segunda-feira, 23 de maio de 2011

Depois do fim do mundo


Harold Camping, pastor americano, afirmou o dia do julgamento final seria em 21 de maio de 2011. Isto lhe haveria sido revelado por códigos cronológicos que ele mesmo teria decifrado na Bíblia. O dia 21 de maio marcaria “o princípio do fim”, e cinco meses mais tarde, 21 de outubro de 2011, o mundo que conhecemos deixaria de existir definitivamente. Este líder cristão, escutado em mais de 150 emissoras, difundiu sua descoberta pela rede de estações de rádio que preside desde os anos 60, a Family Rádio Worldwide, junto com a organização cristã EBible Fellowship. O objetivo era fazer com que cristãos de 119 países se arrependessem antes do fim.

Camping insistiu que seu prognóstico não falharia e que DESTA VEZ seus cálculos apocalípticos eram exatos. O líder religioso de 89 anos já tentara acabar com o mundo em 1994, quando prognosticou pela primeira vez que o mundo chegaria a seu fim.

Nesse dia o mundo será testemunha de um terremoto global… O sismo maior jamais visto na história”, enfatizou o ativista Chris McCann, quem em julho de 2008 renunciou ao seu trabalho como administrador de fundos mútuos para se dedicar em tempo integral ao EBible Fellowship.

Para Camping, o maior indicador que o final seria em 21 de maio de 2011 é que, neste dia, se completaria o aniversário número 7 mil do “Grande Dilúvio”. Segundo os cálculos do líder religioso, Deus primeiro mandou o Dilúvio no 17º dia, do segundo mês, do ano 4.990 a.C.. Ele disse a Noé que este tinha sete dias para advertir a todos que “o fim” chegaria com uma grande inundação. E como para Deus 1 dia valem 1000 anos, foi só fazer as contas.

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veja o vídeo de advertência: http://www.youtube.com/watch?v=wJOTZBZ-Xbg

Pois é... Como muitos esperavam, o mundo não acabou. Nenhum sinal do Arrebatamento ou do anticristo, por enquanto. Homens como Harold Camping já apareceram aos montes na história e, se o nosso tempo permitir, ainda vão aparecer muito. Procurar revelações “divinas” secretas que foram escondidas em números, textos, olhares e acontecimentos isolados são características de mentes inquietas, psicóticas até. Não é algo tão raro, se tomarmos os adivinhos que andam por aí... São pessoas que se fecham nas próprias “revelações” de-si-para-si e o problema é quando são estimuladas a agir assim, talvez por uma igreja. Alguns têm muita dificuldade em voltar ao “mundo real”. Recentemente, esse mal tomou uma outra forma nas igrejas, fomentado pelo entendimento de algumas passagens do livro de Atos e, o que é pior, pelo sentimento de que o único modo de estar próximo de Deus é agindo exatamente como aqueles homens, algo que alguém poderia e deveria fazer PARA estar junto Dele.

Muito tempo atrás, alguns homens reparam que estavam diante da única pessoa que poderia dizer com certeza o momento do fim do mundo. Sua resposta foi “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai” (Mt 24.36), de forma que nem Jesus iria contar sobre quando seria o Dia do Juízo. Porque Jesus não desejava contar? Basta ver as atitudes das pessoas que disseram saber o dia disso, e você entenderá: alguns se suicidaram (porque?), largaram seus empregos, famílias, se embebedaram, foram roubar os vizinhos, etc. No séc. 14, a perspectiva da morte pela Peste Negra fez muitas pessoas irem realizar estranhos desejos amorosos e afetivos em áreas desabitadas... A expectativa da morte faz as pessoas correrem atrás daquilo que verdadeiramente valorizam, mas que renegam no dia-a-dia, por terem a certeza de que haverá um novo amanhã. Jesus nos advertiu contra essa gente que diz saber o que Ele mesmo não queria contar, mas também disse para vigiar, pois não saberíamos quando seria.

A morte comum, sem fim-do-mundo mesmo, não costuma dar avisos. Um dia seu amigo sai de bicicleta e logo você sabe que ele foi atropelado por um caminhão, ou que um aneurisma rompeu-se e ele caiu morto. Uma dor intestinal e pode ser um câncer se espalhando rápido, ou um infarto pode te derrubar no trabalho mesmo. Acidentes de trânsito: quem nunca viu um com fatalidade? Eis aí a necessidade de vigiar, pois a cada momento podemos ser jogados para aquela turma que esperará o Juízo deitados. Ninguém sai à rua ou na TV para advertir que você pode morrer hoje... Ainda assim, aquela pessoa que você tanto quer ver pode ser perdida. Ainda assim, os lugares e que você quer visitar e os sonhos que você tem podem ser desfeitos. Sem aviso prévio.

Em 2007, os atores Jack Nicholson e Morgan Freeman falaram sobre isso no filme “Antes de Partir”. Fizeram uma lista do que mais amavam e do que ainda queriam viver e, na iminência da morte, partiram para “terminarem de se satisfazer com o mundo”, como se tudo fosse acabar. Não foi bem isso que Jesus nos recomendou, nem que nos prometeu para depois. Ele disse que nos prepararia lugar junto ao Pai e, mesmo que isso não nos descreva o Outro Lado da Vida, lembrar às pessoas para se arrependerem de seus pecados seria algo amoroso a se fazer, se você soubesse A Hora alheia. Cuidar delas dia após dia, para que o façam mesmo sem a perspectiva da morte seria ainda melhor. Amá-las e viver como Jesus pediu que fizéssemos - isto é, buscando a Deus sempre - seria perfeito. Mas talvez agora você esteja ocupado com aquilo que você rapidamente largaria se soubesse que hoje é o dia do Juízo... Ok, não fuja do seu trabalho. Honre aqueles que te pagam o pão, mas não se esqueça que, de fato, hoje pode ser Aquele dia.
Fabrizio

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