sábado, 27 de agosto de 2011

Blandina - um pouquinho de história

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Na ânsia de contrapor todos os aspectos do catolicismo - do qual estava se desvencilhando - a Reforma Protestante criou um contexto cristão ignorante sobre a própria história. Os católicos misturavam história com fé, os protestantes abandonaram qualquer educação histórica dos fiéis. Apesar disso, ela continuou existindo... com bons exemplos do que se pode aprender. Segue um pouquinho disso.

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Era o ano 177 dC em Lyons, região da Gália (atual França). A Gália então era uma província controlada pelo império romano. O Cristianismo tinha chegado a Lyons em 152 dC, através de Policarpo de Smyrna (Turquia) que tinha enviado o missionário Pothinus para a Gália. Quando a igreja cresceu, a perseguição romana aos cristãos começou.

Os cristãos foram proibidos de ter comércios e expulsos de suas casas. O povo tinha autorização para bater, apedrejar e roubar os cristãos. As autoridades podiam prendê-los por qualquer motivo. Quando eram presos por autoridades da cidade, os cristãos que confessavam sua aliança com Cristo eram torturados.

Por que os cristãos eram perseguidos? Após a morte do imperador Augusto em 14 dC, ele foi declarado divino, e fizeram santuários comemorando sua divindade. Todos os imperadores romanos depois dele foram reconhecidos como sendo deuses. Além desse “deus” imperador, os romanos tinham muitos deuses pagãos (ou seja, deuses locais, de cada província ou cidade), e não lhes prestar homenagem significava ganhar a desaprovação do povo.

Quando o cristianismo começou, era visto como uma seita dentro do judaísmo. Pela desaprovação dos judeus e dos romanos, por muito tempo os cristãos mantiveram "em segredo" suas atividades. Haviam lendas sobre os cristãos comerem pessoas e coisas desse tipo. Quando algo ruim acontecia, os cristãos eram apontados como os culpados, por não adorar os deuses.

Em 196 dC, o historiador e teólogo Tertuliano escreveu: "Os cristãos são culpados por cada calamidade pública e ou infortúnio que se abate sobre o povo. Se o rio Tibre causa enchentes, se o Nilo não inunda os campos, se não chove, se há um terremoto, fome ou peste, logo gritam: “Joguem os cristãos aos leões!".

No ano 202 dC, o cristianismo e o judaísmo foram declaradas religiões proibidas em Roma.

Uma das piores perseguições aos cristãos aconteceu na Gália. As prisões já estavam cheias de cristãos. Já existiam autoridades cristãs (bispos) e, no ano de 177 dC, o próprio bispo Pothinus e todos que o acompanhavam foram condenados à morte. Até o dia da execução, eram torturados para ver se renegavam a Cristo. Uma tortura muito usada era queimar as pessoas com ferros em brasa ou amarrá-las sentadas sobre um braseiro. Sanctus, um diácono de Viena que sobreviveu às torturas, contava que queria ser "um exemplo para o outros, mostrando que nada é temível onde está o amor do Pai, e nada é doloroso onde há a Glória de Cristo."

Um dos que acompanharam a prisão de Pothinus foi Blandina, uma escrava, que foi presa junto com seu mestre. Seus companheiros acreditavam que ela não sobreviveria à tortura, por causa de sua fragilidade física. Quando foi torturada, ela resistiu ao ponto de cansar os que a açoitavam. A história de um dos confessores de Lyons, ilustra o que aconteceu:

Todos nós ficamos aterrorizados com Blandina, que estava entre os mártires do conflito. Blandina foi preenchida com tal força que os homens foram se revezando para torturá-la desde o amanhecer até o anoitecer. Estavam cansados ​​e exaustos. Eles próprios admitiram que não havia mais nada que pudessem fazer a ela. Ficaram surpresos que ela ainda respirasse, pois todo seu corpo estava quebrado e rasgado. No dia marcado para os jogos de gladiadores, Blandina, junto com três de seus companheiros, Maturus, Sanctus e Átalo, foram levados para o anfiteatro.

01 de agosto. Este dia era um feriado para celebrar a grandeza de Roma e do imperador. Nessas ocasiões, o governador mostrava seu patriotismo oferecendo espetáculos públicos de luxo para toda a população da cidade. Como esses espetáculos eram muito caros - era preciso contratar gladiadores profissionais, boxeadores, espadachins. No ano anterior, o imperador havia permitido substituir os gladiadores por criminosos condenados ou estrangeiros, oferecendo sua tortura e execução ao invés das lutas. No dia do feriado, depois de serem torturados, 48 cristãos foram levados ao anfiteatro para serem jogados às feras e "entreter" a multidão.

Blandina foi pendurada em um poste e exposta como isca para os animais selvagens (tigres, leões, etc) que foram soltos em cima dela. Por sua fervorosa oração, ela despertou entusiasmo intenso naqueles que estavam assistindo. Ela conseguiu ter forças para encorajar os que iriam ser mortos a manterem-se fiéis a Quem tinha lhes dado a vida. Os outros morreram, mas as feras não a tocaram. Como nenhum dos animais a tocou, ela foi tirada do poste e levada de volta à prisão. Finalmente, no último dia dos jogos de gladiadores, trouxeram Blandina de volta. A açoitaram, jogaram cães para a morderem, fizeram-na assentar numa chapa de ferro quente. Por fim a amarraram com uma rede e fizeram com que um touro bravo a chifrasse. Ainda viva, ela dizia que a morte não tinha lugar em sua vida, pois o Senhor havia vencido a morte por ela.

As autoridades, sem ter o que fazer, mandaram os soldados esfaquear Blandina.

Mt 13. 44Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas. E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.

Um comentário:

  1. eu já tinha ouvido a história dessa grande guerreira pelo pastor João filho (de Patos na Paraíba), mais lendo dá pra ter uma ideia mais profunda, estou atônito com tanta fé e coragem dessa mulher.

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