sábado, 31 de março de 2018

O Cristianismo negro - 2ª parte

Imagens da antiga Edo, capital do reino de Benin, que resistiu ao colonialismo europeu até o final do séc. 19

leia a 1ª parte desse texto

O "Cristianismo negro" é uma série de artigos para levantar, de forma mais concisa, a aprticipação dos povos negros na história Cristã. Esta 2ª parte se refere ao lado Ocidental da África e sua ligação com o Cristianismo na América (do norte). Mais especificamente, estamos falando dos povos ao sul do Saara: Malí, Ghana, Songhai, Yorubá e Kongo. Nossa história ainda se divide em 2 períodos e lugares distintos: a planície dos rios Niger e Congo no primeiro contato com os europeus (séc. 15) e a mudança no Cristianismo Americano (sécs. 18 e 19).

OS EUROPEUS  DESCOBREM NOVOS REINOS

Boa parte do desconhecimento do Ocidente sobre a África se deve ao fato de que nossa história é quase toda registrada por europeus, e o continente africano ficou 1000 anos fechado para a Europa. Até a era das grandes navegações, não houve uma Cristianização da África, mas as disputas entre Cristãos e o Islã moldaram as fronteiras do continente.

No séc. 5 d.C., Roma deslocou para o norte da África o povo Vândalo¹, que se misturou às populações locais e contribuiu com a cultura Bérbere. Depois, os Vândalos invadiram/destruíram Roma e criaram um vácuo de poder que foi preenchido, no séc. 7, pelo Islã. A partir do séc. 11, os califas Almoravidas expandiram seu território desde o norte do Saara até a metade sul da Espanha e Portugal, fundando as dinastias Mouras/Mauras, com seus reis negros de exuberante riqueza. Os Mouros representaram um imenso avanço tecnológico e social na Europa medieval. Apenas no séc. 14, já sob ataque com armas de fogo, eles abandonaram suas citadelas e jardins fartos de cavalos, camelos, entalhes em pedras, azulejos coloridos feitos à mão, folheados a ouro e jóias.

Por isso, o Cristianismo só ultrapassou o Saara no séc. 15. E, mesmo assim, de forma muito fraca. Os impérios africanos na costa do Atlântico eram, na época, politicamente fortes e agiram contra a implantação do Cristianismo até o séc. 19, quando começaram a se desintegrar. E a Europa mesmo era palco de guerras entre os Cristãos: em 1517 ocorreria a tradução da Bíblia do latim para os idiomas “seculares” e seria oficialmente inaugurada a Reforma Protestante.

Havia ainda outras batalhas religiosas acontecendo. O Islã focalizava suas forças contra Bizâncio, a 2ª Roma. Constantinopla (hoje chamada Istambul) foi tomada em 1453 pelo sultão Mehmed (o conquistador) e a grande catedral de Santa Sofia foi templo e fortaleza dos Cristãos até sua invasão. Hoje, a Catedral tem aspecto de uma mesquita, mas funciona como um gigantesco museu. Longe dali, o Islã era repelido da Europa após 400 anos: Ceuta, no contato entre a África e a Espanha, havia sido invadida pelos portugueses em 1415. Até o ano de 1500, os portugueses e espanhóis teriam estabelecido portos em toda costa atlântica da África e mesmo chegado ao outro lado do Grande Oceano, para fundar suas colônias no Caribe, México, Brasil e Chile.

O norte da África foi território islâmico desde o séc. 7, governado pelos califas Umayyads (séc. 7), Idrisidas (séc. 8 a 10), Fatimidas (séc. 10 a 12), Almoravidas (séc. 11 a 12) e, depois, os Hafsidas (séc. 13 a 16). Quando os europeus voltaram à África, um dos primeiros contatos foi com o império Malí, no extremo Ocidente. Os Malí, Mandinka ou Mandinga formavam um império que floresceu entre os sécs. 13 e 16, na parte mais alta do rio Niger. Cresceram negociando com as caravanas que cruzavam o Saara, de oásis em oásis, para trocar sal e cobre (do norte) por escravos e ouro (do sul). Devido às caravanas, os Malí tiveram grande influência e aceitação do Islã. Alguns de seus reis Mansa chegaram mesmo a enviar peregrinações a Meca. Por aderirem ao Islã, os Malí também foram uma barreira para os europeus.

Apesar disso, produtos dos Malí chegavam aos europeus e vice-versa através de outros reinos comerciais, como o Yorubá, na parte baixa dos rios Congo e Niger. Por muito tempo, a faixa de mar junto ao território Yorubá teve nomes como “Costa do Marfim” ou “Costa do Ouro”. Eles eram um grande grupo étnico habitando onde hoje estão Ghana, Benin, Togo e Nigéria. Não eram apenas um império ou governo, mas uma grande república originada no reino Ife-Ife, considerado por eles como sagrado e a origem da humanidade.

Ife-Ife se consolidou no séc. 8, com cidades imensas, de mais de 100 mil habitantes, cercadas e repartidas em propriedades quadradas por altas muralhas de barro e madeira (ver foto). Na cultura Yorubá, cada cidade era regida por um Obá, seu príncipe (Aremo) e seu conselheiro (Samu). Embora houvesse uma hierarquia entre os vários Obás, apenas do séc. 15 em diante houve uma centralização de poder tal que um Obá governasse todos os demais. Cada Obá escolhia seus parceiros, e ele mesmo era eleito dentre as famílias reais por uma assembléia de sacerdotes. Caso a cidade não prosperasse, os 3 governantes eram ordenados a cometer suicídio por envenenamento, numa sofisticada cerimônia, e então um novo Obá seria eleito.

Originalmente, a religião Yorubá era algo próximo do que hoje chamamos de Candomblé, com deuses/orixás associados às plantas, tempestades, lugares, etc, aos quais as pessoas faziam suas oferendas e procissões. Tal cultura foi exportada para o Brasil (Candomblé), Caribe (Santeria) e sul dos EUA (Vodu), misturando-se ao Catolicismo em práticas como a Umbanda. Nessa religião, semelhante ao Judaísmo, o ser primordial Olodumaré escolheu um representante (Orisa’nla/Obatala) para moldar seres da água e do barro e dar-lhes vida, assim povoando a terra.

Por volta do séc. 12, uma centralização do poder de Ife-Ife formou o império Oyo. Eles desenvolveram uma poderosa cavalaria e infantaria de guerreiros com armaduras, lanças e espadas, crescendo através de ações militares contra os povos vizinhos. Os territórios dominados pagavam tributos em forma de ferro, sal, bronze, cavalos, noz de cola, marfins, tecidos e principalmente escravos. Quando as caravelas portuguesas chegaram, Oyo já vendia esses produtos e escravos negros para os Malí, que os transportava através do Saara para o Califado Hafsida no norte. Oyo logo passou a vender também para os portugueses. Curiosamente, Oyo exigia escravos brancos de seus vizinhos (geralmente portugueses e holandeses capturados), para servirem aos Obás mais poderosos.

À medida que Oyo crescia, uma nova centralização de poder no séc. 15 fundou o Império Benin. Apesar do nome, o Antigo Benin não corresponde ao Benin atual, mas sim à parte oriental da Nigéria. As cidades e palácios de Oyo e Benin (Bini, na pronúncia original) geraram grande assombro entre os portugueses, com os quais começou uma troca de marfins, pimenta e óleo de dendê (sim, o nosso tempero baiano!) por ouro e armas de fogo. Benin chegou mesmo a enviar um embaixador a Portugal, que também enviou missionários Cristãos para a África, mas sem adesão local.

O palácio do rei é quadrado, tão grande quanto a cidade de Haarlem e inteiramente cercado por uma muralha especial, como a que circunda a cidade. É dividido em muitos prédios, casas e apartamentos magníficos dos cortesãos, e compreende belas e longas galerias, tão grandes quanto a Bolsa de Amsterdã. Ele fica apoiado em pilares de madeira, de cima até embaixo coberto com folhas de cobre, onde estão gravadas as imagens de suas façanhas e batalhas” (Olfert Dapper, num relato sobre Benin em Amsterdã, 1668)

No séc. 14, através de relações com o Malí, o islamismo chegou aos Yorubá. Embora misturassem sua religião nativa com o islamismo, os praticantes passaram a ser chamados de Imales. Muitos yorubás foram trazidos para a América portando o nome “malês”, até que no Ramadã de 1835 houve uma famosa revolta de escravos “malês” em Salvador/Bahia.

OS NEGROS NA AMÉRICA

O séc. 15 inaugurou a re-conexão da Europa com a África, começando uma era de comércio entre os europeus e os impérios da costa ocidental, que espalharia por todos os países tropicais as plantas africanas, marfim, ouro, óleos e escravos. A maioria das frutas que plantamos/comemos no Brasil tem origem africana. A venda de escravos já existia desde o séc. 6 a.C., mas nunca atingiu números tão elevados. Apenas o Brasil recebeu cerca de 4 milhões de escravos africanos. Mais do que uma força de trabalho, tal deslocamento de pessoas introduziu massivamente as culturas do Niger-Congo na América. Por isso, mesmo o português que falamos no Brasil lembra, em muito, a pronúncia das línguas Yorubá. Nos EUA, essa população negra teria um papel fundamental na Independência (1776) e transformaria fortemente o Cristianismo, dando origem ao que hoje chamamos de Pentecostalismo².

Embora os escravos negros fossem geralmente prisioneiros das batalhas entre os reinos africanos, seria inevitável que o interesse em comercializá-los (para a América) levasse a uma escassez de mão de obra e crises profundas em tais reinos. Ao mesmo tempo, aprisionar, transportar em condições sub-humanas e lidar com homens como se fossem animais de carga exigiu uma “flexibilização” enorme das lideranças Cristãs nos reinos europeus. Aproveitando os pretextos das Cruzadas, os negros não podiam ser considerados Cristãos, ainda que os princípios do Novo Testamento colocassem os pagãos como campo de pregação e não como inimigos de guerra. Por isso, nos sécs. 16 e 17, grupos Católicos que insistiam na evangelização desses povos (como os Jesuítas³) foram reprimidos e até desligados da estrutura da Igreja Romana. Entre os pretextos formalizados e difundidos para a aceitação do escravismo negro estavam a servidão imposta a Canaã, neto de Noé (ancestral dos povos africanos e cananeus, segundo a tábua das nações - ver Gênesis 9-10) e os reinos africanos não serem Cristãos - os homens seriam condenados (por Deus) se permanecessem lá.

Na metade do séc. 18, em meio aos movimentos iluministas* e racionalistas na Europa, os Protestantes iniciaram um movimento contrário, rumo a um contato íntimo, pessoal e emocional dos Cristãos com Deus. Essa mudança a partir dos cultos tradicionais separando pastor e fiéis, que ficaria conhecida como “Grande Avivamento”, ganhou especial força na América com pastores Metodistas e Anglicanos** ingleses como Jonathan Edwards, George Whitefield e John Wesley. Logo o movimento envolveria outras denominações como Presbiteriana, Holandesa Reformada, Alemã Reformada, Luterana e Quaker. Esse movimento, que forjou o Pentecostalismo e enfraquecia a igreja como organização em prol de uma atuação fora-dos-cultos, pregava entre outras coisas a igualdade  de direitos entre os homens. Não surpreendentemente, ele atraiu os mais pobres e os escravos negros na parte sul dos EUA.

Inicialmente proibidos de frequentar igrejas, os escravos convertidos viam no Cristianismo Pentecostal uma promessa de libertação futura e passaram a se reunir escondidos, à noite nas fazendas, para realizar cultos repetindo os cânticos e sermões que haviam ouvido dos pregadores. Numa plantação de Louisiana, por exemplo, os escravos faziam cultos na floresta e o pregador inclinava-se sobre um balde de água para abafar o som. Se alguém se animasse e gritasse, os outros rapidamente tapariam sua boca com as mãos.

Aos poucos, os negros Cristãos passaram a acompanhar seus senhores nas congregações. Em 1758, foi fundada a 1ª Igreja Batista Africana, numa plantação do estado de Virgínia, liderada pelo escravo alforriado George Leile. A congregação não era exclusiva para negros, mas as reuniões de escravos (mesmo alforriados) eram vistas com suspeita pelos brancos (em poucos anos, a Guerra da Independência faria os EUA se oporem à abolição, enquanto a Inglaterra lutava contra o tráfico negreiro no Atlântico). Em 1808, mercadores etíopes chegando ao porto de New York fundaram a Igreja Batista Abissínia (Abissínia era o antigo nome de Axum, na África).

Em especial, os negros Cristãos insistiram para formar suas próprias congregações. Isso se devia tanto à segregação mantida nas igrejas “dos brancos” (os negros tinham pregações em separado ou permaneciam em pé, no fundo do salão) quanto às pregações com passagens de Paulo propositalmente distorcidas para enfatizar a necessidade de “obedecer aos senhores”. Nessa época se destacou o nome do pastor negro Black Harry (ou Harry Hoosier, fabricante de calças), da Igreja Metodista:

Eu já tive o prazer de ouvir Harry pregar várias vezes. Às vezes, aviso imediatamente após a pregação, que daqui a pouco ele pregará aos negros; mas os brancos sempre ficam para ouvi-lo.” (bispo Coke, Maryland/EUA, 1784).

Os cultos negro-pentecostais arrebanharam muitos seguidores brancos e enfatizavam cantos e danças, além da pregação sobre um Deus poderoso que aliviaria os sofrimentos de todos. Os pregadores de alguma forma conservavam o estilo Yorubá de culto, com explicações vívidas e poéticas do dia-a-dia usando versículos e imagens bíblicas. A recompensa dos justos e o fim dos pecadores eram sempre anunciadas em alta voz. Em pouco tempo, as congregações de negros e lideradas por negros eram numerosas na costa do Atlântico dos EUA, servindo como centros políticos durante a Guerra de Secessão (1861-1865).

No final do séc. 18, na Inglaterra, começaria o movimento abolicionista. Foram muitos os motivos para essa mudança de postura (a Inglaterra já havia sido um dos maiores comerciantes de escravos, no Atlântico). Entre eles estavam os ideais de igualdade entre os homens que moveram a Revolução Francesa, a industrialização e também a inclusão dos negros no Cristianismo Pentecostal. Ao mesmo tempo que os navios ingleses passaram a confiscar os barcos negreiros em todo Atlântico, os EUA suspenderam a compra de escravos africanos. Entre 1807 e 1860, mais de 1600 navios contendo 150 mil escravos africanos foram aprisionados pela marinha inglesa. O Brasil e toda a América luso-espanhola forçosamente deixou de receber escravos. O montante enorme de africanos não-repatriados, a princípio, foi direcionado para a Inglaterra, Caribe e as ilhas do Canadá, originando o curioso projeto de criar, na África, uma república que os pudesse receber como homens livres. E sua estadia temporária na América inevitavelmente os faria levar, ao continente africano, a novidade do Cristianismo Pentecostal e do Anglicanismo.

A NOVA ÁFRICA CRISTÃ

A costa atlântica da África mudou bastante durante o período colonial (1415-1800). O império Malí se dividiu em 3 reinos guerreando uns com os outros no séc. 17, e a divisão continuou até que fossem pelo menos 15 reinos pequenos. O império Oyo havia se fragmentado devido a disputas entre as famílias reais e, por fim, uma guerra em 1823 contra os Dahomei (de onde capturavam muitos dos escravos vendidos aos europeus) terminou em derrota, com os Dahomei exterminando o que restava da grande Oyo.

Um dos poucos empreendimentos Cristãos que tiveram sucesso na África Ocidental foi entre os portugueses e o reino Kongo, ao sul do rio Congo. No séc. 16, o reino Kongo era bem menos urbanizado que o território Yorubá. Havia uma capital na margem sul do rio, muitos quilômetros acima do litoral, com cerca de 100 mil habitantes e fartas áreas agrícolas ao redor. O rei (Manikongo) Nzinga foi levado a conhecer Portugal e retornou chamando-se João I, convertido ao Cristianismo Católico e junto com vários religiosos. Ele e seu sucessor, Afonso I, criaram uma versão sincrética do Catolicismo misturado à religião animista tradicional (resultando algo parecido com a Umbanda brasileira e a Santeria caribeña). Haviam terrenos sagrados, como o cemitério dos reis, e a palavra para Bíblia era nkanda ukisi, algo como livro-amuleto. Essa religião permanece muito disseminada no Congo até hoje.

A fragmentação dos Malí e a lucratividades dos negócios na África abriram caminho para investidas militares nos reinos antigos. Especialmente os ingleses e holandeses fizeram pirataria e saques das baías comerciantes, expulsando portugueses e espanhóis. Em muitos pequenos estados, os Obás se tornaram mesmo reféns e devedores das marinhas européias. Benin se mantinha, mas o comércio com os portugueses havia sido substituído por um bloqueio do litoral pela marinha inglesa. Em 1863, havia ordens para que Benin deixasse de vender escravos aos árabes, o que era rechaçado pelo grande Obá com uma restrição dos produtos ofertados aos ingleses.

Em 1787, mais de 400 negros libertos foram enviados para Sierra Leone (então dominada pelos ingleses), como proprietários de terras. Até 1850, estima-se que esse número possa ter chegado perto de 3000 pessoas. Um nome que se destacou por esse tempo foi o de Paul Cufee (1754-1812), ex-marinheiro e comerciante Quaker dos EUA que participou das guerras de independência. Ele estabeleceu-se depois na ilha canadense de Nova Scotia. Cufee viu na migração de negros Cristãos para Sierra Leone a chance de estabelecer ligações comerciais e missionárias com a África, tornando-se um esforçado embarcador de negros para o outro lado do Atlântico. Hoje, ele é lembrado como um lendário empreendedor da indústria naval na África. Junto com as movimentações de Cufee, chegaram a Sierra Leone muitos missionários Anglicanos dos EUA e da Inglaterra, projetando instalar naquelas terras “pagãs” um território Cristão.

Em 1816, surgiu nos EUA a American Colonization Society, dedicada a exportar negros do Canadá, EUA e Caribe para serem colonos na África. Cerca de 20 mil pessoas foram levadas para o território denominado Libéria (literalmente, “liberdade”), ao sul de Sierra Leone. Até 1915, estes novos fazendeiros se mantiveram-se praticamente isolados da população nativa (descendente dos Malí e Songhai), exceto por alguns confrontos violentos. Hoje, 85.5% da Libéria é Cristã, quase todos Protestantes.

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¹ Os Vândalos eram descendentes dos nórdicos e se deslocaram para a região da Espanha, sob controle romano, na medida em que os Hunos chegaram da Ásia. Sendo um povo guerreiro, Roma os moveu várias vezes para bloquear suas fronteiras contra ataques. Ironicamente, isso levou a um resultado ruim, pois os Vândalos fortaleceram sobremaneira suas habilidades de cavalaria e guerrilha no norte da África, terminando por atacar Roma. O próprio nome “vândalo” adquiriu conotação pejorativa depois disso, assim como “bárbaro”, uma referência às tribos nômades dos Bérberes com os quais eles se misturaram, na África.

² O Pentecostalismo tem seu fundamento no dia de Pentecostes, relatado em Atos 2. Diferentemente do Protestantismo Tradicional, que centraliza as pregações sobre estudos e aplicações do texto bíblico, o Protestantismo Pentecostal tem uma participação grande de pregadores leigos, instruídos pelo Espírito Santo, profecias, visões, etc. As denominações Protestantes misturam, em proporções variadas dentro de uma mesma denominação, elementos Tradicionais e Pentecostais. Mais recentemente, o Catolicismo absorveu algo da filosofia Pentecostal, quando surgiram os Católicos Carismáticos. Ver Como funciona o Pentecostalismo no Brasil e no mundo.

³ A Sociedade de Jesus, ou Ordem Jesuíta, foi fundada em 1534 por Inácio (Íñigo) López de Loyola, abade e general espanhol na luta contra os franceses na fronteira sul dos dois países. Os Jesuítas foram inicialmente organizados de forma simplista e militar, para agirem como evangelistas no Oriente Médio. Depois, dispersaram-se nas colônias espanholas e portuguesas da Argentina, Brasil, México, Índia e China. Suas características marcantes são o voto de pobreza e o elevado nível educacional em argumentação teológica, culturas e línguas. A Sociedade sempre foi criticada por ações desvinculadas das monarquias européias. Nos sécs. 16 e 17, implantaram sistemas educacionais e médicos nas colônias, sendo convertidos a uma “ordem mendicante” no séc. 18. No final do séc. 19, a ordem foi re-ativada e, hoje, tem o papa Francisco I como um de seus membros.

* O Iluminismo foi movimento intelectual europeu de 1715 a 1789, que valorizava a ciência e a experimentação como supremos atributos humanos. Além da separação entre a Igreja e o Estado, tal movimento de fato pregava uma racionalização da fé e a divulgação em massa (pelas Enciclopédias) das idéias de grandes filósofos.

** O Anglicanismo foi iniciado, como o próprio nome sugere, na Inglaterra. Isso se deu em 1559, como parte da Reforma Protestante. Em conflito com as ordens de Roma, a rainha Elizabeth I declarou-se líder da Igreja Católica da Inglaterra. Na prática, as reformas introduzidas colocaram a Igreja em um meio-termo entre os Católicos e o Protestantes, mais ou menos como os Luteranos. Com o passar dos anos, as duas denominações se aproximaram mais do lado Protestante, sendo hoje reconhecidas como tal. Os missionários Anglicanos e Luteranos fizeram-se fortemente presentes nas colônias inglesas da América e da África.

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LEITURAS DE MAR ADENTRO

Benin Empire - wikipedia
Black church - a brief history, Center for African American Ministries and Black Church Studies
First Great Awakening - wikipedia
George Lisle - wikipedia
Kingdom of Kongo - wikipedia
Liberia - wikipedia
Mali Empire - wikipedia
Manala, MJ, The impact of Christianity on sub-Saharan Africa. Studia Historiae Ecclesiasticae, 39(2), 285-302, 2013.
Ogot BA, História geral da África vol. 5, África do Século XVI ao XVIII, Unesco, 2010.
Oyo Empire - wikipedia
Paul Cuffee - wikipedia
Raboteau AJ, The secret religion of slaves, Christianity Today, vol. 33, 1992.
Ribeiro LMP, A implantação e o crescimento do islã no Brasil, Estudos de Religião, 26(43):106-135, 2012.
Society of Jesus - wikipedia
Wilson Jr DK, West African Christianity, The Encyclopedia of Christian Civilization, 1st ed., Blackwell Publishing Ltd, 2011.
Yoruba people - wikipedia

Um comentário:

  1. http://pastorricardocastro.blogspot.com.br/2016/11/21-livros-de-jonathan-edwards-para.html

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