segunda-feira, 18 de abril de 2011

MPC - Música Popular Cristã


por Luiz Monaro Soares

Lc 11.12. "E [Jesus] contou: Um certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.

Havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi, chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. Tornando em si, disse: Quantos servos de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus servos. Levantando-se, foi para seu pai.

Quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão. Correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.

O filho mais velho estava no campo. Quando veio, chegou perto de casa e ouviu a música e as danças. Chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Então se indignou, e não queria entrar. Saindo o pai, instava com ele e, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se."

A parábola do filho pródigo é amplamente difundida e conhecida. Cristãos, não-cristãos, ateus, agnósticos. Todos conhecem a história do filho perdido que foi encontrado (ou que se encontrou!). Quem aqui nunca se deliciou e se emocionou com os versos do grande Stenio Marcius, cantando a dor do pai do filho pródigo? Sempre esperançoso de encontrar "quem diziam já estar perdido".

E ontem, enquanto assistia ao programa Profissão Repórter, da Rede Globo, conheci vários pais assim. Todos esperando por seus filhos pródigos. E esses pais sabem exatamente onde estão seus filhos. Eles estão caídos no vício. São apenas mais um em meio a uma multidão de sombras na Cracolândia. Uma história ali me chamou demais a atenção. E me fez lembrar os versos de Stenio. Um senhor já idoso, cabeça branca, como o pai da canção de Stenio. Semblante triste, cansado e abatido. De sotaque nordestino forte, conta à repórter sua dor. Ele não espera a volta de um filho. No seu caso, ele deseja a volta da filha pródiga.

Talvez ela não tenha pedido a parte que lhe cabia na herança do pai (talvez, eles nem tenham condições para isso). Mas, com certeza, ela deixou a segurança do lar, o amor da família e o carinho dos amigos. E deixou pra trás, também, um pai vivendo à sua espera. O amor desse pai é tão forte, mais que o inferno e a morte, cantaria Stenio, e isso faz com que ele não deixe de procurar sua filha um dia que seja. Empunhando a foto dela, aquele senhor vai a lugares que muitos de nós não teríamos coragem de ir. Procura ela entre cobertores sujos, pessoas amontoadas na calçada, no meio do lixo. Mas nunca perde a esperança.

Assim como o pai do filho pródigo, esse senhor também já prepara a festa para o grande dia da volta. Só que, ao invés de "roupas e anel" ou "vinho do melhor tonel", um quarto. Simples.

Mas, só para a filha. Como ela sempre desejara. Feito com muito amor, esforço e com as próprias mãos. No mais íntimo de sua alma, aquele senhor sabe que, um dia, sua filha voltará. Pois, "seu amor é tão forte, mais que o inferno e a morte, são torrentes que arrebentam o chão. Mais fácil secar os mares, apagar a estrela Antares, que arrancar o amor do seu coração."

Enquanto isso, ele espera, todo fim de tarde, debruçado no portão.

------------------------------------------------
Luiz Monaro Soares, bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo, professor, autor do blog Avante, Cultura, desde pequeno apaixonado por literatura, artes e cultura, é membro da Primeira Igreja Batista de Mauá. Esta postagem foi ditada na íntegra de http://www.cristianismocriativo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=614&Itemid=70.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe um comentário!