texto de A. W. Tozer, traduzido por Pr. Timóteo Sanches, depois alterado
A prova pela qual toda conduta será finalmente julgada é o motivo. Como a água não pode subir mais alto do que a sua fonte, a qualidade moral de um ato nunca pode ser maior do que o motivo onde se inspira. Por isso, nenhum motivo mau pode gerar um ato bom, mesmo se algum bem parecer que resulta dele. Toda a ação praticada por ira ou despeito, por exemplo, mostrará que foi praticada a favor do Inimigo e contra o reino de Deus.
Infelizmente, a religiosidade também funciona assim: pode vir de motivos maus, como a raiva, a inveja, a vaidade e a avareza. Nesse caso, essa religiosidade é má e será avaliada no dia do julgamento.
Na relação de motivos e ações, os fariseus foram exemplos claros. Eles foram o mais triste fracasso religioso do mundo, não por causa do erro doutrinário, nem porque eram pessoas de má conduta. Todo o problema estava nos seus motivos religiosos. Oravam, mas para serem ouvidos pelos homens; o seu motivo arruinava as orações e inutilizava, fazendo-as más.
Contribuíam com o templo, mas o faziam para escapar do seu dever para com os seus pais, e isso era um mal, um pecado. Os fariseus condenavam o pecado e se levantavam contra ele, quando o viam nos outros. Seu motivo era inocentarem a si mesmo e também por sua dureza de coração. Assim ficaram lembrados. Eram cercados por aparências de santidade; as mesmas ações, se fossem por motivos puros, seriam boas e louváveis. Toda a fraqueza dos fariseus estava na qualidade de seus motivos.
Isso não é uma coisa insignificante. Aqueles religiosos formais e ortodoxos continuaram em sua cegueira, até que crucificaram o Senhor, sem qualquer noção do seu crime.
Atos religiosos com motivos vis são duplamente maus - maus em si mesmos e maus por serem feitos em nome de Deus. Isto equivale a pecar em nome de Quem não tem (nem aprova) o pecado, mentir em nome de Quem é a verdade, e odiar em nome dAquele que é amor. Os crentes mais ativos devem separar um tempo para sondar a sua própria alma, certificarem-se dos seus motivos.
Muito solo é cantado para exibição; muitos sermões são pregados para mostrar talento; muitas igrejas são fundadas como um insulto contra outra igreja. Mesmo a atividade missionária pode tornar-se competitiva, e a conquista de almas pode degenerar, tornando-se uma espécie de marketing para satisfazer a carne. Os fariseus também eram grandes missionários, rodavam mares e terras para fazer convertidos!
Um bom modo de evitar a armadilha da religiosidade vazia é comparecer diante de Deus, sempre que possível, com nossa Bíblia aberta em 1 Coríntios 13. Esta passagem, considerada uma das mais belas da Bíblia, é também uma das mais severas. O apóstolo pega o serviço religioso mais nobre e o renega, se não for motivado pelo amor. Sem amor, profetas, mestres, oradores, filantropos e mártires são inúteis. E amor até o pecador mais sujo pode ter.
Resumindo, podemos dizer que, aos olhos de Deus, somos julgados não tanto pelo que fazemos e sim por nosso motivo. Não "o quê" mas "por quê" será a pergunta importante que ouviremos, quando nós, crentes, comparecermos no tribunal, a fim de prestarmos contas do que fizemos no mundo.
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