sábado, 15 de janeiro de 2011

Tão cristãos nós somos...



É de Gandhi a famosa frase: “Eu gosto do seu Cristo… mas não de seus cristãos. Seus cristãos são tão diferentes de seu cristo”. Para completar seu pensamento, aquele que foi indicado cinco vezes ao Prêmio Nobel da Paz acrescentou: “Estou seguro de que se ele vivesse agora entre os homens, abençoaria a vida de muitos que talvez jamais tenham ouvido sequer seu nome”.

Gandhi estava absolutamente certo em relação à sua percepção do cristianismo. Boa parte dos cristãos não se parece nada com Cristo. O que é lamentável, porque o desejo de Jesus é que seguíssemos suas pisadas. Ele mesmo disse que deveríamos fazer nós também o que ele havia feito: servir, amar, promover a justiça e a paz. Quando, na forma de servo, lavou os pés dos discípulos, ele disse que tinha feito para eles assim também fizessem a outros.

Jesus deu grande ênfase na proposta de que fossemos um com ele, assim como ele era um com o Pai. Tivéssemos unidade, identidade, semelhança. Esse é o propósito final na obra de Cristo, o sonho de Deus para nós, que sejamos semelhantes a ele. Filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs de Jesus, nosso irmão mais velho.

Ser semelhante a Jesus é amar a Deus com todas as suas forças, com todo o entendimento e de todo o coração. E ao próximo como a si mesmo. E o próximo é mulher, homem, preto, branco, rico, pobre, índio, não índio, heterossexual, homossexual, religioso, ateu. Todos devem ser amados, sem discriminação.

Se todos amassem ao próximo como a si mesmos, o paraíso seria estabelecido na terra. Seria feita a vontade de Deus assim na terra como no céu. O Reino de Deus já estaria estabelecido. Porque esse é o amor absoluto, como diz François Varillon, com que Deus nos amou e nos ama, a ponto de morrer por nós. Eu não teria coragem de morrer por outros, talvez por algumas pessoas mais próximas, mas não por um desconhecido. Mas Deus, em Jesus, assim nos amou.

Como o bom samaritano, preciso aprender a amar e ajudar o pobre à beira do caminho, o vizinho necessitado, o familiar desassistido, o irmão que sofre. Esse amor tem se revestir de concretude para que eu vista o nu, dê comida ao faminto, água ao sedento, visite o preso e o doente, acolha o estrangeiro.

Ser semelhante a Cristo é abraçá-lo, olhar para ele e dizer: “quero ser como você quando crescer. Sei que não sou o que deveria ser, mas quero ser como você”. Diante de tudo isso, só me resta concordar com Gandhi. Os cristãos somos muito diferentes do nosso Cristo. Eu, de minha parte, estou tentando e desejando muito ser parecido com ele. Estou tentando.

Como o Márcio, autor desse artigo, todos estamos tentando. No entanto, é algo assustador imitar a Cristo (dado o que aconteceu ao autor desse ensinamento), mais ou menos como uma promessa de que, tomando esse rumo, você se tornará provavelmente alguém que nesse momento você acha muito difícil invejar. Alguém que o mundo (leia novamente e preste atenção: o mundo) todo certamente não espera ver na capa da Times ou em qualquer manchete de jornal, muito menos ainda sendo elogiado de alguma forma. Pense em alguém que você não inveja, alguém que talvez contrarie todos os seus valores. Ser ele não parece boa coisa... Quem não gostaria de ser admirado?

Jesus fez questão de não o ser: andou com os párias da sociedade, irritou os "socialmente elogiáveis" e ainda acabou sua carreira terrena de forma humilhante. É preciso verdadeira confiança em Deus para tomar um caminho desses na imaginação, quanto mais na prática!

Muito mais fácil é não fazer nada, ou receber algum elogio dos homens. Hoje mesmo, o que você fez (a mais) para imitar a Cristo?

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