Um bichinho que me fascina é o vaga-lume. Desde cedo que esse insetinho me deixa boquiaberto... ele tem luz própria!!! Quando eu era criança pensava que ele tinha algum motorzinho, bateria, sei lá... algo desse tipo. Não sou expert no assunto, portanto não vou explicar o que ocorre para que o vaga-lume ou pirilampo, como também é conhecido, emita sua luz fosforescente. Não é essa a minha intenção hoje. Não vou escrever um texto científico, seria uma catástrofe, conheço minhas limitações.
O que quero pensar é sobre pessoas que se sentem vaga-lumes, ou seja, pessoas que pensam ter luz própria. Nesses dias em que escritores como Paulo Coelho, Lair Ribeiro e outros fazem tanto sucesso com idéias desse tipo, quero partir na contra-cultura, ou como diria John Stott (ou Francis Schaeffer, não me lembro agora), na contra-cultura cristã.
Não é uma crítica à pessoas, mas um alerta. Muitas vezes somos tentados a pensar que temos luz própria, e o resultado é sempre desesperador. Eu mesmo já caí várias vezes nessa tentação, e como fui tolo!! Hoje vigio a cada instante para que não caia. Pensar que nosso conhecimento, ou capacidades dadas por Deus são um fim em si mesmas é terrível. A Palavra nos diz que “a soberba precede a ruína, e a altivez de espírito, a queda.” (Pv 16.18)
Vaga-lumes são lindos, mas gostam do escuro. E andar no escuro é sempre perigoso. Lembro-me de uma vez em que fui subir a Pedra do Sino (Montanha mais alta da Serra dos Órgãos, em Teresópolis-RJ) e destaquei-me do grupo com mais dois amigos para “chegar mais rápido ao topo. Como estávamos sem lanterna, confiando somente na luz do luar, erramos o caminho. Ainda escuro, pensávamos ter alcançado o topo, quando depois de um tempo olhamos bem acima de nós algumas luzes... hehe, estávamos enganados, e o grupo do qual nos destacamos chegou primeiro ao topo.
O pior vem agora, pois quando percebemos isso disparamos para encontrar a turma que já estava lá. Como era um caminho desconhecido, saímos pulando por várias pedras, sem ter a noção exata do que fazíamos. Chegamos lá, dormimos, e no dia seguinte, por curiosidade, resolvemos ver por onde realmente tínhamos andado. Foi tenebroso perceber que pulamos precipícios sem saber... isso mesmo, precipícios!! Pulamos de uma pedra para outra onde não havia “fundo”, ou seja, se tivéssemos escorregado ali, certamente vocês não estariam lendo este texto agora...
O grande problema foi pensar que tínhamos luz própria, que poderíamos andar sem a ajuda de uma lanterna, uma luz que nos indicasse o caminho. O conceito bíblico de depravação total nos mostra isso... não temos luz em nós mesmos e ... “caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!” (Mt 6.23). “Pois outrora, éreis trevas, porém agora, sois luz NO SENHOR; andai como filhos da luz...” (Ef 5.8)
O querer ter luz própria é uma das maiores tentações dos nossos dias. Cristãos sinceros têm sido iludidos com essa idéia. Somos filhos da luz, mas não somos a fonte de luz. Muitos interpretam o “vós sois a luz do mundo” como se quisesse dizer que possuímos em nós mesmos luz suficiente para iluminar o mundo. Não!!! Não temos!!! Brilharemos como reflexo daquele que é verdadeiramente a Luz do mundo, aquele em quem não há treva alguma, em quem não há nem sombra de variação ou mudança.
Muitas vezes, como já disse, nossos talentos ou capacidade nos fazem pensar que somos “muito importantes” ou até mesmo “imprescindíveis” na obra de Deus. Engano! Deus é Deus e não divide sua glória com ninguém. Querer tomar para si a glória que pertence somente a Deus é tolice, é coisa de criança. Não vale a pena ser pego lutando contra Deus, sairemos perdendo sempre...
Não permitamos então, irmãos, que sejamos apanhados com a síndrome de vaga-lume, a idéia de luz própria não condiz com as Escrituras. Vaga-lumes são vaga-lumes, homens são homens. Na queiramos ser assim, gente que quer brilhar sozinha, com luz própria, negando assim a fonte de luz que é o Deus todo poderoso. Brilhemos sim, mas como espelhos, e espelhos limpos, “e assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossa boas obras E GLORIFIQUEM A VOSSO PAI QUE ESTÁ NO CÉU!!” (Mt 5.16)
Esse é o verdadeiro objetivo do nosso brilhar, a glorificação de Deus!!!
Glórias, pois, a Ele!!
No amor do Mestre,
José Barbosa Junior
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe um comentário!