quinta-feira, 24 de março de 2011

A revolta de Daniel


texto modificado do original de Daniel Clós Cesar

"E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo." (Fp 3.8) - Paulo, em carta para a Igreja em Filipos.

Tento sempre pensar em Paulo enquanto ele escrevia nesta mesma carta para Filipos: "... eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente" (Fp 2.16). É isso que me leva a escrever. Não é minha esperança no mundo... ou na instituição igreja. É a esperança de que não serei envergonhado, pois prego a Palavra de Deus, ainda que ela seja apenas uma folhinha que sai da terra e ainda não seja uma árvore em minha vida.

Deus já tinha levado tudo de Paulo. Ele sentia isso em seu íntimo e nas marcas que levava consigo; apesar de não achar que tivesse alcançado a perfeição (Fp 3.12), tinha certeza do caminho de novidade espiritual em que vivia. Na minha ainda pequena experiência como escravo do amor de Deus, assim como apóstolo Paulo entendeu (nele me espelho), tenho percebido que EU fui conquistado por Cristo Jesus! (Fp 3.12). Não foi o contrário.

Quero introduzir aqui um trecho de uma música da banda estadunidense Third Day, escrita por Mark Lee, baterista da banda, que diz mais ou menos o seguinte (tradução minha):

"Leve tudo pois não suporto mais,
Tudo o que tenho...
Leve o primeiro, leve o último,
Leve o bom, leve o resto...
Tudo o que tenho,
Leve tudo".

Resistir à Salvação tem sido a mais depravada atitude dos que se chamam de cristãos. Ainda que afirmem serem salvos, são rebeldes e revoltados contra o Senhor. Não desejam a Salvação como proposta por Cristo, mas da forma como ela é proposta por satanás. Ainda têm uma mente degenerada que não se parece com a mente de quem teve seu interior transformado pelo Espírito Santo. Eles têm seus planos, sonhos, alvos e propósitos como se fossem superiores ao Cristo... superiores ao Ganhar a Cristo. Mais triste ainda, esses blasfemos têm o mundo como seu lar. Já a Palavra afirma que não passamos de estrangeiros nessa terra (Fp 3.20). Entenda-se do costume antigo: estrangeiro não tem direito algum.

Paulo abriu mão de sua posição social (romano e fariseu), seus títulos e toda sua promissora carreira político-eclesiástica por algo muito maior, algo que ele considerou sua verdadeira vocação... a soberana vocação (Fp 3.14). Por isto ele abriu mão de sua própria vida (Fp 1.21). Eu vejo pessoas que confessam o mesmo Cristo de Paulo, mas não o desejam como ele desejava. Querem casar antes da volta de Cristo (leia-se fazer sexo sem sentir culpa), querem ter uma casa própria antes da Sua volta, alguns oram para que Deus retarde a volta do Filho... pois ainda não estão plenamente alegres e satisfeitos (com o mundo). O mundo ainda não lhes deu tudo... Claro que ainda merecem um pouco mais, pois este mundo lhes deve alguma coisa em troca de suas dores e lutas.

Pobres imundos! Trocam migalhas corrompidas pela Glória do Todo Poderoso. Trocam a Verdadeira comida e bebida por alimento imundo cozido em esterco humano. Fazem como os besouros rola-bosta,  famosos moradores dos pastos: lutam até a morte pela sua bola de cocô. Lutam pelas coisas que o mundo  oferece com ganância e ambição. Aí "buscam a Cristo" como se prestassem homenagem a um morto que não pode ver as flores de plástico e o vaso com a tinta descascada sendo depositado em seu tímido túmulo de azulejos velhos. Como os besouros, passam suas vidas rolando seu próprio monturo.

Os vejo até cantar em suas canções antropocêntricas e em suas orações bajuladoras, mas sem nenhuma expressão do Espírito:

Não por favor Deus...
Não me deixe sem nada!
Deixe este monturo te peço!
Não! Eu determino!
Deixe este monturo... é só o resto, mas é meu... deixe apenas isso...
Eu posso te servir ainda sim, isto em nada me atrapalha...
Veja só como eu consigo carregar todo esse monte de esterco enquanto converso contigo...
Veja... eu nem preciso de ti para isso...
Remova o "principal"... remova as dores que este monturo me causa...
Destrone o inimigo que habita no monturo...
Limpe-me desse cheiro repugnante de esterco... mas por favor!
Não o tire de mim.

O que para um verdadeiro escravo de Deus é considerado perda, para estes é lucro. É a própria vida. Eles acreditam que se morrerem sem obter a "vitória", passarão a eternidade lamentando. Miseráveis! O que lamentarão eternamente será isso: terem desejado a sopa de restolho preparada por satanás e seu guisado de sangue sufocado cozido no inferno. Lamentarão terem rejeitado o Pão que desceu do Céu e o Vinho que devia ser bebido em ação de graças.

Amados, seja nosso desejo constante perder tudo para ganhar apenas Jesus Cristo.

o original está escondido em http://batalhapeloevangelho.blogspot.com/

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Daniel Clós Cesar é historiador e escreve sobre teologia para alguns sites de qualidade, como o Bereianos. O endereço acima é do antigo blog dele mesmo.

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