélicos votaram em Bolsonaro lá em 2018. Essa maioria só é superada pelos Mórmons, Testemunhas de Jeová e Adventistas, com 77% dos votos em Bolsonaro. Nas demais subdivisões religiosas, incluindo Ateus e Agnósticos, temos aproximadamente 55% dos votos em Bolsonaro. As regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul, com maioria Evangélica, tiveram vitória de Bolsonaro em quase todas as cidades.


BOLSONARISMO

Precisamos definir o Bolsonarismo. E busquemos isso dentro da chamada “ala ideológica” do Governo, encorpada por Olavo de Carvalho, astrólogo, esotérico, colunista dos jornais Folha de São Paulo e O Globo, proclamado por si mesmo como Filósofo. O Bolsonarismo reuniu em torno do culto à figura do presidente elementos como crença em ações conspiratórias da Esquerda, negação de instâncias científicas, de movimentos sociais, de características culturais, da divisão de poderes dentro do governo, da imprensa e dos direitos humanos, em favor de um apoio à família, ao patriotismo e ao Movimento Evangélico. O Bolsonarismo lembra, em muitos pontos, o Facismo de Hitler e Mussolini. Ambos têm características de grande e rápida adesão social em torno de ideais são comportamentos sociais (família, patriotismo, religiosidade) para apoiar/justificar ações do Estado para centralizar poderes. A campanha de Bolsonaro, em 2018, espelhou fortemente a campanha de Hitler em 1932, incluindo o atentado na cervejaria Hofbräuhaus de Munique.

Ao longo da década de 1920, Adolf Hitler era pouco mais do que um ex-militar bizarro de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério. Ele era conhecido principalmente por seus discursos contra minorias, políticos de esquerda, pacifistas, feministas, gays, elites progressistas, imigrantes, a mídia e a Liga das Nações, precursora das Nações Unidas. Em 1932, porém, 37% dos eleitores alemães votaram no partido de Hitler, a nova força política dominante no país. Em janeiro de 1933, ele tornou-se chefe de governo”. (OLIVER STUENKEL, Jornal El País, 8/10/2018)

Em 2020, o então ministro da cultura Roberto Alvim reproduziu publicamente um discurso de Joseph Goebbels, ministro de propaganda de Hitler. A semelhança não era casual, apesar das justificativas do governo: tanto o texto quanto o cenário utilizados eram idênticos. Hitler e Mussolini, líderes do Facismo Europeu e personagens terríveis da 2ª Guerra, tiveram, inicialmente, forte apoio da Igreja Católica em suas campanhas pela família, pelo nacionalismo e contra os Comunistas. Isso lembra algo? Na época da ascensão Nazista na Europa (anos 1930), as Igrejas Protestante e Católica também se voltaram ao Facismo como novo significador dos valores Cristãos. Mais atualmente, não faltam cenas de um Bolsonaro comendo pastéis, de chinelos, mostrando a simplicidade de sua vida. Em plena 2º Guerra Mundial, os jornais alemães publicavam fotos de um Hitler “saudável e de família”, brincando com os filhos e cachorros nas montanhas.


TRANSFORMAÇÕES RADICAIS

No Brasil, a situação é um pouco mais complexa. Os mesmos defensores religiosos do Bolsonarismo, em outros tempos declararam seu apoio ao Partido dos Trabalhadores. Mas tanto um como outro se modificaram nos últimos 20 anos. Lá pelos anos 2000, o PT incluiu em sua plataforma eleitoral sindicalistas, movimentos negros, feministas, gays, além dos Evangélicos (então confinados às comunidades mais pobres). Silas Malafaia (Assembleia de Deus Vitória em Cristo) e o bispo Robson Rodovalho (Sara Nossa Terra), por exemplo, declararam apoio a Lula em 2002. Nessa época, o PT era o principal representante da Esquerda e um partido muito mais articulado no "baixo escalão" político do que nas altas hierarquias. A ascensão do PT ao comando do país reuniu uma situação de  estabilidade econômica com um compromisso de beneficiar classes desfavorecidas e minorias.

No final de 2009, a revista The Economist noticiava o levantar da economia brasileira, enquanto os Evangélicos ultrapassavam os Católicos em n° de fiéis e algumas igrejas se tornavam mega-empresas. Essa transição foi crítica para os Evangélicos em termos de representação política. De minoria, passava a existir uma Bancada Evangélica dentro da Câmara dos Deputados. Esse grupo misturava interesses religiosos de Domínio (o [meu] Cristianismo deve ser a única religião) e Guerra Espiritual (quem se opõe a mim é inimigo de Deus) com interesses econômico-político de proteção às suas grandes empresas, cuja moeda de oferta era o voto em massa, mobilizado pela propaganda eleitoral em cima dos púlpitos. Irmão vota em irmão.

O PT também se transformou. De uma organização militante, passou a participar de grandes esquemas empresariais, como os que envolveram as negociações do pré-sal e o grupo Odebrecht. Decisões favoráveis às empresas tinham de ser tomadas e a forma de garantir maioria na Câmara dos Deputados era fazer pagamentos como os do Mensalão. Em vários setores, o PT mudou sua estratégia oposicionista para uma defesa de lucros como qualquer governo antecessor faria. Na Copa do Mundo, o governo federal maquiou investimentos com o evento (cujos dividendos são todos do setor privado) para serem vistos como investimentos em educação, usando, assim, largas verbas do BNDES. Boa parte desse dinheiro foi diretamente aos bolsos de empresários, em grandes desvios que marcaram as obras de infraestrutura.

Em 2012, em Natal (RN), ocorreu a Revolta do Busão. Foi a primeira de várias manifestações contra políticas neoliberais dentro do governo PT. Em 2013 no meio de várias manifestações semelhantes, ecoava a frase "O gigante acordou". Insolitamente, tratava-se do elogio de movimentos da Esquerda contra um governo de Esquerda. Nesse período, pequenos partidos do chamado Centrão passaram a dominar a tomada de decisões na Câmara dos Deputados. Pouco depois, 2016 marcou a derrocada do PT. Não exatamente por irregularidades, como se averiguou depois, mas porque diversos partidos queriam fatias maiores do bolo. Enquanto a Esquerda passava a ser melhor representada por partidos como PSOL e PCdoB, a Bancada Evangélica, mudou sua aliança para os partidos que garantissem privilégios aos novos grandes empresários, leia-se as megaigrejas.

A proposta de mudança no governo encontrou um clima anti-PT, igrejas capazes de produzir eleitorado e uma Câmara  barganhando alianças extra-partidárias. Esse clima anti-PT foi extremamente explorado pela campanha de Bolsonaro, associando o uso de redes como Twitter e Whatsapp com o semear de teorias conspiratórias ligadas às ações do PT: gays (personagens do movimento anti-homofobia) são uma ameaça à família; negros (personagens do movimento por cotas e anti-racistas) são vagabundos; indígenas são anti-produtivos (quem lhes deu posse dessa terra onde habitam há 1000 anos?);  universitários (tradicionalmente um grupo defensor da Esquerda) são maconheiros; professores (a quem podemos atribuir algum senso crítico nesse país) são doutrinadores; ONGs (que travam os empreendimentos de mineradoras e o agronegócio) são criminosas, militares (na verdade agentes governistas) são eficientes; Evangélicos são confiáveis. Apenas no caso dos Evangélicos, para fazer um comentário, a Bancada é líder em deputados com processos por corrupção. Toda essa propaganda anti-Esquerda foi despejada nas redes sociais e amplamente replicada nos setores mais conservadores: além das igrejas, a população mais velha.


ATOS DOS APÓSTOLOS DE BOLSONARO

Por volta de 2013, a Igreja Evangélica já se mobilizava pelo Bolsonarismo. Reparemos que não havia ainda um impeachment, nem coalizões de Direita, simplesmente havia a ascensão da Bancada Evangélica. De alguma forma, o Bolsonarismo de hoje era já o ideal político dessa nova classe. Um dos megapastores, Silas Malafaia, então afirmava estar agora “abrindo os olhos da Igreja” para os projetos “demoníacos” do PT. Entre esses projetos, e o mais atacado deles, estava a criminalização da homofobia. Sim, estamos falando de uma Igreja se levantando EM DEFESA DO PRECONCEITO E PREJUÍZO PROPOSITAL de pessoas baseado em sua vida sexual privada.

Sendo um deputado que basicamente defendia preconceitos e a volta da Ditadura Militar, inclusive o emprego de tortura pelo Estado, Bolsonaro teve seu 3º casamento transmitido publicamente como um evento DA IGREJA. Em geral, as igrejas Evangélicas mantêm o status de pureza excluindo das congregações gays, prostitutas (os), separados, moradores de rua, usuários de droga, fãs de rock, de certas modas, da maioria dos livros, etc. Bolsonaro mereceu um tratamento melhor. Seria pelo exemplo ou amor Cristão pregados?

Em 2018, o pastor José Wellington, líder da tradicional Assembleia de Deus, a congregação Protestante mais antiga no Brasil, pediu a milhares de fiéis o voto em Bolsonaro. Na sua campanha “Igreja de joelho, Nação em pé”, o Nacionalismo a la Bolsonaro se misturava com religiosidade. Era apelativo. O ideal de um Brasil Evangélico, passando por cima de toda a cultura e diversidade brasileiras (ver Cristianismo - catecismo, evangelismo ou desaculturação?), parecia se alinhar com um presidente Evangélico. Irmão vota em irmão. Não por acaso, o apelo ao voto religioso NÃO foi característica de outras campanhas: desde o fim do governo Imperial, em 1889, a República se comprometeu em não favorecer que uma fé brasileira suplantasse as outras. Trata-se de um ideal de pluralidade cultural que vai na contramão do conceito Evangélico de Domínio. O Brasil só será "do Senhor" quando todas as demais crenças forem apagadas. Em outras palavras, a pluralidade que permitiu a chegada dos missionários Evangélicos no começo do séc. 20 agora é combatida pela “política religiosa”.

Foi na Igreja Batista Atitude, Rio de Janeiro, que Bolsonaro foi recebido com as palavras "em outubro tenhamos uma resposta do céu sobre a vida do teu filho. E querendo, Senhor, no dia 1º de janeiro, este seu filho suba a rampa do Planalto para começar uma nova história do Brasil". Na Assembleia de Deus Vitória, próximo dali, a eleição do "escolhido de Deus" levou a igreja ao êxtase, enquanto exibiam a bandeira nacional no altar. Bolsonaro foi aclamado antes e depois da eleição como o "homem de Deus". Tal identificação é bastante problemática, se pensarmos em quais atos Cristãos seriam esperados de um "presidente segundo O Senhor". Dentro do imaginário Evangélico, o que aconteceu foi a santificação das obras do presidente. Pela 1ª vez na história da República, desde muito regida por medidas provisórias (e temporárias), tivemos a população concordando que os maus resultados de um presidente são culpa do retro-presidente, seu inimigo eleitoral, que governou 6 anos antes. Envolto no manto de "homem de Deus", toda ação de Bolsonaro, repetidamente expulso de partidos (inclusive os criados por ele mesmo) por não seguir regras, "deve ser para o bem maior", um dia entenderemos isso. Estão incluídas aí as disputas para O PRESIDENTE suplantar outros poderes republicanos (Judiciário e Legislativo), algo nunca visto fora da Ditadura Militar*.


OS NOVOS CRISTÃOS

Desde que a Igreja passou a interferir na política nacional brasileira, além da venda de votos congregacionais, o próprio Cristianismo brasileiro mudou. Essa alteração, no Brasil, começou sobretudo no período de urbanização que ocorreu nos anos da Ditadura Militar. Nesse tempo, os Católicos começaram a implantar as metodologias da Teologia da Libertação, baseada numa proteção dos mais pobres quanto ao sufocamento político. A Teologia da Libertação foi norteadora das ações do Vaticano com os papados de João 23º (1958-1963), Paulo 6º (1963-1978) e João Paulo 1º (1978), mas não prosseguiu com João Paulo 2º (1978-2005) e Bento 16º (2005-2013), voltando com alguma atividade no papado de Francisco 1º. Em outras palavras, mesmo após o Concílio Vaticano II, os Católicos brasileiros atuaram na Ditadura estando ao lado dos militares.

O distanciamento entre os Católicos e a Esquerda, bem nos anos 2000, deixou um espaço que foi ocupado pelos Evangélicos. No entanto, as megaigrejas não investiram mais em estrutura social como os Protestantes fizeram, lá no início do século 20. A nova geração Protestante tinha um espaço a ganhar onde outras fés já tinham fixado raízes, em especial os Católicos e a Umbanda. Nesse novo contexto, só importava prosperar enquanto empresas.

A guinada das igrejas para a Direita no ano de 2015 encontrou instituições que não foram, jamais, comprometidas com causas sociais e cuja aliança à Esquerda foi, de fato, oportunista. Nesse cenário, os Católicos também guardavam memória de aliança com a Direita, o que criou uma onda religioso-política difícil de controlar. Em especial, entre os Evangélicos, isso significou uma obediência a lideranças, e não a princípios ou ideias. Qualquer aliado político era santificado, qualquer inimigo político era demonizado. Incrivelmente, os púlpitos passaram a reproduzir palanques.

No início do séc. 20, por exemplo, os Evangélicos defenderam igualdade racial, educação gratuita, movimentos sindicais e coesão comunitária. As noções de igualdade foram substituídas pela de uma superioridade dos Evangélicos sobre todos os outros. A educação gratuita, antes necessária para que os iletrados pudessem ler na Bíblia, foi trocada pela ideia de que todas as Ciências devem confirmar a visão da igreja. As Ciências Biológicas foram demonizadas por falar de Evolução; as Humanas por discutir questões de Sexualidade. Os movimentos sociais foram ligados à rebeldia e insurreição, esquecendo-se que, noutros tempos, foram os Cristãos punidos por rejeitarem o culto Romano. Seria bobagem lembrar a fala de Lord Acton em 1887: "o poder corrompe" ? Curiosamente, Acton era um Católico promovendo a ideia de que as pessoas precisam ser responsáveis pelos seus atos. Ele se opunha ao poder ilimitado dos papas.

Nos EUA, a onda Conservadora também se manifestou, afinal as megaigrejas não são criação brasileira. Lá, também, foi reunida uma massa disposta a apoiar movimentos violentos, neonazismo e até luta contra a democracia para garantir direitos de Domínio para as igrejas. Domínio, no caso, é a teologia de que o mundo somente será salvo quando todo ele for totalmente Cristão, na contramão do Apocalipse bíblico em que o fim dos tempos se inicia com a ascensão do Diabo ao poder... Os Novos Cristãos, principalmente do lado Evangélico, são ainda praticantes de uma auto-suficiência assustadora: a maior obra que uma Igreja faz à comunidade é se expandir, converter os "inimigos". Em nome de Deus e para Deus, todos serão irmãos e obedecerão à mesma autoridade.


CIDADÃO DE BEM

Dificilmente alguém apoiaria todas as ideias do Bolsonarismo. No entanto, a polarização ideológica que se seguiu a 2018 fez com que as pessoas assumissem participar de grupos. Da mesma forma que os novos integrantes de uma igreja são "convertidos" a aceitar todos os dogmas, usos e costumes, entendimentos dali, a nova politização produziu fiéis entrelaçados nos dogmas de ambos os lados. Entre os Católicos, a conversão política não era necessária - de fato, lentamente estão se deslocando para a Esquerda. Entre os Evangélicos, a conversão para a Direita produziu fãs do militarismo e negacionismo da Pandemia COVID-19. Frases como "meu presidente não permite eu me vacinar" se tornaram, de absurdas, em comuns. Assim como a associação do satanismo Chinês com a produção do vírus e sua vacina. A promessa de crescimento político e Domínio conquistou lideranças, que firmaram estratégias, equipes de promoção e eleitorados.

Entre a classe média, o ressentimento pelos lugares ocupados pelos pobres também teve parte nessa onda. De repente, aeroportos haviam sido ocupados por pobres. Assim como locais turísticos, universidades, escolas privadas, pontos onde a classe mais alta se reconhecia. De fato, os lucros especulativos caíram e a importação aumentou, enquanto o PIB nacional teve sua melhor fase. Longe de seu lugar de destaque, a Classe Média sentiu que havia perdido algo, que disputava com gente demais, direitos em excesso. E o Neoliberalismo pregava uma volta, uma conservadora retomada de poderes e privilégios que não tinham seus representantes nos pobres. Assim nasceu o Cidadão de Bem.

O Cidadão de Bem é o Ariano de antigamente, é o pináculo da evolução humana. Quem não deseja ser Cidadão de Bem? O CdeB nasceu e foi criado numa família nacional e tradicional, branca e abençoada pela Prosperidade que Deus prometeu. Ele é um meritocrata de filho de político, cujo tio doou um terreno da prefeitura para a Igreja fazer seu escritório. Ele jamais seria um dissidente, pobre, trabalhador braçal, informal, pescador ou filho de carpinteiro. O CdeB se veste de Capitão-bandeira e pega em armas da Taurus para exterminar a petralhada, colocar na prisão, torturar ou fuzilar os meliantes, defender a família e a liberdade de expressão dele mesmo. O CdeB só não se importa em fazer o bem, porque o bem quem faz é a Igreja, quando a tudo dominar.

Esse personagem, por hilário que pareça, é alguém idealizado como futuro do Brasil. Como o Ariano dos anos 1940, é o Jesus das classes abastadas. Essa figura é propagandeada como representante de indivíduos absolutamente comuns, em sua maioria mestiços, que precisam dos serviços públicos, Bolsa-família, Seguro-desemprego, que pagam com dificuldade suas contas, que são soprados para a Esquerda ou Direita com compromisso único de sobreviverem. Muitas vezes, a filiação aqui ou acolá é a idealização de um herói posto, uma figura de pedra construída para simbolizar a luta contra um inimigo jamais visto, que pode te pegar durante a noite. Essa tem sido a estratégia Bolsonarista. Já foi a estratégia Trumpista, Hitlerista, Stalinista. Os resultados históricos de trocar a informação, o aprendizado e a política, no sentido de uma discussão de partes diferentes, por um ideal de um santo que comanda tudo, sempre foram terríveis.


FINAL

Obviamente, esse é um texto bastante político. Peço perdão pelo tema mas, infelizmente, a religião se tornou uma aliança política. Fé está se equivalendo a votos, e isso é assustador. Ainda mais entre os Cristãos, presumivelmente seguidores de alguém que perambulava nas casas de pescadores, centuriões, aristocratas, condenados e publicanos. Acho que essa filiação política em troca de favores nunca fez parte da mensagem de Jesus.



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* Entre 1964 e 1985, o Brasil esteve governado pelo que se chamou Ditadura Militar. A justificativa da tomada de poder pelos militares sempre foi uma Ameaça Socialista, vinda não se sabe de onde, praticada por quem você quiser que seja. O nome Ditadura surge porque, nessa situação DE GUERRA (contra quem?), os poderes da República são centralizados no Presidente. Ninguém contesta seus atos. Como resultado, milhares de pais, filhos, mães e filhas foram brutalmente torturados e mortos pelas Forças Armadas “defendendo” o governo brasileiro contra os brasileiros. Boa parte deles ainda estão enterrados em covas coletivas não identificadas, bem semelhante ao que o Nazismo fazia. Bolsonaro chamou o GOLPE MILITAR, que iniciou a Ditadura, de ATO PELO BRASIL e instituiu sua comemoração pública.


REFERÊNCIAS

Cristianismo - catequismo, evangelismo ou desaculturação? loungecba.blogspot.com,  24/01/2013.

FERREIRA, Matheus Gomes Mendonça; JÚNIOR, Fernando Tavares. DE 2013 A 2016: AS  RUAS E RESSIGNIFICAÇÕES POLÍTICAS. CSOnline-REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, n. 22, 2016.

GRACINO, Paulo; GOULART, Mayra; FRIAS, Paula. “Os humilhados serão exaltados”: ressentimento e adesão evangélica ao bolsonarismo. Cadernos Metrópole, v. 23, p. 547-580, 2021.

KERTZER, David I. Hitler, Mussolini e o Papa. Revista Piauí, n. 126, 03/2017.

STUENKEL, Oliver. Por que votamos em Hitler. Jornal El País, 08/10/2018.

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