L'Ultima Cena, pintura de Leonardo da Vinci para o duque Lodovico Sforza, 1495-1497
Arte é algo tão amplo, que a vemos todos os dias, seja num grafitti na porta de uma escola, seja nas músicas que ouvimos por aí, enfim, há arte
É óbvio que podemos revelar a glória de Deus seja através de um grafitti, uma dança contemporânea, uma música que não seja explicitamente cristã. Existem gotas da glória de Deus espalhadas por todo o universo e isso, certamente, nos inclui. Como não ouvir Mozart, Bach sem pensar em dons? Dons que Deus nos dá para que possamos usá-los, não somente pensando num caráter utilitarista: "vou fazer arte por causa disto" ou "ah, não, só faço arte para ganhar almas." Podemos aprender muitas coisas com os não-cristãos, ainda mais artistas como Lenine, Chico Buarque, Djavan, Machado de Assis, Clarice Lispector, entre muitos outros. O pior é ver dentro das igrejas uma sub-arte, ouvindo por aí que a música feita/cantada no louvor congregacional não é arte, não pode ser arte, distinguindo totalmente uma da outra.
Em Tito 1:15 diz: Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. E também em João 17: 14-15: Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.
Nesses excertos da Bíblia podemos entender que não é o que entra que contamina o homem, mas sim o que sai e o mais importante é aquilo que está dentro de nós. A Escritura diz que todas as áreas da nossa vida, mesmo aquelas que parecem menos puras ou menos espirituais, devem glorificar a Deus. No entanto, quando falamos da questão mais artística da coisa, muitos cristãos acham difícil apreciar a arte que lida com a vida diária, principalmente se essa não apresenta uma conclusão evidentemente espiritual.
Podemos exemplificar esse problema naquilo que é conhecido como música cristã/gospel. A música gospel é a única categoria musical reconhecida na indústria fonográfica que é definida inteiramente pelo conteúdo lírico e não pelo estilo musical. Por exemplo, quando há alguns festivais de música e algum cantor gospel ganha nessa categoria, não é definido se ele canta Samba, Rock ou Jazz. Não, não, ele canta música gospel.
Quando a arte tenta incutir alguma coisa na nossa cabeça, acaba virando uma arte ruim. Por exemplo, vários artistas foram contratados na época da Revolução Russa para impregnar na mente das pessoas o Comunismo, logo, a arte nesse caso, foi usada de uma forma ruim. Assim que os cristão pensam em arte como algo para ganhar o mundo para Cristo, cria-se uma expectativa irrealista das artes, onde os artistas são pressionados injustamente. Espera-se automaticamente que os compositores componham "músicas cristãs". Mas, o que constitui de fato a música cristã? Esse compositores são incentivados a ignorar as coisas comuns da vida porque essas não oferecem a oportunidade de testemunho, são como pessoas que só conseguem conversar sobre "o quanto o Senhor tem sido bom", mas não conseguem agregar Deus, por exemplo, no tempo, na economia, política, sistema educacional do país etc.
A fé em Cristo deve nos dar uma nova visão sobre o mundo, mesmo nas coisas mais simples da vida. Poxa, se um poeta quiser falar sobre o nariz, deixe que fale, oras. A arte feita por cristãos deve refletir essa vida por completo. Temos uma tendência dualista em dizer que somente as coisas do espírito importam, claro que importam e muito; mas não vivemos só isso na nossa vida.
Viva Cristo, viva a arte!
Nesse texto, me baseei muito no capítulo 4 da obra de Steve Turner, "Cristianismo Criativo?" e nas aulas que o Rev. Christian está lecionando para nós na ED.
Fernanda Marques
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