sábado, 2 de maio de 2015

Game of Thrones versão bíblica - parte do meio

O Eufrates cruzando a capital dos caldeus. Aqui, dois reis se tornaram um.

Os caldeus e assírios (1800 a.C.) eram descendentes dos sumérios (3000 a.C.) e herdaram muito de sua cultura e religião. Possuíam deuses ligados à natureza e aos homens. Cada cidade possuía seu deus-patrono. Na capital Babilônia era reverenciado o deus supremo, Marduk*. Ele aprisionara o dragão do caos Tiamat (sim, o mesmo de Caverna do Dragão) e organizara o mundo. Por fim, Marduk criou os homens para que administrassem sua obra, dando-lhe descanso. Alguns textos chamam Marduk pelo nome Bel (bem semelhante de fato a Baal), que na verdade é um título equivalente a ‘Senhor’.

Os reis babilônicos eram necessariamente sacerdotes de Marduk. Isso não impedia que se referissem a outros deuses como Nebo/Nabu, do qual vêm os nomes de Nabopolassar e Nabucodonosor (literalmente: ‘Nabu, proteja meu herdeiro’). Nabu era o grande escriba, que escrevia os destinos dos homens. De Nabu e outros deuses haviam imagens sagradas, que eram levadas à capital Babilônia por ocasião do ano novo, para se juntarem ao deus supremo Marduk, numa cerimônia conduzida pelo próprio rei. Isaías fala algo dessa procissão:

Bel se inclina, Nebo se abaixa; os seus ídolos são levados por animais de carga. As imagens que são levadas por aí, são pesadas, um fardo para os exaustos. Juntos eles se abaixam e se inclinam; incapazes de salvar o fardo, eles mesmos vão para o cativeiro. (Isaías 46.1-2)

Era costume babilônico, ao conquistar uma cidade, levar “cativas” as suas imagens sagradas. Ao invés de destruí-las, eram postas aos pés do deus conquistador ou no palácio do novo rei. Mais tarde, eram devolvidas às cidades originais e passavam a “prestar culto” ao seu novo soberano, na procissão que Isaías relata. Qual não deve ter sido a surpresa do babilônicos ao encontrar o Templo dos judeus sem imagens! Talvez isso justifique o fato de que Nabucodonosor levou ao palácio de Babilônia os vasos e recipientes cerimoniais, ao invés de derretê-los como metal precioso comum:

Então trouxeram as taças de ouro que tinham sido tomadas do templo de Deus em Jerusalém; e o rei e os seus nobres, as suas mulheres e as suas concubinas, beberam nas taças. (Daniel 5.3)

SAI NABUCODONOSOR, O REI SOL

Os nomes na família real de Babilônia revelam a devoção aos deuses locais: os filhos homens de Nabucodonosor chamavam-se Evil-Marduk (referido como Evil-Merodake pelos judeus), Marduk-shum-utsur e Marduk-nadin-achi. Seu irmão mais novo era Nabu-shum-lishir. Os suntuosos templos que o rei conquistador construiu para Marduk, Nabu e outras divindades também dão a entender que se tratava de um soberano particularmente religioso. As inscrições que ele deixou nas suas obras sempre continham hinos e terminavam com uma prece. Nabucodonosor e sua família ainda ofereciam grandes oferendas em alimentos aos deuses Marduk e Nabu. O apócrifo Bel e o Dragão, extensão do livro de Daniel, fala algo sobre isso:

Ora, os babilônios tinham um ídolo chamado Bel, cuja despesa diária era de 12 artabes de farinha, 40 carneiros e 6 medidas de vinho. O rei prestava culto ao ídolo e diariamente ia adorá-lo. (Daniel 14.2-3)

O profeta Daniel relata que Nabucodonosor foi derrubado por Deus devido a sua soberba, sendo acometido de insanidade e vivendo 7 anos como um animal.

Quando o rei estava andando no terraço do palácio real da Babilônia, disse: "Acaso não é esta a grande Babilônia que eu construí como capital do meu reino, com o meu enorme poder e para a glória da minha majestade? " As palavras ainda estavam nos seus lábios quando veio do céu uma voz que disse: "É isto que está decretado quanto a você, rei Nabucodonosor: Sua autoridade real lhe foi tirada. Você será expulso do meio dos homens, viverá com os animais selvagens e comerá capim como os bois. Passarão sete tempos até que admita que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer".
A sentença sobre Nabucodonosor cumpriu-se imediatamente. Ele foi expulso do meio dos homens e passou a comer capim como os bois. Seu corpo molhou-se com o orvalho do céu, até que os seus cabelos e pêlos cresceram como as penas de uma águia, e as suas unhas como as garras de uma ave. (Daniel 4.29-33)

Daniel relata diversas vezes a reverência de Nabucodonosor ao Senhor Javé, no entanto as construções e inscrições do próprio rei deixam claro que Nabucodonosor era devoto de Marduk e outras divindades babilônicas. De fato, apenas Daniel relata esse misterioso episódio da vida do soberano, o que coloca algum questionamento em sua narrativa. Mesmo assim, não era improvável que doenças como cisticercose, sífilis ou epilepsia produzissem episódios de delírio até mesmo nos reis. O historiador Heródoto, por exemplo, relata que Cambises II da Pérsia (rei de 530 a 522 a.C.) era tomado freqüentemente por convulsões, que o deixaram transtornado por vários anos. Entretanto, Cambises não deixou o palácio nem foi banido pelos súditos, mesmo tendo ordenado execuções em massa, incluindo de familiares. Porque o temido e riquíssimo Nabucodosor seria deixado ao relento?

Há um consenso de que o livro de Daniel talvez tenha confundido as histórias de dois grandes reis: Nabucodonosor e Nabonidus. Ambos foram reis poderosos e profundamente religiosos. No entanto, Nabucodonosor era devoto de Marduk e Ishtar, os supremos do panteão babilônico, enquanto Nabonidus era devoto da deusa Sin (lua).

ENTRA NABONIDUS, O REI LUA

Nabonidus liderou uma rebelião contra o governo da família de Nabucodonosor, já bastante enfraquecida por disputas internas de poder depois da morte do soberano. Ele era um plebeu, líder revolucionário. Matou o último descendente de Nabucodonosor, o pequeno Laborosoarchodus, assumindo o trono da Caldéia. Aparentemente, era filho de uma sacerdotisa da deusa Sin na cidade de Harran, a última cidade assíria em território caldeu. Possivelmente Nabonidus tinha suas raízes no povo assírio, o que contribuiu para suas diferenças com o povo babilônico.

Como o grande monarca que o precedeu, Nabonidus era profundamente religioso e intelectual. Como a linhagem de Nabucodonosor, ele concedeu grandes privilégios aos nobres judeus na Caldéia, embora algumas fontes dos judeus coloquem-no como um terrível opressor. Nabonidus iniciou obras de escavação arqueológica na antiga capital assíria (Nínive), reconstruindo o santuário do antigo rei Naran-Sin. Tentando instaurar o culto de Sin em Babilônia, o rei encontrou forte resistência dos sacerdotes locais e acabou viajando ao santuário/oásis dos sábios de Tayma, onde passou 7 anos dedicando-se à vida sacerdotal. Nesse tempo, a Caldéia ficou sob o governo de sua rainha e seu filho Belsazar/Baltazar.

Tayma era uma rota importante para as caravanas viajando entre o Golfo Pérsico e o Egito. Supostamente o nome do local vem de uma divindade suméria muito antiga, o dragão Tiamat. Com a estadia do rei ali, o santuário foi enriquecido com luxuosos prédios e templos.

Então peguei o cálice da mão do Senhor, e fiz com que dele bebessem todas as nações às quais o Senhor me enviou: Jerusalém e as cidades de Judá, … os reis das ilhas e das terras de além do mar; Dedã, TEMA, Buz e todos os que rapam a cabeça; e os reis da Arábia e todos os reis dos estrangeiros que vivem no deserto … e todos os reinos da face da terra. Depois de todos eles, o rei de Sesaque também beberá do cálice. A seguir diga-lhes: ‘Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Bebam, embriaguem-se, vomitem, caiam e não mais se levantem, por causa da espada que envio no meio de vocês’. Mas se eles se recusarem a beber, diga-lhes: ‘Assim diz o Senhor dos Exércitos: Vocês vão bebê-lo! (Jeremias 25.17-28)

Acerca de Edom. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Acaso não há mais sabedoria em TEMÃ? Pereceu o conselho dos entendidos? Corrompeu-se a sua sabedoria? (Jeremias 49.7)

Portanto assim diz o Senhor DEUS: Também estenderei a minha mão sobre Edom, e arrancarei dela homens e animais; e a tornarei em deserto, e desde TEMÃ até Dedã cairão à espada. (Ezequiel 25.13)

Muitas das inscrições de Nabonidus referem a ele como filho de Nabucodonosor. Aparentemente, o novo rei tentava colocar-se como um continuador da linhagem real que ele mesmo destruíra. Aparentemente isso teve algum sucesso, pois o ano novo de Marduk não foi celebrado em Babilônia enquanto Nabonidus esteve em Tayma, gerando uma grande insatisfação dos sacerdotes da capital, que muito contribuíram depois para estragar a imagem do rei.

Na antigüidade, era comum que os nomes de grandes reis fossem usados pelos sucessores como uma espécie de título. Isso se deu, por exemplo, com Júlio César: até o século 19, os imperadores russos se intitulavam “czares”. Assim, muitos historiadores acreditam que o episódio de loucura de Nabucodonosor relatado por Daniel, na verdade, se refira ao governo de Nabonidus usando o título de "Nabucodonosor" e sua “insana” estadia sacerdotal nas terras “selvagens” de Tayma.

Ao final de 7 anos, o rei “voltou à razão”, retornou para seu palácio em Babilônia e Belsazar organizou o ano novo de Marduk como uma soberba comemoração.

UMA FESTA PARA SER LEMBRADA

Em 539 a.C., por ocasião do retorno do rei e da comemoração do ano novo de Marduk, Belsazar organizou uma festa memorável no palácio de Babilônia. Nabonidus, no entanto, tinha outros propósitos religiosos para a festa. Ele ordenou que todas as imagens sagradas fossem levadas a Babilônia pra prestar-lhe culto:

No mês de Abu [talvez março/abril], Lugal-Marada e os outros deuses da cidade de Marada, Zabada e os deuses de Kish, a deusa Ninlil e os outros deuses de Husagkalam visitaram Babilônia. Até o final do mês Ululu, todos os deuses de Acádia - do alto e de baixo - entraram na cidade. Os deuses de Borsippa [Nabu!], Cutha e Sippar não entraram. (Crônicas babilônicas)

Daniel relata um acontecimento sobrenatural nesse suntuoso banquete, que marcaria o fim da Caldéia:

Certa vez o rei Belsazar deu um grande banquete para 1000 dos seus nobres, e eles beberam muito vinho. Enquanto Belsazar bebia vinho, deu ordens para trazerem as taças de ouro e de prata que o seu predecessor, Nabucodonosor, tinha tomado do templo de Jerusalém, para que o rei e os seus nobres, as suas mulheres e as suas concubinas bebessem nessas taças. Então trouxeram as taças de ouro que tinham sido tomadas do templo de Deus em Jerusalém; e o rei e os seus nobres, as suas mulheres e as suas concubinas, beberam nas taças. Enquanto bebiam o vinho, louvaram os deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra. (Daniel 5.1-4)

Uma mão apareceu a escrever na parede algo que ninguém podia interpretar, quando Nabonidus chamou Daniel e ele leu-lhe "Esta é a inscrição que foi feita: MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM. E este é o significado dessas palavras: Mene: Deus contou os dias do teu reinado e determinou o seu fim. Tequel: Foste pesado na balança e achado em falta. Peres: Teu reino foi dividido e entregue aos medos e persas". (Daniel 5.25-28). Daniel apenas diz que, na mesma noite, a Caldéia foi tomada e Nabonidus, bem como seu filho Belsazar, mortos.

O historiador Heródoto tem uma versão menos sensacional sobre a queda de Babilônia. Revelando uma personalidade feminina importante na história, ele descreve a esposa de Nabonidus, Nitócris, construindo um grande canal e um lago para onde podiam desviar as águas do Eufrates mediante o movimento de uma grande pedra. Isso permitiu secar o leito do rio para a construção de uma série de pontes ligando os dois lados de Babilônia. Quando Ciro, o persa, empreendeu sua expedição contra Babilônia, utilizaram o rio para entrar na cidade.

Finalmente, ou porque concluísse por si mesmo sobre o que devia fazer, ou porque alguém, vendo-o em dificuldades, o aconselhasse, o príncipe tomou a seguinte resolução: Colocou o exército, parte no ponto onde o Eufrates penetra na Babilônia, parte no local onde o rio deixa o país, com ordem de invadir a cidade pelo leito do mesmo, logo se tornasse vadeável. Com o exército assim distribuído, dirigiu-se para o lago com algumas tropas menos aguerridas. Ali chegando, a exemplo do que fizera a rainha Nitócris, desviou as águas do rio para o lago pelo canal de comunicação. As águas se escoaram, e o leito do rio facilitou a passagem. Sem perda de tempo, os Persas postados nas margens entraram na cidade, com as águas do rio dando apenas pelas coxas. Se os Babilônios tivessem sido instruídos com antecedência sobre o propósito de Ciro, ou se o percebessem no momento da execução, poderiam ter feito perecer todo o exército, evitando a invasão da cidade; bastaria fechar as portas que conduzem ao rio e atacá-lo do muro marginal; os soldados seriam apanhados como peixes na rede. A verdade é que os Persas surgiram quando eram menos esperados, e, a acreditar no depoimento dos Babilônios, quando os pontos extremos da cidade já se achavam em poder do inimigo, os defensores que se encontravam na parte central ainda não tinham conhecimento disso, tão grande era ela. No momento em que se deu a invasão, os Babilônios estavam realizando um festim, e, longe de imaginar que um perigo iminente os ameaçava, entregavam-se aos prazeres e às danças. Quando se inteiraram da situação, era demasiado tarde. Assim Babilônia foi tomada pela primeira vez. (Heródoto, Clio 91)

Outro historiador, Xenofonte confirma a ocasião da invasão de Babilônia pelos generais de Ciro:

Não sera de admirar - diziam os que acompanhavam Gobrias - se acharmos abertas as portas do palácio, porque parece que toda a cidade tem estado esta noite mergulhada nas delicias de um suntuoso festim; mas talvez encontremos adiante das portas uma guarda, que sempre aqui costuma ser postada. (Ciropedia, livro 7)

Xenofonte concorda com Daniel ao dizer que o rei foi encontrado “em pé, com a espada desembainhada, e ali morreu”.

O historiador romano Eusébio de Cesaréia (260-340 d.C.) conta ainda uma outra versão, onde Nabonidus fugiu com uma tropa para Borsippa, sendo perseguido e capturado por soldados de Ciro. O novo rei da Caldéia então teria lhe dado terras na Carmania, onde ele viveu até o fim de seus dias.

PRÓXIMOS DA LIBERDADE

Nabucodonosor havia levado os judeus cativos para Babilônia, onde viveram sob sua linhagem e o breve governo da família de Nabonidus, após uma revolução popular. Babilônia então foi atacada e tomada pelo general persa Ciro, que mais tarde seria conhecido como Ciro, o Grande. Os judeus foram poupados pelo novo governante, que a Bíblia dirá ser o único rei não-judeu abençoado por Deus:

Assim diz o Senhor, o seu redentor, que o formou no ventre: Eu sou o Senhor, que fiz todas as coisas, que sozinho estendi os céus, que espalhei a terra por mim mesmo, … , que diz acerca de Ciro: ‘Ele é meu pastor, e realizará tudo o que me agrada; ele dirá acerca de Jerusalém: "Seja reconstruída", e do templo: "Sejam lançados os seus alicerces" ’. (Isaías 44.24-28)

Sobre a queda de Babilônia, no entanto, o profeta Jeremias prediz uma devastação da cidade e fuga dos judeus sem haver quem os conteria:

Anunciem e proclamem entre as nações, ergam um sinal e proclamem; não escondam nada. Digam: ‘A Babilônia foi conquistada; Bel foi humilhado, Marduque apavorado. As imagens da Babilônia estão humilhadas e seus ídolos apavorados’. Uma nação vinda do norte a atacará, arrasará a sua terra e não deixará nela nenhum habitante; tanto homens como animais fugirão. "Naqueles dias e naquela época", declara o Senhor, "o povo de Israel e o povo de Judá virão juntos, chorando e buscando o Senhor seu Deus. (Jeremias 50.2-4)

Esta é a mensagem que Jeremias deu ao responsável pelo acampamento Seraías, filho de Nerias, filho de Maaséias, quando ele foi à Babilônia com o rei Zedequias de Judá no quarto ano do seu reinado. Jeremias escreveu num rolo todas as desgraças que sobreviriam à Babilônia, tudo que fora registrado acerca da Babilônia. Ele disse a Seraías: "Quando você chegar à Babilônia, tenha o cuidado de ler todas estas palavras em voz alta. Então diga: ‘Ó Senhor, disseste que destruirás este lugar, para que nem homem nem animal viva nele, pois ficará em ruínas para sempre’. (Jeremias 51.59-62)

Embora a conquista da cidade pelos persas não tenha sido necessariamente pacífica, Babilônia ainda seria uma cidade importante no Oriente por mais uns 250 anos. Como predito por Isaías e registrado no livro de 2ª Crônicas, os judeus foram libertados pacificamente e retornariam a Jerusalém como um projeto do próprio imperador Ciro. Ciro capturou a cidade em 539 a.C.; sua independência religiosa foi mantida até pelo menos 331 a.C., com a chegada de Alexandre o Grande. Babilônia só foi despovoada por volta de 275 a.C., com as lutas pelo poder entre os generais de Alexandre. A história conta que os habitantes de Babilônia foram deportados para Selêucia, uma cidade-estado que servia de colônia grega nas marges do rio Tigre.

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*A vaca carregando o sol era curiosamente, o símbolo do deus egípcio Ápis (adorado pelos judeus rumo a Canaã), de Marduk e de Bel/Baal.

PERGUNTE À ESFINGE

Babylonian Chronicles - wikipedia (traduções)
Belshazzar - wikipedia
Daniel (biblical figure) - wikipedia
Eusébius, Crônica dos Caldeus, 14
Heródoto, História, Clio 186-191
Heródoto, História, Euterpe 33
List of kings of Persia - wikipedia
Marduk - wikipedia
Nabonidus - wikipedia
Nabu - wikipedia
Nebuchadnezzar II - wikipedia
Xenofonte, Ciropedia, livro 7

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