quinta-feira, 28 de julho de 2022

A violência de Jesus

Expulsão dos mercadores do Templo. Pintura do artista russo Andrei Nikolayevich Mironov, em 2012.


Em frente de seus apoiadores, no Palácio da Alvorada em 15/6/22, ao tradicionalmente incentivar o  armamento da população, o presidente Jair Bolsonaro defendeu que  Jesus "não comprou pistola porque não tinha naquela época". Aparentemente, Jesus B (de Bolsonarista) era alguém favorável a defender o seu patrimônio ou a si mesmo causando a morte de outra pessoa. Se muitos são favoráveis, se os apoiadores de Bolsonaro são e, principalmente, se Bolsonaro é, como ou porque Jesus B não seria?


JESUS ARMADO

Quanto à defesa de Seu patrimônio, nos exóticos ensinamentos de Jesus dados na vila de Cafarnaum, à margem do lago de Genesaré, Mateus e Lucas registraram uma fala sobre Ele não ter onde descansar (Mt 8.20, Lc 9.58). Nenhum dos Evangelhos se refere a posses de Jesus, que apesar disso parecia ter pessoas Lhe cedendo facilmente casa e comida. Se Ele não tinha o que defender, podemos deixar de lado isso como motivo para matar alguém. Quanto a conjecturar se Jesus mataria, tendo o que defender, isso será só suposição.

Jesus mataria alguém para defender a si mesmo? Nos Evangelhos, quando Jesus foi preso Ele argumentou: "Vocês vieram armados para me prender, como se eu fosse um malfeitor. Entretanto, todos os dias eu estava sentado ensinando no templo e não me prenderam" (Mc 14.48-49, Mt 26.55, Lc 22.52-53). Na cena seguinte, Jesus é levado pelos guardas. Sem matar ninguém.

Nessa mesma hora, acontece a famosa cena em que supostamente Pedro (somente João 18.10 o nomeia) corta com espada a orelha de um dos guardas. Apenas em Mateus, Jesus repreende-o com argumento bem pacifista:

Guarda tua espada, porque aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão. (Mt 26.52)

Aqui, há uma variedade de relatos, tornando a narrativa mais frágil. Em Marcos, os guardas tentam pegar também um jovem coberto com pano, que escapa. Em algumas tradições, acredita-se que seja o jovem João Marcos, futuro evangelista (Mc 14.51-52). Em Lucas, ao invés da fala, temos Jesus curando o guarda atacado (Lc 22.51). Em João, a fala é "Enfia a tua espada na bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?" (Jo 18.11). 

Chama a atenção que, no texto de todos os evangelistas, encontramos alguém armado no grupo junto de Jesus (Lc 22.49 indica ser mais de um). Jesus, em especial, não estava armado.

Quando vos mandei sem bolsa, sem mochila e sem calçado, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada. Mas agora, disse-lhes ele, aquele que tem uma bolsa, tome-a; aquele que tem uma mochila, tome-a igualmente; e aquele que não tiver uma espada, venda sua capa para comprar uma". Eles replicaram: "Senhor, eis aqui duas espadas'. 'Basta', respondeu ele. (Lucas 22.35-36)

Esse é texto usado por Bolsonaro para defender o armamento em nome de Jesus. Tal trecho é de fato  frequentemente citado por pessoas desejando mostrar que Jesus apoiava atos violentos. Em si, trata-se de uma passagem presente só em Lucas, Como antes, seu papel na narrativa dos Evangelhos fica enfraquecido... O contexto é o último diálogo de Jesus na ceia, antes de ir para o Getsêmani (Morro das Oliveiras), onde seria preso. Lá, Jesus dizia a Pedro:

Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos. (Lc 22.31-32)

O significado mais aceito dessa fala é que Jesus prenunciava a perseguição aos Cristãos que se iniciaria. Então, Ele anunciava que seriam necessários dinheiro e proteção - com armas. Em Marcos e Mateus, Jesus cita uma profecia sobre as ovelhas se dispersarem quando o pastor fosse ferido (Mt 26.31). Em João, Jesus ora pela santificação dos discípulos (Jo 17). Em todas essas narrativas, continua sugerido que já havia alguém armado entre o grupo que seguiu Jesus até o Getsêmani.

Não há, porém, senão em Lucas, uma instrução explícita para se defenderem do que estava por vir. Em nenhum texto há uma instrução sobre matar. Como Lucas era Romano e seguiu Paulo até provavelmente o ano 60 d.C, depois peregrinando pela Galiléia a procurar por quem testemunhou a vida de Jesus e tendo escrito seus livros só bem depois, é possível que a recomendação de Jesus sobre as espadas faça parte da miríade de informações esparsas que Lucas coletou.


JESUS PACIFISTA

Um famoso símbolo do pacifismo de Jesus é a fala "Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra" (Mt 5.39). Essa fala é reforçada por Lucas:

Digo-vos a vós que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a capa, não impeças de levar também a túnica. (Lc 6.27-29)

É notório que o mesmo livro de Lucas apresenta, posteriormente, Jesus recomendando levar espada para os discípulos se defenderem da perseguição. O que podemos pensar é que (1) Jesus mudou suas concepções sobre como reagir à agressão; (2) a agressão anunciada no Getsêmani não se compara às demais - para essa última, era cabível a defesa; ou (3) o compilado de ensinamentos feito por Lucas reflete alguns atribuídos a Jesus (pela população da Galiléia), que não eram realmente Dele.

Para opinar sobre isso, é importante fazer uma contextualização dos Evangelhos. Em 66 d.C., nada menos que 36 anos após o assassinato de Jesus, iniciou-se uma guerra entre Judeus e Romanos, que teve vários reavivamentos nos anos seguintes. Basicamente, os Judeus queriam expulsar as legiões Romanas das suas terras. Um evento principal dessa guerra foi a destruição de Jerusalém (70 d.C.), com genocídio dos moradores, demolição do Templo e incêndio da cidade. Tanto Judeus quanto Cristãos passaram a ser perseguidos no mundo Romano. O livro de Marcos foi escrito antes desse período em Alexandria/Egito, bem longe dos conflitos. Os livros de Mateus e Lucas não. De fato, a perseguição é pós-anunciada (como se fosse uma profecia, porém escrita após os eventos) tanto em Mateus quanto em Lucas, mas não em Marcos e João.

Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação. Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra. (Lc 12.51-53)

Não julgueis que vim trazer a Paz à terra. Vim trazer não a Paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa. (Mt 10.34-36)

Dessa forma, o anúncio de Lucas sobre levar uma espada parece se referir especificamente à perseguição; ao mesmo tempo sendo uma inserção do autor ou da comunidade Cristã com referência à segunda metade do séc. 1. Essa inserção era destoante do ensinamento inicial. O Jesus de Marcos e João não faz tais previsões ou pós-visões.


JESUS DESAFIADOR

Mas Jesus não era necessariamente um pacifista que oferecia a outra face. Isso é, Ele não aceitava simplesmente que ofendessem Ele ou Seu grupo. Dentro da Pax Romana (lei imposta pelos Romanos às suas províncias), pessoas da "colônia" causando confusão eram facilmente presas e executadas. Os Galileus eram famosos por serem briguentos, mas as disputas de Jesus - até onde sabemos - eram verbais. A história infelizmente demonstra a futilidade de argumentar com aqueles que consideram seus privilégios um direito de nascença... Mas também não vemos Jesus lutando contra os Romanos por mais liberdade. Sua disputa, segundo Ele mesmo, era contra a maldade institucionalizada.

O mundo não vos pode odiar, mas odeia-me, porque eu testemunho contra ele que as suas obras são más. (Jo 7.7)

Em Lucas, Jesus anuncia o Reino de Deus, formado pelos pobres (Lc 6.20) de coração reto e bom (Lc 8.15). Não se trata de um reino Judeu ou qualquer estrutura de direitos que os livrasse da dominação Romana. Lembremos que Jesus interagiu com um centurião Romano!

Segundo Mateus, somente os bons frutos - e não empunhar um nome ou outro -  distinguem os bons dos maus (Mt 7.22-23); para entrar no Reino dos Céus, é necessário a cada um ajudar seu irmão (Mt 5.22). De forma semelhante, em Marcos, Jesus instrui a perdoar qualquer ressentimento contra outra pessoa (Mc 11.25-26). Nos deparamos, outra vez, com Jesus defendendo algo que não é uma estrutura de poder ou direitos. O Reino dos Céus não é um reino definido por fronteiras.

Os meios que Jesus usava para defender seu ponto não poderiam ser classificados como violentos, nem tampouco como pacíficos. Ele lutava contra um sistema em que as pessoas eram treinadas para não se importar e até tomar proveito do sofrimento de outros. Contra esse sistema, Jesus desafiava as pessoas a acreditarem Nele, simplesmente. E usava estórias (provavelmente inventadas) para explicar a expectativa de um final do mundo, onde só os pertencentes ao Reino seriam salvos.

O Reino dos Céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo. O Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta. Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes. (Mt 13.47-50)


AGRESSÃO VERBAL

Alguns argumentam que Jesus usava de violência nas Suas palavras. Existem várias formas de agressão verbal, que precisam ser analisadas. Um delas é o Bullying. Jesus não praticava isso - enquanto desqualificava costumeiramente os ensinos dos Fariseus, hábeis debatedores das Sinagogas, Ele não mantinha essa atitude para com um deles em específico. Jesus também não era abertamente ofensivo, quanto mais tinha suporte de uma maioria. Ele de certa forma fazia o "Gaslighting", questionando os pilares mais profundos dos Fariseus, e de fato fazendo isso com todo mundo. Mas, novamente, não se trata de algo direcionado a uma única pessoa.

Os embates de Jesus eram geralmente desencadeados pelos próprios Fariseus, dentro da cultura Judaica de questionamento. Quanto a acusações, Jesus acusava, em especial os religiosos, a respeito de manterem uma atitude hipócrita de cobrar ao povo o que não faziam.

Ai de vós, Escribas e Fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante. (Mt 23.23)


JESUS VIRANDO AS MESAS

Em sua mais famosa demonstração de violência, sem dúvida citada por quem defende um Jesus violento, Ele causou tumulto entre os vendedores no pátio do Templo.

Chegaram a Jerusalém e Jesus entrou no Templo. E começou a expulsar os que no Templo vendiam e compravam; derrubou as mesas dos trocadores de moedas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Não consentia que ninguém transportasse algum objeto pelo Templo. E ensinava-lhes nestes termos: "Não está porventura escrito: A minha casa chamar-se-á casa de oração para todas as nações? Mas vós fizestes dela um covil de ladrões!". (Mc 11.15-17)

Essa passagem é repetida em Mateus (21.12-13), Lucas (19.45-46) e João (2.14-16), dando um caráter chamativo a ela. Aparentemente, trata-se de algo que motivou a reunião do Sinédrio para tratar sobre a prisão de Jesus. Tal reação violenta não é explicada, no texto, senão por trechos de Isaías que ela contém. João, de fato, tenta produzir uma explicação a posteriori emendando:

... Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: O zelo da Tua casa me consome (Sl 68,10). (Jo 2.17)

Não era a 1a vez de Jesus em Jerusalém, então podemos imaginar que Ele já conhecia o mercado no Templo. Entretanto, das outras vezes (também celebrações de Páscoa), Ele não viera a Jerusalém como um líder ou profeta. A função de profeta, aliás, era justamente a de se contrapor ao Templo, aos governantes, aos Saduceus. Normalmente, os Fariseus das Sinagogas faziam essa função, mas desde a dominação pelos Gregos (330 a.C.) e Romanos  (63 a.C), tanto Fariseus quanto Saduceus haviam se reorganizado em uma elite social mantida por matrimônios e acordos.

Era isso que o mercado no Templo representava: os comerciantes ligados aos Fariseus trabalhando com a anuência dos líderes do Templo, os Saduceus. De certa forma, a violência de Jesus contra os comerciantes atingia a ambas as categorias e Jesus fazia isso na condição de profeta, aquele que foi recebido na cidade com palmas e acenos do povo. O "covil de ladrões", como na fala de Jesus, era Sua oposição aos trâmites entre a elite, com o Templo como centro.

No dia seguinte reuniram-se em Jerusalém os chefes do povo, os anciãos [Fariseus], os escribas, com Anás, sumo sacerdote, Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da linhagem pontifical [Saduceus]. (Atos 4.5-6, julgamento de Pedro e João, narração feita por Lucas)

Uma forma pacifista que Jesus poderia ter escolhido para se opor à feira dentro do Templo seria falar ao povo para ficar longe daquele mercado. Afinal, era o povo quem usufruía e alimentava o comércio de itens religiosos.

Porém, vindo da Galiléia em um burrinho, ainda que Jesus representasse um profeta na capital (eles não eram raros), tratava-se de uma influência pública que Ele provavelmente não tinha. E, caso tivesse, seria motivo igualmente sério para as ações do Sinédrio contra Ele, talvez até com interferência dos Romanos por perturbar a ordem pública.

Virar as mesas dos comerciantes e gritar - segundo João, até empunhando um chicote - talvez não tenha mudado nada prático quanto ao comércio funcionando no Templo, mas afirmou Jesus como profeta perante os Seus seguidores.

O não-conformismo de Jesus quanto à maldade institucionalizada certamente teve algo a ver com Sua reação no Templo administrado pelos Saduceus. Embora o comércio ali não fosse inerentemente mau, nem tampouco os vendedores,  tratava-se de uma institucionalização da fé. Cada fiel gastava algumas moedas, oferecia um sacrifício de acordo com suas posses, pago em parte aos comerciantes e em parte aos Saduceus, e estava tudo resolvido com Deus. Uma espécie de terceirização do arrependimento. Embora Jesus fosse pacifista em muitos outros assuntos, incluindo a dominação dos Judeus pelos Romanos, ele era um profeta bastante contracultural no lido com essa institucionalização da fé.


O QUE O TEMPO FEZ

Uma vez que o Cristianismo tornou-se maioria em muitos lugares com o passar dos séculos, ele se institucionalizou como o Judaísmo do tempo de Jesus. Ao invés do Templo, temos várias igrejas que fazem essa função, cada uma com seu grau de terceirização da fé, que se reflete em hierarquias religiosas, grupos privilegiados e troca de favores religiosos (além de políticos) por dinheiro e poder. Nos dias de hoje, não seria improvável ver Jesus esbravejando contra pastores que associam o favor de Deus com o valor da doação feita para a Igreja.

Seja por acreditar que o modo contracultura de Jesus produziu uma série de ações levando à Sua morte, seja por considerar que Ele se dirigia a uma sociedade rural, seja porque os Cristãos inicialmente eram apenas uma minoria perseguida, seja pelo aspecto espiritual (não material) dos ensinamentos, Jesus acabou sendo lembrado e não praticado. Mais ou menos como ter uma fábrica de armamentos chamada Ghandi Armas & Munições Ltda, ou uma catedral adornada com ouro dedicada a São Francisco.

Não era Jesus quase um Romano seguidor de ordens, dentro de uma organização grande e poderosa? Quantas invasões de terras e destruição de povos tiveram a bandeira de Jesus na frente?  Não está Bolsonaro dizendo às pessoas que elas podem disparar balas em quem elas não gostam, abençoadas por Jesus? Em 12/10/21, o deputado estadual Frederico Braun d'Ávila defendeu, na tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo, que as pessoas fizessem o que manda Bolsonaro, que se armassem para exterminar os camponeses [como Jesus] e membros do MST, que são um câncer na Sociedade. Isso, junto com ofensas aos Católicos associados com a Teologia da Libertação, uma ala da Igreja Católica famosa por defender - muitas vezes com a vida - as populações mais pobres ao redor do mundo.

O Jesus B certamente não é o Jesus sobre o qual a Bíblia conta.

Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Ele manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Ele saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Ele acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre. (Lucas 2.50-55, Exaltação de Maria)

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ARTIGOS PROSCRITOS

La Torre M, Jesus, the man of violence, baptistnews.com, 23/06/16.

Medeiros T, Bolsonaro: Jesus "não comprou pistola porque não tinha" na época, Correio Brasiliense, 16/06/22.

Sigal G, Was Jesus violent?, jewsforjudaism.org, chapter 22r.

Verbal Abuse - wikipedia

YODER, JH, Jesús y la realidad política, Ediciones Certeza, 1985.

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