quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ciência da fé . . . e fé na ciência


Em todas as sociedades modernas, as crenças estão mais vivas do que nunca. Mas isso não é um paradoxo, um contra-fluxo na corrente racional vitoriosa do conhecimento humano? Não se convencionou que crença e ciência não combinam, são como óleo e água? Os dogmas milenares que orientam a fé de cristãos, judeus, muçulmanos ou budistas são todos muito respeitáveis, mas em pleno século 21 não são apenas anacronismos deslocados do mundo da razão e da tecnologia? Não. A novidade é que não existe paradoxo. Existe, sim, o reconhecimento dos limites dos dois campos da percepção humana dos fenômenos naturais.

UM EMBATE ANTIGO

Extrapolando da fala de Jó ("se vou para o oriente, lá Ele não está; se vou para o ocidente, não O encontro. Quando Ele está em ação no norte, não o enxergo; quando vai para o sul, nem sombra Dele eu vejo!" Jó 23.8-9), parece que não podemos ver Deus em nosso próprio mundo... Ele precisa se manifestar de formas incabíveis e fora da nossa realidade. Assim, a Ciência e Deus foram colocados em cantos opostos da sala: cada coisa que se conhece vai para para o lado da Ciência, deixando o lado divino cada vez menos povoado. Será que Deus só prevalece na ignorância, mesmo tendo provido até a própria pessoa para nos ensinar?

Não passa um mês sem que saiam dos laboratórios explicações cabais sobre o que se pensava ser algo sobrenatural. O túnel de luz que as pessoas que estiveram em coma contam ter visto parecia misterioso e insondável. Esse túnel seria uma entrada entreaberta para a eternidade, que se deixava examinar de esguelha por alguém que estava prestes a abandonar o mundo material. Mas essa e outras experiências sensoriais que se têm à beira da morte são todas reações mensuráveis e previsíveis do cérebro humano. A revelação dos bastidores torna os mistérios da vida e da morte menos espantosos? Não. Nada. Hoje soa arrogante e tola a reação dos orgulhosos astrofísicos nos anos 80, quando os satélites mandavam para a Terra sinais que confirmavam a teoria do Big Bang, a súbita explosão original que deu origem à matéria, à energia e às leis que regem a interação entre ambas: "Agora que a física já explicou como surgiu o universo, não há mais lugar para Deus". Tem chumbo trocado: quem pode imaginar uma reação mais tosca e pedestre do que dizer que a Lua perdeu o romantismo para os namorados depois que os astronautas americanos colocaram suas botas por lá?

Claro que o núcleo duro da melhor ciência despreza a noção de Deus. A Ciência é questionadora, busca mecanismos racionais de explicar o mundo, e logicamente Deus não pode ser racional. Da mesma maneira, os metafísicos de todos os sabores e cores não enxergam utilidade alguma no método científico. O cenário atual que emana do córtex cerebral da humanidade - pelo menos da sua porção que se manifesta conectada na internet - é o de que, apesar dos avanços cada vez mais espetaculares da ciência, permanecem intactas as emoções humanas, as sensações de tremor diante do infinitamente pequeno ou do infinitamente grande. Por mais que se explique com crescente precisão como funciona o mundo natural, persiste para a maioria das pessoas a crença de que existe algo mais poderoso ainda... algo desconhecido... e [lógico!] portanto divino.

CIÊNCIA NA FÉ

Há nessa persistência, por ironia, uma explicação científica, estudada a fundo pelos cientistas. A fé, assim como as religiões criadas sobre ela, persiste por ser um componente primordial da evolução humana. Em algum momento durante a última Era do Gelo, que terminou 12000 anos atrás, o Homem desenvolveu o pensamento simbólico. Interessou-se em saber que tipo de força existia por trás dos fenômenos naturais. Começou a enterrar os mortos e a enfeitar seus túmulos com flores. No papel de única espécie capaz de antecipar a própria morte, o ser humano precisou vislumbrar entidades maiores e mais poderosas do que ele para conseguir suportar essa certeza. Muitos biólogos evolucionistas acreditam que as religiões – e tudo o que elas envolvem como instituições organizadas – surgiram como uma superadaptação do homem ao meio ambiente e prosperaram por conferir vantagens a seus praticantes. A crença no sobrenatural ajudou a convivência do grupo e, portanto, seria a gênese da civilização. O biólogo americano David Sloan Wilson, da Universidade Binghamton, autor do livro "A Catedral de Darwin: Evolução, Religião e a Natureza da Sociedade", avalia que o impulso religioso se desenvolveu cedo na história dos hominídeos porque ele ajudava a criar grupos mais coesos, em que florescia o sentimento de fraternidade e solidariedade. "A crença foi uma arma poderosa na luta contra adversários menos unidos e menos organizados", disse Wilson.  

A mais impressionante indicação de que a necessidade de cultuar um Deus está estampada na evolução humana encontra-se numa pesquisa realizada pelo biólogo molecular americano Dean Hamer, chefe do setor de estrutura genética do National Cancer Institute, e publicada em seu livro "The God Gene: How Faith is Hardwired into Our Genes" (O Gene de Deus: Como a Fé Está Embutida em Nossos Genes). Hamer afirma ter localizado no ser humano o gene responsável pela espiritualidade. Esse gene também teria a função de produzir os neurotransmissores que regulam o temperamento e o ânimo das pessoas. Segundo o livro do biólogo, as pesquisas arqueológicas e antropológicas mostram que diversos tipos de ancestrais humanos conviviam antes da Idade do Gelo, há cerca de 30 mil anos. Quando as geleiras cederam, apenas um tipo predominava, os Cro-Magnon. Eles organizavam-se em famílias, puniam o incesto, enterravam seus mortos, enfeitavam os túmulos, pintavam as paredes das cavernas por deleite estético ... e espiritual! Os sentimentos profundos de espiritualidade seriam resultado de uma descarga de elementos químicos cerebrais controlados por nosso DNA. O cientista diz que a brutal aceleração da competição por recursos escassos e a luta pela sobrevivência em condições climáticas adversas selecionaram os hominídeos de tal forma que restaram apenas aqueles que desenvolveram a capacidade de acreditar. Em quê? Acreditar que aqueles tempos duros iriam passar. Acreditar que uma força superior iria trazer de volta as temperaturas amenas. Já os religiosos enxergam nesse salto evolutivo a interferência direta de Deus nos destinos da humanidade... sem nenhuma ferramenta como DNA, cultura, etc para isso.

A concepção de que a espiritualidade está gravada no genoma humano encontra eco numa das mais antigas religiões, o budismo. Seus adeptos acreditam que todo ser humano herda uma semente espiritual da pessoa que ela foi na encarnação anterior. Essa semente se combinaria a outras duas, herdadas dos pais, para formar suas características físicas e espirituais. Estudos anteriores ao de Hamer também conduzem à noção de que a espiritualidade está entranhada nos genes. No fim dos anos 1970, numa pesquisa que se tornou célebre, cientistas da Universidade de Minnesota estudaram 53 pares de gêmeos univitelinos, ou seja, gerados do mesmo óvulo e com DNA idêntico, e 31 pares de gêmeos bivitelinos, gerados de óvulos diferentes. Todos os gêmeos haviam sido separados após o nascimento e criados a distância. Como se esperava, os gêmeos com DNA idêntico, mesmo privados da convivência mútua, apresentavam traços de personalidade, comportamento e hábitos muito semelhantes. Os gêmeos idênticos eram duas vezes mais propensos a cultivar a espiritualidade no mesmo grau de seu irmão do que os gêmeos bivitelinos. Já quando se analisava a tendência a praticar uma religião, os gêmeos idênticos apresentavam significativas diferenças entre si – sinal de que o hábito de rezar e freqüentar igrejas ou templos é adquirido culturalmente.

FÉ NA CIÊNCIA

O fato de a espiritualidade acompanhar o homem em sua evolução é, provavelmente, o motivo pelo qual o conceito de Deus surge em todas as sociedades humanas desde tempos imemoriais, mesmo entre as mais isoladas. Já o divórcio entre a fé religiosa e a ciência, que hoje se encontra na ordem do dia, é um fenômeno recente. Até o fim do século 18, a Igreja Católica, assim como se confundia com o Estado, legitimando o poder monárquico com a bênção do poder divino, andava de braços dados com a ciência.

Por exemplo, o célebre Isaac Newton (1673-1727), matemático e físico inglês criador do cálculo moderno, da lei de gravitação e com contribuições históricas na ótica, era um homem bastante religioso.  E não apenas isso: ele empregava sua ciência também na análise de temas religiosos. Recentemente, a Biblioteca Nacional de Israel apresentou ao mundo manuscritos atribuídos a Isaac Newton, nos quais ele calcula a data aproximada do apocalipse. O material traz também detalhes precisos de um antigo templo em Jerusalém e interpreta passagens da Bíblia. Em um dos manuscritos, por meio dos textos do livro de Daniel, ele chega à conclusão de que o mundo deve acabar por volta do ano de 2060. "Ele pode acabar além desta data, mas não há razão para acabar antes", escreveu. Em outro documento, o cientista interpreta as profecias que contam sobre o retorno dos judeus à Terra Prometida antes do final do mundo. Segundo ele, se verá "a ruína das nações más, o fim do choro e de todos os problemas, e o retorno dos judeus ao seu próspero reino".

O cisma (separação) ideológico entre fé e ciência começou no séc. 18 com o Iluminismo, movimento surgido na França que pregava o uso da razão para explicar o mundo e o universo. O Iluminismo desafiava o papel da religião na sociedade e propunha uma nova ordem social, na qual os interesses humanos estivessem no centro das decisões. Só no século 19, quando o inglês Charles Darwin deixou o mundo atônito com sua teoria da evolução das espécies, que negava a Criação bíblica, as divergências entre o mundo da ciência e o da religião assumiram contornos de guerra cultural. Essa guerra persiste até hoje...

Hoje se vive um equilíbrio precário entre ciência e fé. Nos Estados Unidos, apenas 3% dos cientistas mais respeitados, aqueles que pertencem aos quadros da National Academy of Sciences, acreditam em Deus. Biólogos, como o inglês Richard Dawkins, e filósofos, como o americano Daniel Dennett, escrevem livros e artigos tentando desqualificar a religião como um mal que anestesia as sociedades e as priva das virtudes da razão. Os religiosos contra-atacam ao insistir, por exemplo, que as escolas públicas americanas deixem de ensinar as teorias de Darwin e as substituam pelos ensinamentos da Bíblia. Há também personagens ilustres que tentam contemporizar, como o biólogo americano Francis Collins, que se declara cristão e diz que ciência e religião não se misturam e que se podem cultivar ambas.

COMO ANDA O PLACAR DO JOGO

O Brasil é terreno fértil também para as manifestações acessórias da espiritualidade, como superstições, manias, crença em amuletos, na astrologia e no feng shui. Esse é o território do artista que adiciona uma letra ao nome, do torcedor de futebol que veste uma camisa especial para assistir ao jogo de seu time e dos jovens que usam no pescoço pingentes religiosos. Essas manifestações não têm comprovação empírica de que funcionem, dependem puramente da fé que se deposita nelas. O sociólogo Antônio Flávio Pierucci, da Universidade de São Paulo, autor do livro "A Magia", tem uma explicação para a devoção às superstições e às manias no dias de hoje. Diz ele: "A mente humana se sente desconfortável com o acaso, ela busca explicações para todas as coisas. Daí nasceram os conceitos de sorte e de azar. Se o acaso ocorre a nosso favor, temos sorte; se ele acontece contra nós, o classificamos de azar".

Biblicamente, Fé, conforme o livro de Efésios 2.8-10, é algo que Deus colocou no ser humano ao criá-lo e que se desenvolve através do permanente relacionamento entre filho e Pai divino. Aparentemente, isso jamais poderia ser feito através de Seleção Natural, genes, neurotransmissores ou da cultura humana, precisa ser SEM EXPLICAÇÂO. Fé, de acordo com os livros de Hebreus e Tiago, "é a convicção do que não se vê" e está associado a fazer a vontade de Deus. Não é meramente uma declaração de crença em um ser superior, e sim uma atitude constante de adoração a esse Deus em que se crê como Salvador e Senhor. Conforme a Bíblia, "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11.6)... e agradar a Deus não poderia ser jamais uma questão de sobrevivência ou qualidade de vida?

NA FÉ E NA CIÊNCIA

"O que Deus fazia antes de criar o Céu e a Terra? Fazia o Inferno para os que duvidam." Essa era a resposta dos bispos católicos ao tempo de Santo Agostinho (354-430). Agostinho condenava a resposta. Qual a certa? "Deus não fazia nada." Mas como o todo-poderoso se dava ao luxo de passar o tempo fazendo nada? Agostinho: "Deus não passava o tempo fazendo nada porque o tempo não existia. Deus criou o tempo." É espantoso. Dezesseis séculos depois, as melhores cabeças científicas saíram-se com a teoria do Big Bang para explicar o surgimento do universo e tudo o que ele significa - inclusive o tempo. O físico inglês Stephen Hawking rejeita a sobreposição de ciência e religião. Em seu livro Uma Breve História do Tempo, porém, Hawking é agostiniano ao sugerir que o tempo teve começo - ou não teria uma história.

MUNDOS DISTANTES

Devido ao cisma entre ciência e religião, muita gente (hoje) até acredita que o propósito da Ciência é principalmente destruir a Fé. Na verdade, hoje observa-se que ambas trabalham em "salas distintas". A Ciência se pergunta "como as coisas funcionam" e a fé explica "o motivo de elas serem assim". A razão de ser da Fé é fazer o contato entre o Homem e Deus, atribuir significados ao mundo. A Bíblia diz que o Homem existe para servir a Deus. A Ciência se descreve o Homem.

Fundamentalmente, a ciência se ocupa de achar razões ou teorias (isto é, meios lógicos) para os fenômenos naturais. Como se sabe se uma razão ou teoria está certa? A comprovação científica ocorre com o tempo, não é imediata: Albert Einstein construiu a teoria da relatividade nos anos de 1900 para explicar deformações da trajetória da luz, mas as evidências só apareceram nos anos de 1950. Além disso, uma "verdade científica" precisa extrapolar o fenômeno e prever outros eventos, ainda não observados. No caso de Einstein, sua teoria se ajustou perfeitamente (nas descrições e nas medidas) a observações feitas sobre a radioatividade, muitos anos depois. Newton explicou a forma como os corpos caem na Terra, mas ele mesmo percebeu que sua teoria era capaz de explicar os movimentos da Lua, dos planetas e até de galáxias inteiras.

A Fé por outro lado afirma que há causas não previsíveis para os fenômenos, resultado da intenção ou vontade de seres espirituais. E ela não se propõe a explicar fenômenos. Pela Fé, as profecias feitas no Antigo Testamento seriam ainda esperadas e os ensinamentos colocados na Bíblia não são fruto de observações do passado, mas destinados a tempos futuros, que o próprio autor desconhecia. A Ciência simplesmente não obtém medidas dessas entidades, então não as inclui em suas teorias (pelo menos desde o séc. 18), descrevendo e fazendo previsões acerca do MUNDO OBSERVÁVEL. Cientificamente, nem haverá como contestar a imensa maioria das coisas na Bíblia, a menos que alguém obtenha medidas de Deus ou dos anjos. Como provar que uma profecia não irá se cumprir? Como provar que um morto não ressuscitou ou que cegos não foram curados?

Alguns pesquisadores entretanto ainda se agarram aos temas bíblicos. Afinal, muito do que a Bíblia diz que existiu teria deixado resquícios. E, curiosamente, nesse ponto Ciência e Fé têm andado bastante amigas. Por exemplo, recentemente postamos aqui uma investigação sobre o local onde teria estado o Éden bíblico. As evidências apontam que tal lugar de fato existiu (mas não o prova), ainda que seu significado extrapole as poucas linhas sobre ele no Gênesis (Gn 2.8-15). Há indícios científicos fortes de que o Dilúvio narrado (Gn 7.10 - 8.14) equivale a uma grandiosa inundação no Oriente Médio em tempos remotos, mas que nunca existiu na Terra água suficiente para cobrir toda a superfície e, pior ainda, o topo das montanhas mais altas. Os mais ferrenhos dirão simplesmente, "é fé!". Outros porém, se perguntam o que Noé e sua família conheciam por mundo...

Ainda que a Fé seja explicável por genes, neurotransmissores e áreas cerebrais, isso a desbanca? É preciso que seja inexplicável para ter relação com o divino?

MITOS DO ALÉM, SEGUNDO A CIÊNCIA

Por curiosidade ou necessidade imanente de desbancar explicações fantasiosas, alguns cientistas se debruçam sobre fenômenos aos quais a religião também se dedica. Não havendo provas, não significa que é fé. Fantasias e mentiras também são carentes de provas... O que a ciência nomeia de  sonambulismo  ou esquizofrenia e trata com medicamentos antipsicóticos já foi chamado de possessão demoníaca ou ainda de xamanismo. Mas a Bíblia indica o que seria um transtorno mental? Não, e repare que também não há provas científicas contra a possessão demoníaca; há apenas a comprovação de que, em muitos casos, o diagnóstico religioso está muito errado. Nos tempos em que a religião era a única prática curativa, esse embate talvez fosse mais ferrenho.

Sempre há espaço para pesquisar curas e revelações divinas e, como mostrado acima, a própria FÉ é objeto da ciência. Aqui seguem algumas explicações de fenômenos (extrabíblicos, entenda-se bem) ligados a diversas religiosidades e para os quais há explicações científicas coerente. Ainda que essas não possam invalidar as estórias contadas...

QUASE MORTE - relatos que alimentam mitos e interpretações místicas, são feitos por pessoas dadas como mortas mas que, de modo espontâneo ou com a ajuda da medicina, voltaram à vida. Muitas se referem a túneis de luz ou à sensação de flutuar no ar, de modo a ver do alto o próprio corpo.

Enquanto fazia exames numa paciente epilética, o neurologista suíço Olaf Blanke, do Hospital Universitário de Genebra, descobriu que a estimulação de determinada área do cérebro provocava na paciente a sensação de abandonar o próprio corpo e flutuar pela sala. O ponto em questão é o giro angular direito, parte do cérebro localizada no lobo parietal. Essa região é responsável pela percepção espacial que se tem do próprio corpo e do ambiente em torno. Ao estimular o giro angular com pequenas descargas elétricas, Blanke afetou a forma como o cérebro da paciente decodificava a percepção do espaço e dela própria, quebrando a unidade que existe entre o eu e o corpo. Dessa maneira, a paciente se sentia como se estivesse a flutuar no teto, enquanto seu corpo permanecia na cama.

SENTIR A PRESENÇA DE ESPÍRITOS - comportamento de pessoas em êxtase religioso, sob a ação de alucinógenos e também visto comumente em esquizofrênicos paranóides ou catatônicos. Ao estimular com eletrodos o giro angular esquerdo de uma paciente, Olaf Blanke percebeu que ela virava a cabeça como se procurasse alguém dentro da sala. "Quando se desligava a corrente elétrica, a presença estranha sumia". Para o neurologista, o estímulo no giro angular esquerdo criou uma disfunção no circuito neural que levou a paciente à ilusão de uma projeção "torta" do próprio corpo, que ela interpretou como um fantasma. 

LUZ NO FIM DO TÚNEL - depois de ser ressuscitado, o doente conta ter visto um túnel com uma intensa luz na outra ponta. A neurocientista Susan Blackmore, da Universidade do Oeste da Inglaterra, em Bristol, atribui o relato à ilusão provocada pela falta de oxigênio no cérebro, típica de uma parada cardíaca. As células do córtex visual responsáveis pela visão central são mais numerosas que as da visão periférica e, por isso, vêem a imagem com maior brilho. Para a cientista, essa diferença de luminosidade causa a impressão de existir um túnel com luz intensa no seu final. "É algo puramente biológico que as pessoas tendem a ver como místico" - disse Susan - "Drogas como LSD, quetamina e mescalina podem produzir o mesmo efeito em algumas pessoas."

CORPO PARALISADO AO DESPERTAR - quando atingimos o estado de sono profundo, ocorre uma mudança química nas regiões do cérebro responsáveis pela atividade muscular. O objetivo é paralisar os músculos para evitar que os movimentos dos sonhos sejam reproduzidos na vida real. Algumas pessoas acabam despertando durante esse período, com os músculos ainda paralisados. "A sensação é desesperadora e a pessoa sente dificuldade para respirar. Não é incomum ela associar esse evento a experiências espirituais, místicas, demoníacas e até mesmo a encontros com aliens", explica Susan Blackmore. 

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PODE LER QUE A GENTE DEIXA. SE ELES DEIXARAM...

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