segunda-feira, 14 de março de 2011

Um passo depois da tragédia


Na última 6ª feira 11/mar, um terremoto danificou as cidades no norte do Japão. O país é uma área geologicamente ativa, enfrenta até 20% de todos os tremores fortes (> 6.0 na escala Richter) do mundo, por isso não sofreu tanto. Mas depois, uma parede de água de 10m adentrou o país, destruindo tudo, matando e desabrigando as pessoas. Vários dos reatores nucleares que abastecem uma das economias mais aquecidas do planeta foram avariados, ameaçando explodir e derramar nos céus sua carga radioativa, além de privar o país de eletricidade. Alguém se lembra de Chernobil? Já existem pessoas contaminadas, devido ao vazamento de gases dos reatores. Não faz muito tempo, lembro dos noticiários com vulcões em erupção no Havaí e Filipinas (no Japão também!), soterramento de famílias no Rio de Janeiro, Santa Catarina, terremoto no Haiti e guerras no Oriente Médio. Não parece um mundo tranqüilo, esse aqui.

Às vezes, parece que Deus não se importa conosco (principalmente se estamos no meio da tragédia), não liga para os atingidos ou talvez até queira matar todos eles (porquê?). Muita gente (séria) teoriza sobre isso, fala e desfala. No fundo, ninguém pode dizer como Deus participa disso, se gosta ou sofre, se só assiste ou se age com algum propósito. Não sabemos! A Bíblia não mostra Deus sendo surpreendido, mas Ele não revelou a Jó os Seus propósitos enquanto o deixava SER o pão que o diabo amassou (literalmente). Talvez Ele simplesmente não fale muito sobre isso, precisamos respeitá-lo.

Mas lembro de algo nas reportagens sobre o desastre do Haiti. Vi pessoas em barracas se reunindo no meio da noite para orar. Talvez elas nem se conhecessem, antes do terremoto! No desastre em SC, doações vieram de todos os cantos (tantas que não conseguiam distribuir) e pessoas que perderam tudo se juntaram para reconstruir o que foi perdido. Nas avalanches de barro do Rio de Janeiro, desconhecidos arriscaram as vidas (e às vezes perdendo-as) para se ajudarem, e pessoas sem teto ajudavam a levar mantimentos. Sem que nenhum desastre agudo/rápido ocorresse, lembro de ver miseráveis (no sentido econômico da coisa) buscando juntos o rejeito do Ceagesp, cuidando das crianças uns dos outros, servindo café em balde para os que iriam buscar emprego. A pobreza não é uma destruição em dose única, mas também consome as pessoas, pouco a pouco.

Isso faz a gente lembrar que procuramos mais a Deus quando não temos outro lugar para nos apoiar. Se até nossos olhos "nublados" vêem que os desastres produzem beleza digna de ser admirada, o que Ele não pensará? Não adianta teorizar se Deus tem algo com a catástrofe, mas Provérbios 3 diz para O reconhecermos em nossos caminhos. Enquanto vivos, tais tragédias nos deixam bem claro QUANDO e COMO podemos estender a mão para praticar o amor do qual Jesus falava (e praticava). Isso pode ser orar por alguém muito distante, mas pode ser realmente gastar tempo e recursos seus com alguém que talvez não te importe muito, mas pelo qual o Senhor quis dar a vida.

Se o que ocorreu (e está ocorrendo) pelo mundo ao menos te faz agradecer por mais um dia sem fome, inundações, tremores, desastres nucleares ou erupções, porque não dar um passo a mais?

Fabrizio

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