Enquanto o Brasil está discutindo se dá direitos legais aos homossexuais de se casarem, adotar crianças, processar pastores e padres por lerem a Bíblia, etc, uma outra questão me veio à mente. Se a Bíblia condenasse os negros ou os cegos, como faríamos? Certamente se cobraria que os pastores não falassem contra os negros nos púlpitos, ou seja, se exigiria que eles “pulassem” essa parte “errada” do texto. Os negros em especial exigiriam isso; se eu fosse negro provavelmente agiria assim. Os cegos também levantariam suas vozes, fundariam igrejas “onde fossem bem-recebidos”, onde pudessem expressar-se abertamente como cegos. Nos países de maioria branca ou vidente, talvez houvesse problemas sociais.
Vejo esse drama acontecendo com os homossexuais. Tornou-se emblema de luta que dois homens ou duas mulheres possam beijar-se na frente de uma igreja, que as pessoas possam ir aos cultos travestidas, que não se sintam constrangidos por isso. Claro que há interpretações do texto bíblico onde se vê a condenação recaindo sobre outro pecado sexual que não a homossexualidade: de fato, a compreensão do grego usado por Paulo permite discussão onde ele usou uma palavra que somente ele parecia conhecer; seu significado pode ter se perdido no tempo. Mas também há interpretações bem embasadas, que fortalecem o homossexualismo como estando entre os pecados sexuais. Pecados esses que incluem “adultério mental”, luxúria (sexual ou de qualquer outra forma), incesto, etc. Assim como negros e cegos se achariam ofendidos por um texto assim, estão ofendidos os homossexuais. Valorizadores da luxúria têm o código social os protegendo, dizendo que “cada um cuide do seu problema”, os adúlteros acham melhor esconde-lo (às vezes até de si mesmos), enquanto os homossexuais simplesmente ficaram sem amparo contra a lei de Deus.
Um "problema sério" da lei de Deus está justamente aí: ninguém passa ao seu crivo. Se a examinarmos cuidadosamente, mesmo falar contra ou não dar atenção a alguém nos condena. Não é só o homosexualismo que está condenado na Bíblia, mas toda ação e mesmo pensamento humano que não tenha o amor a Deus como sua origem. Pior, logo ao ditar os 10 mandamentos, Deus colocou essa regra como a 1ª que os homens precisariam seguir, e trata-se da mais difícil, dado que valorizamos o prazer. A Bíblia como código de lei põe a todos como pecadores, inclusive os que a escreveram.
Mas voltemos à questão dos homossexuais. Não foi o propósito de Jesus deixar-nos um conjunto de leis com as quais pudéssemos nos apedrejar em Seu nome. Defender o próprio prazer, destruir um inimigo já nos faz sentir bem o suficiente; fazemos isso sem necessidade da Bíblia. Sem ela, aliás, fazemos só isso! Mas está aí novamente a questão: a Bíblia não busca satisfazer os homens. Por isso Paulo fala na Loucura do evangelho: o conhecimento que ele recebera e fora instruído a pregar era de algo que não agradava ninguém, nem a ele mesmo. Era um caminho para buscarmos a Deus, mas às custas de sofrimento, abandono de si mesmo e dos valores que aprendemos desde pequenos dos nossos pais e até às custas de morte. Veja-se o exemplo de Jesus, e daqueles que o seguiram.
Enquanto os homossexuais lutam pelo direito de entrar numa igreja, travestidos talvez, poderiam lembrar às pessoas ali que elas também não são santas, que a Bíblia as condena perante Deus da mesma forma. O grande significado do evangelho foi mostrado por Jesus com seu próprio exemplo de vida: ele buscou aqueles que precisavam dele, não aqueles que a sociedade elegia como “os bons”. Jesus foi atrás de extorquidores de dinheiro, céticos, traidores, adúlteros, homens bravios, prostitutas, idólatras, endemoniados, cegos, crentes em misticismo, etc - todos pessoas que se esmeravam no próprio prazer, e não em Deus. Definitivamente, Ele não negaria ter como companhia um homossexual, travesti, pedófilo ou praticante de incesto. Talvez fizesse questão de ir encontrar eles, como fez questão de encontrar endemoniados e as próprias pessoas que o matariam. Ele lhes mostraria um exemplo a seguir, combateria a sua dor e seu culto de si mesmos. Essa é uma medida de cura, a exclusão punitiva não é. Seu ministério estava em mostrar o caminho de Deus para essa gente, não em afastá-los porque SÃO CONDENÁVEIS, como todos os outros.
A antiga lei mosaica aparentemente estabelecia o conceito de CONDENADOS, ou seja, aquele que se opõe à lei está posto fora do reino de Deus. Pelo menos assim os homens a interpretavam. O próprio Deus, no entanto, lembra ao profeta Ezequiel que todos os homens são propriedade Dele e de mais ninguém, que Ele se alegra na devoção e perdoa a qualquer um que o buscar. Jesus veio mostrar esse conceito na prática, e incluiu um aviso de que mundo odiaria que fizesse o que Ele mandava. Por isso me parece sem sentido que se queira aplicar um lei de inclusão dentro da igreja: se pessoas ali realmente buscam seguir o que o evangelho ensina, elas certamente serão odiadas. Talvez isso esteja ocorrendo agora, com o Cristianismo sendo chamado de "homofóbico", porque se fala em Bíblia, e a Bíblia aparentemente condena o homossexualismo. Então um homossessual deveria mudar sua orientação sexual para freqüentar a igreja? Certamente que não. Jesus não o excluiria, se é que mudar de orientação sexual está no poder de alguém (há muitas opiniões divergentes nesse assunto). Deveria alguém que bebe muito parar de beber para frequentar a igreja? Jesus também não o excluiria. E quanto à lei mosaica, não era Moisés um assassino, antes de ser chamado de profeta?
Eu sei de grandes pregadores cristãos que são declaradamente homossexuais. Se um assassino pôde levar a lei de Deus ao seu povo, porque um homossexual não poderia pregar? Deus costuma mesmo escolher os desprezados... Cabe ao homem ter conhecimento, mas fazer milagres e mudar o interior das pessoas é obra de Deus. Não cabe aos homens extinguir o pecado uns dos outros! Nenhuma orientação quanto a isso é dada na Bíblia. A instrução que temos é de jejuar e orar pelos demais, resistir ao mal e praticarmos o amor. Isso só já é bem difícil, ou teríamos muito menos problemas no mundo... O que está na Bíblia é que CADA UM busque livrar-se dos seus pecados, mas só a Deus é dado o poder de realmente perdoar, que no grego significa também LIVRAR. Podemos perdoar alguém perante os homens, mas isso conquista o perdão de Deus? Só a fé Nele e A PARTIR DAÍ buscar algo melhor pode “livrar” alguém perante Deus, porque Ele mesmo deseja o nosso bem.
Até o momento da morte, a Bíblia estabelece a cada um de nós como condenáveis, mas não como condenados. Deus deixa BEM CLARA sua vontade de nos salvar, e deixa claro também que, sem Ele, estaríamos condenados. No último minuto, Jesus perdoou - ou seja, livrou - um criminoso que o buscou. Repare que o criminoso em momento algum SE perdoou, nem adiantaria fazê-lo frente aos homens ou frente a Deus. Quem pode mudar a própria índole, apagar os próprios erros? Se a homossexualidade ofende a Deus, creiamos de verdade no poder Dele para a curar. A Ele pertencem as almas também dos homossexuais! Se não ofende, então creiamos no poder Dele para curar a nós por sermos juízes uns dos outros, ao invés de fazer o que Jesus fez.
Fabrizio
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