Façamos um paralelo.
Os Animistas crêem que árvores, pedras, riachos, animais, etc têm alma, essa alma interfere com o mundo, e que alteram o mundo mexendo com a alma das coisas. Foi sobre isso que Deus contou a Jeremias (Jr 3:9), pois Ele não queria que Seu povo se desse a “paus e pedras”. Já os cultos Afro vêem poderes em desenhos, rituais, plantas, comidas, etc e assim falam com os espíritos por detrás do mundo: o modo de agir diz a que espírito alguém está filiado, e o espírito o atende. Os cristãos Católicos dão diplomacia entre Deus e o homem para almas “abençoadas”, de alguma relação com suas imagens. Virando a imagem de cabeça para baixo num copo d’água, orando junto dela ou mesmo tocando-a, os “abençoados” ajudam os homens em suas petições. E há os cultos de possessão, onde sem dúvida alguma os mundos dos homens e dos deuses/espíritos definitivamente se cruzam. Alguns até acrescentam O Chá nessa comunhão, para facilitar a conversa. Não estou aqui para discutir ritos, é só um paralelo.
Entre (nós) os cristãos Evangélicos, o divino tomou dois rumos: nalguns lugares, toda esquisitice é obra do Espírito Santo, de urros ininteligíveis a adivinhações e rolamentos pelo chão. Não sei qual o propósito Dele nisso, mas dizem que há. Noutros lugares, Deus é abstrato, não O retratam, não O tocam, ninguém sabe que Ele existe senão por acreditar que é assim. Foi-se o contato com o sobrenatural, virou um “ir ao culto e escutar sermão” com horários fixos na semana, e só. Seria isso a obra Divina na vida de alguém? Penso que não, tanto indo pelas “esquisitices” quanto pela “abstração”. São duas extremidades do mesmo barco, que vai... sabe-se lá para onde.
Então, qual a diferença entre os outros cultos e o que fazemos, digo, na vida das pessoas? A igreja só é realmente a igreja da Bíblia se ela muda vidas, se facilita aparecerem amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si (Gl 5:22-23). Paulo parecia dizer que SE esses “frutos” não forem acrescentados, permanecemos “figueira sem figos” - leia-se inútil. Mas nunca é tão simples: embora Deus tenha Sua medida, nós também nos medimos e à nossa fé.
Sempre anseamos por domar o divino, nem que for só uma imagem Dele para lustrar quando se consegue uma bênção, quebrar se não consegue ou trocar quando achamos Algo melhor. Fazemos assim uns com os outros, não faríamos com Deus? Queremos milagres aqui e agora; alguém no qual possamos enjaular Deus (seja um padre, pastor, mãe/pai de santo, adivinho); ver o demônio se manifestando, sendo humilhado e espancado; queremos um lugar santo para ensinar onde é; queremos o jeito certo de arrancar a graça de Deus; desejamos saber “de cara” quem não está incluso no (nosso) mundo da santidade.
A Bíblia foi escrita por muitas mãos, mas infelizmente não atende nossos pré-requisitos humanos. Segundo ela, uma pessoa boa pode orar e receber um NÃO de Deus, sem explicação (Jr 14:7-11). Perseguidores dos Seus filhos podem ser feitos pregadores (e os que se ajoelharam?) (At 9). Ele abençoa (1Rs 3:7-14) e humilha reis (1Sm 15:23-28), depois chama pobres turrões para EDIFICAR Seu reino (Mt 16:17-19). Não bastasse, Ele fala em qualquer caverna, estrada, deserto - não tem nenhum critério - e ainda afirma que nenhum templo que Lhe ofereçamos é digno (At 7:44-50). Jesus nos manda ser obedientes, mas Ele mesmo era um judeu tão subversivo que os mais respeitados O quiseram matar.
Esse Deus da Bíblia nós não sabemos manipular, e os Seguidores variam tanto que não os reconhecemos, nem os acharíamos mesmo se fôssemos nós mesmos. Pior: se buscamos em nós os Seus frutos, podemos estar sendo soberbos! Dificilmente algum grupo se dedicaria a seguir tal doutrina (impossível) e omitiria nem que fosse um “toque” humano - para servir aos olhos. Para diferir do vazio “ir e escutar sermão (louco)”, vários apelam para todas as qualidades humanas/agradáveis buscáveis em Deus: um preço a pagar, defeitos (que não somos bobos de apontar), ser muito ocupado, submissão a regras, mistérios, inimizade, luta contra algo/alguém, ciúme, ira, disputas antiqüíssimas, mortes, inveja, (des)prazer em alimentos e bebidas, certas vezes até um salário Lhe garantem (para que sustente Sua família) (veja de novo Gl 5:19-21). Mas isso também fazem os animistas, candomblés, pajés, etc, que não são menos humanos...
O “Deus invisível” da Bíblia, às vezes, vira o “Deus impalpável” nosso, a quem tememos sem saber SE existe. E nenhuma forma foi achada ainda de prová-lo, pois nos falta COMO ver a fé, seja a nossa fé ou a fé Dele em nós. Tendo fé, você fala com Ele (e pode saber Dele sem que nada mude) mas nada prova, e sem fé talvez nem os mortos revivendo ou o mar se abrindo sejam conclusivos. Sempre há (mais de) uma explicação...
Infelizmente (e falo agora para quem tem fé), o “Deus invisível” parece gostar que o procuremos sem nove-horas, não esperando ser atendido ou rejeitado, de calção ou terno, na rua ou no mercado ou no templo, respeitando a lógica ou não, com a mesma certeza que temos quando escrevemos a alguém importante sem o endereço certo. Ele diz simplesmente “estou aqui”! Esse “Deus amigo”, por algum motivo, teria escolhido ser seu confidente, o melhor amigo, o pai e até seu Senhor, capaz de te salvar (de si e Dele mesmo). Mas Ele olha também para quem pisoteia você e/ou a sua fé, ainda que isso te deixe só meio feliz.
Esperamos que a Igreja nos facilite os figos. Figueiras com alguns figos, esse Deus superior a nós não deixa opções além de servir e amá-Lo.
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