sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Eu crucifiquei o Papai Noel


por Isaque Vitor

Quero iniciar esse texto falando que não tenho nenhum interesse de “demonizar” a data natalina. No mais, meus argumentos seguem abaixo. 

Se formos perambular pelos Evangelhos no que tinge Natal ou ao Papai Noel, de fato, nada encontraremos. O que podemos achar é, portanto, um elemento nas narrativas, que salienta que, nas palavras de Sinclair Ferguson “a vinda de Jesus é um evento perturbador das maiores proporções”. Simplesmente “tinha que ser assim, já que Ele não veio apenas para acrescentar algo mais à vida (nossa vida), mas para lidar com nossa falência espiritual e com a dívida de nossos pecados”. Existem aqueles que acham que quando Ele foi concebido no ventre de Maria isso teria sido para aqueles que fizeram o seu melhor, mas não foi! De fato, o objetivo (ao meu entender, primordial) era para aqueles que sabem que o melhor que podem fazer é “como trapo imundo” (Isaías 64:6), ou mesmo que estão longe de serem bons o suficiente e que, em sua carne não habita nenhum bem (Rm 7:18). Ele não foi enviado para ser a fonte de boas experiências, mas para sofrer as dores do inferno, a fim de ser o nosso Salvador. 

Um natal cristão? Para os primeiros cristão que festejaram o nascimento do Salvador viram isso. Realmente um natal cristão. Mas não é essa “festa” de hoje, adocicada com um cristianismo pagão em conjunto com a Saturnália romana*. O que se teve mais tarde foi um maior comprometimento em se distinguir das demais festividades do mundo. Não se tinha o hábito de se tornar “socialmente aceitável”. O seus ideais? Pelo que primavam? Somente e, fixar a mente, o coração, a vontade e a força exclusivamente no Senhor Jesus Cristo. De maneira alguma havia confusão em suas mentes a respeito da mistura “mundo-evangelho”. Não existia um “Cristo Noel”. Eram participantes de outro Império, desconhecido por muitos ainda naqueles tempos. 

Após algumas leituras via internet, me deparei com a informação de que nessa data festiva eles sofriam grandes perseguições por parte do imperador Diocleciano por causa de sua devoção para com Cristo. Ou seja, eles eram assassinados nessa época enquanto se reuniam para celebrar o Natal. Quais crimes cometeram? Eles optaram por adorar ao verdadeiro Cristo – aquele que encarnou, foi crucificado, ressuscitou ao terceiro dia e que está próximo o seu retorno. Porque celebrar a Este Homem? É bem provável que levaram em consideração que esse Jesus tinha morrido por e se dado completamente por eles e, “em troca”, estavam dando e dedicando TUDO ao Messias. 

Durante a minha infância ganhei vários presentes do suposto “Papai Noel”. Depois acabei descobrindo que era meus pais ou tios que deixavam os brinquedos próximos da cama ou rede em que dormia. E hoje, acabo encontrando um paradoxo. A doutrina que conheço hoje desse meu Salvador me causa espanto onde muitos ainda tentam encobrir tamanha obra. A aparente comemoração de um nascimento termina com uma pena capital apesar dos seus variados ensinamentos. 

Nenhuma surpresa ao saber disso? O fato de que EU (e você também!) crucifiquei(amos) ao meu(nosso) Senhor? O mundo ainda hoje crucifica a sua própria maneira e em muitas vezes de maneira sutil, e permanecemos de braços cruzados. Não consegues compreender ainda? Se o que o Emanuel fez no primeiro Natal não causar nenhum impacto em nosso (meu principalmente) ser, é bem provável que nunca tenhamos entendido o real significado dessa história e, infelizmente, quem Ele realmente é. 

Em um próximo post estarei falando um pouco sobre como sermos um “Papai Noel” proporcionar risos e alegrias ao próximo. Só não confundamos Jesus Cristo com Papai Noel. 

*As saturnálias eram uma antiga festividade da religião romana dedicada ao templo de Saturno e à mítica Idade de Ouro. Era celebrada todos os 17 de Dezembro sendo alargada à semana completa, terminando a 23 de Dezembro. Durante estes festejamentos vinha subvertida a ordem social: os escravos podiam considerar-se temporariamente homens livres. Na verdade a conotação religiosa da festa prevalecia sobre aquela social e de "classe". O "princeps" (caricatura da classe nobre) vinha geralmente vestido com uma máscara engraçada e com cores chamativas, dentre as quais prevalecia o vermelho (a cor dos deuses), e podia recordar o nosso Papai Noel.

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