sábado, 12 de maio de 2012

O monstro na televisão

Essa é uma postagem longa. Por isso, sugerimos um JAZZ (clique aqui) para sua leitura... 

  • campanha CLIQUE NOLINK: conheça as fontes originais ! Por uma internet menos anônima... 
Certa feita eu encontrei o texto de um pastor descendo a voz sobre usar a televisão, acusando o aparelho de ser obra de Satanás (e qual inimigo de pastor não é?). Mas ele não estava sozinho, como pastor ou como pessoa. Diversos movimentos (religiosos, não-religiosos, de diversas religiões) hoje declaram guerra contra o televisor, mais ou menos colocando nele a culpa de muitos males. Esse texto pretende levantar (mais do que decidir) algumas opiniões a respeito disso.

"Dr. Frankenstein trabalha na sua criatura. Ele coloca o pensamento tanto tempo em sua criação que isso vai tomando sua vida. Ele não vê mais a beleza da natureza, nem considera o mal que seu isolamento está fazendo às pessoas que ele ama. Seus experimentos falham, mas ele ainda continua, com a esperança de que uma nova amostra vai vê-lo como seu criador. Finalmente, depois de dois anos e inúmeras tentativas fracassadas, uma noite em novembro a criatura abre os olhos." Os olhos do monstro e pele são ambos em tom amarelado, tem cabelos pretos, dentes brancos, e cerca de 8 m de altura. Dr. Frankenstein vê sua criatura viva, então suas esperanças e desejos se transformam em horror e nojo. Ele não pode enfrentar o que fez, ela nem se parece com o sonho que ele teve uma vez. Então ele foge do quarto e continua noite adentro, abandonando sua criação. - Em todos os quartos e salas, a televisão declama sua mensagem.

O televisor, em si, não é mau. É um objeto criado pelo homem para a comunicação de massa. Sua eficiência é indiscutível. O problema da televisão reside no seu uso. Se for usado para o bem ou de maneira adequada, é de grande utilidade. Na TV, um pregador um escolhido por Deus pode levar a mensagem Dele a milhões de pessoas, num instante. E isso ajuda a cumprir o mandamento de Jesus, que determina pregar "a toda a criatura" (Mc 16.15). Quem tem amor pelas almas deve encarar isso com realismo.

O pecado não é o aparelho, nem o aparelho pode cometer pecado algum. Mas o seu uso pode ser mau, por quem está na frente da telinha ou na frente das câmeras. Culpar o aparelho é tão racional quanto chutar uma cadeira onde você esbarrou: contenta as partes mais infantis do seu cérebro - que estão desesperadamente atrás de uma causa de todo mal no mundo - mas a ninguém ajuda. Numa igreja, o pastor acabara de combater a televisão de maneira violenta com argumentos grandiloqüentes, dizendo que era pecado, era coisa de Satanás... Logo em seguida, chegava alguém dizendo que a equipe da TV estava querendo fazer uma reportagem sobre o culto. O pastor, meio confuso, sem saber o que fazer, permitiu a entrada do pessoal. No dia seguinte, ele, que combatera a televisão, aparecia no vídeo, todo sorridente, posando para os repórteres, e falando sobre a grandeza da obra na sua igreja.

Infelizmente, temos de reconhecer prejuízos causados à família pelo eu-na-frente-da-TV ou os-outros-na-frente-da-TV. A TV por si mesma é inerte, mas é um atrativo tão bom quanto qualquer guloseima. Antes de afirmar o INCONTESTÁVEL domínio de Satanás sobre a televisão (e o controle remoto na tua mão até soltando brasas), seria útil orientar as famílias cristãs sobre como usar ou não usar o televisor. Mesmo que você se diga independente ou livre da TV, sua família talvez não seja e as pessoas ao seu redor certamente não são.

1. VIOLÊNCIA

90% dos programas "enlatados" ou seja, os filmes importados, estimulam exibem a violência. Esse estímulo vai atingir em cheio a juventude, na fase da formação do seu caráter. Segundo o professor Gaudêncio Torquato, fazendo citação de palavras do ex-ministro Quandt de Oliveira, das Comunicações, ao falar de TV no 1º Simpósio Nacional sobre a Televisão e a Criança, "uma criança no Brasil; ao atingir 14 anos de idade, já testemunhou 11.000 (onze mil) crimes na tevê. Não se incluindo, neste total, contrabandos, combates, estupros, assaltos e espancamentos que resultam em mortes". A censura existe, mas convenhamos que ela não está necessariamente de acordo com o que nós gostaríamos que estivesse.

A violência continuada é a tônica dos programas de TV e não há opção de escolha para o telespectador. "Uma pesquisa feita por uma equipe, aqui no Brasil durante 200 horas de programação, revelou os seguintes dados: 30 mortes cruéis, 1018 lutas, 3.592 acidentes, 32 roubos, 616 cenas de uso indevido de armas, 57 seqüestros, 819 desafios, 410 trapaças, 86 casos de chantagem e 321 aparições de monstros e animais ferozes" (Cadernos de Comunicação, nº 3,1978, Proal, Pg. 8). Obviamente, assistir filmes de monstro não incita as pessoas a saírem devorando os cérebros umas das outras, mas as crianças são bem mais imitativas do que os adultos e, de fato, o que elas assistem esboça para elas o que é certo ou errado.

Numa extensa pesquisa feita na América do Norte em 2005, avaliou-se milhares de trabalhos sobre violência e hábitos de vida publicados entre os anos 1970 e 2000. Ao final, foi concluído que a violência televisionada não afetava significativamente as atitudes de maiores de 8 anos, mas respondia por 65% dos comportamentos anti-sociais e 40% da agressividade em idades menores. Se isso preocupa, pense que se trata de uma correlação maior do que o uso de preservativos para prevenir AIDS ou abandono do cigarro para evitar câncer de pulmão. Mas não há campanhas contra a TV para crianças... Segundo alguns pesquisadores, as fantasias contadas em filmes, revistas ou livros são tanto mais influentes para as pessoas quanto menos elas estiverem satisfeitas com sua própria personalidade. Para os adultos, assistir violência na TV é tremendamente diferente de vivenciar a violência: na TV ela satisfaz alguns impulsos mais primitivos, como um sonho. As pessoas vão acreditar no que vêem se estiverem tristes consigo mesmas... Na vida real ela é motivo de estresse. Para as crianças isso também pode funcionar, mas não dá para dizer o quanto elas de fato "acreditam" no que vêem. Elas não conhecem a própria personalidade e quanto mais novas, mais a TV se torna influente.

Hoje, há canais que passam todo o dia exibindo cultos. De uma forma bem teatral, cheia de pantominas,  caretas e exageros, esses canais estão supostamente ocupando seu tempo com a pregação do Evangelho, como Jesus ordenou que os cristãos fizessem (na prática e não só da boca para fora, para mostrar ao pastor ou para levantar fundos particulares). Alguns curiosamente dividem seu tempo entre as pregações e os programas comerciais, telejornais sanguinolentos, como vivem os podres de ricos e os politicamente influentes, venha para nossa igreja ou você vai para o inferno, etc. Não me admira que o ramo de produtos "gospel" esteja se tornando tão atrativo para as grandes corporações.

O sucesso das novelas mexicanas pudicas e cheias de dramalhão revela algo que o povo brasileiro busca na televisão: estórias para ver com os filhos e fáceis de entender. Apresentações como a série Rei Davi da rede Record, embora bem fracas em pesquisa histórica (e Davi com aquela coroa germânica, mais as atrizes com maquiagem bem trabalhada são provas disso) são um excelente começo de fazer uma TV mais cristã, mas ainda estamos distante disso e teremos de arcar com o peso da televisão atual no futuro das crianças de hoje. E convenhamos que a história de Davi não deixa de ser bem violenta...

Se os crentes em Jesus preferem ficar voltados para os interesses denominacionais, ao invés de se preocuparem seriamente com a evangelização, o diabo (entenda-se ele em tudo aquilo que se pode fazer sem exaltar a Deus) vai ocupando os meios de comunicação eficientes, talvez ganhando mais adeptos para o reino das trevas*... Cremos Acreditemos firmemente que é melhor acender a luz do que ficar maldizendo a escuridão. Somos simplesmente contra o mal uso da televisão!

2. PECADO

A televisão, na maior parte dos programas, mostra o adultério, a prostituição. As práticas sexuais ilícitas são exaltadas e apresentadas como coisas muito naturais. A traição, a infidelidade conjugal, são o "prato do dia" dos programas, dos filmes e das novelas. Essas imundícies são jogadas pelo vídeo, na sala de estar, no quarto de dormir de muitos cristãos. Não podemos negar que tais coisas existem e precisam ser debatidas para não serem praticadas. A Bíblia é cheia de exemplos tão ruins quanto os da TV e outros ainda muito piores, mas devemos aprender deles, não imitá-los, aceitá-los ignorá-los ou aplaudi-los como o TV faz.

Você já deve ter ouvido uma conversa assim: "Como se sentiria uma família que, assistindo programas imorais ou violentos, visse Jesus se apresentar no meio da sala. Ficaria feliz, satisfeita, tranqüila?" Se a idéia central é mostrar um rostinho lindo para o Senhor colocando belas roupas e máscaras para ir aos templos onde Ele fica aprisionado, seria péssimo. Mas não pense por um minuto sequer que Jesus desconhece o que você faz, ou o que você assiste na TV e os motivos pelos quais faz isso. Ele não precisa aparecer no meio das sala para saber disso, nesse exato momento e em todos os outros.

Assistir o "Godzilla" não te faz um monstro, assim como assistir "Paixão de Cristo" não te faz um santo. Mas vale pensar quais valores você aprende num e noutro, e quanto você deixa de se preocupar com as pessoas que são humilhadas, ganham a vida rebolando ou azucrinando a vida do próximo para obter um furo de notícia sensacionalista. E quem é mostrado na notícia não é um personagem, é uma pessoa real. Na TV, cada um é mostrado por segundos, talvez minutos, mas a vida dessas pessoas não começou nem vai acabar aí. Você é capaz de se importar verdadeiramente com elas?

3. A TELEVISÃO INFLUENCIA

Nas novelas, os valores cristãos são pouco lembrados. O amor conjugal se torna ultrapassado, a desobediência aos pais é ensinada, a mansidão é desinteressante, a violência é exaltada. A pureza sexual é vista como coisa retrógrada, em troca de um "amor livre" exaltado. O roubo e a trapaça viram sinônimos de capacidade intelectual, enquanto a honestidade é vista como coisa do passado. Toda doutrina é nobre e elevada. Os heróis são os ricaços, ladrões, violentos, falsos líderes, adúlteros, tarados. Na construção das personagens tudo é possível e todo modo de vida é valido, mas a TV não mostra o quanto sofrimento há em cada caminho que as pessoas podem escolher... Tudo é lindo (e comercial) nas telas.

A TV exalta e faz cobiçar o modo de viver, de falar e de vestir dos artistas. Eles são os grandes astros pelos quais as pessoas no fim choram, se ajoelham e gritam, como se fossem qualquer coisa mais que homens. Astros que amanhã talvez nem sejam mais lembrados! Não deixe que tais coisas determinem tua conduta, nem o alimento da tua alma. Se o mundo que "jaz no maligno", está sendo guiado pelos valores deturpados dos guias materialistas do nosso tempo. Guias que não se importam com mensagem alguma exceto com os R$ que o comercial vai render. Para ter uma idéia, o horário dedicado às crianças (8 - 11h) é de longe o mas farto em propaganda. Mas os cristãos, ao contrário, precisam "ser guiados pelo Espírito de Deus" (Rm 8.14), daí a necessidade de "filtrar" o que a TV despeja e reduzir a sua importância em casa.

Fp 4.8. Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.

3B. A TELEVISÃO EROTIZA OS JOVENS

A TV hoje é um dos principais estímulo eróticos das crianças e adolescentes. Mesmo que esse "ensino" não chegue em 1ª mão (embora geralmente chegue), o comportamento sexual-sensual das pessoas na TV molda os adolescentes. No mundo pré-fabricado da telinha, as pessoas agem eroticamente (nas novelas, dançarinas(os) de palco, brincadeiras eróticas, etc) sem conseqüências e com pouco ou nenhum risco nesse comportamento. Na prática, as conseqüências existem e são maior risco de doenças venéreas, engajamento em relacionamentos perigosos, depreciação da imagem social, etc. Fora da telinha, as pessoas não reagem como se estivessem sob o controle dos seguranças, não estão fisicamente separadas, nem são mais sábias do que os jovens imitando o que vêem. Apesar disso, a TV é apontada como o 2º maior veiculador de estímulos sexuais, perdendo feio para a música, igualando o cinema e (quem diria!) ganhando das revistas e internet (Pardun, 2005).

Se você acredita que as crianças hoje se desenvolvem sexualmente mais jovens, está certo em ligar isso com a TV. Estudos já apontaram a sexualidade na TV (principalmente a exposição de partes sensuais do corpo e comportamentos de sedução) como o estimulante para os cérebros das crianças iniciarem transformações características da adolescência. A TV cultiva a idéia de que a atividade sexual é culturalmente muito mais importante do que na verdade é, além de mostrá-la artificial, desvinculada da família, do dia-a-dia. Essa sexualidade "facilitada" forja estereótipos de homem/mulher, torna a virgindade indesejável e delimita regras estritas (fictícias) de comportamento masculino/feminino que o jovem procura, induzindo a se iniciarem sexualmente mais cedo (Collins, 2004). Ninguém sabe ao certo que diferenças isso traz em relação ao estímulo real (contato com o sexo oposto) na formação emocional dos novos adultos, mas a teoria é que seriam pessoas menos aptas a construir relações com os parceiros, dada a pobreza da exibição na TV (são gestos pré-determinados, não incluem contato físico, não há resposta do outro que precise ser interpretada, etc).

3C. A TELEVISÃO ENGORDA

Aquele estereótipo do gordinho no sofá assintindo TV o dia todo não é tão mentiroso, afinal. Numa época em que a obesidade está entre os maiores causadores de doenças nos EUA e promete vir a ser no Brasil e Índia, estudos internacionais têm associado a televisão e ingestão alimentar, principalmente entre crianças e adolescentes. Vá agora ver o que seu filho está fazendo...

A causa? Propaganda massiva de alimentos GOSTOSOS e calóricos. Jovens que passam mais tempo com a televisão comem menos frutas e verduras, e mais porções de salgadinhos, doces e bebidas com elevado teor de açúcar. 85% dos trabalhos na área observaram a ligação entre televisão e consumo alimentar. 60% dos trabalhos ligaram a freqüência na frente das telas com obesidade infantil. Junte-se a isso uma redução da atividade física, pois a TV engana o cérebro de que o corpo está fazendo algo, quando está simplesmente sentado (Rossi, 2010).

Mas porque falar de obesidade aqui? O que isso tem a ver com a Bíblia? Tem muito. Deus se preocupou bastante com a boa saúde física dos hebreus quando eles tinham noções bem questionáveis de higiene, instruindo detalhadamente a Moisés como operar uma verdadeira reforma sanitária naquele povo (leia Levítico). Aparentemente, Ele ainda ensinou como retirar certos vermes do corpo. Hoje a higiene melhorou muito, em boa parte do mundo. Mas agora há uma higiene de hábitos alimentares a ser feita, no qual a TV ainda pende para o lado contrário, mas esboça sinais de uma mudança.

4. NÃO OCUPE INUTILMENTE O SEU TEMPO

Da mesma forma que nos EUA, o brasileiro passa uma boa parte (e talvez a melhor parte) do seu dia (e  conseqüentemente da sua vida) em frente à TV, aceitando passivamente conteúdos vazios, que não  agregam valor algum à sua vida ou ao seu crescimento pessoal. Nos EUA, em 2006 foi avaliado que 85% das famílias norte-americanas não compraram sequer 1 livro no ano, nem um. Se isso impressiona, então aqui vai algo pior: 90% daqueles que compraram 1 livro não o leram! Boas intenções, talvez... pouca força de vontade, com certeza (Ray, 2008). Cada norte-americano assiste TV por 2h e 20 min todo dia, enquanto passa apenas 10-20 min lendo livros. De longe, a maior parte das informações chega por TV (Books and Bytes, 2007). No Brasil, o Instituto Pró-livro avaliou em 2011 que 85% das pessoas com mais de 5 anos tem a TV como 1ª opção de lazer. Reunir com amigos ficou na 4ª posição (44%), atrás de não fazer nada; ler ficou em 6º lugar (28%).

Ver TV não é o prolema, e sim qual tempo você vai sacrificar para fazer isso. Péssimas opções são durante o jantar, quando a nossa oportunidade de nos conectar com as pessoas amadas e compartilhar um pouco de nós mesmos está no seu pico; quando você deveria refletir sobre o seu dia, avaliar os próprios sentimentos; ou pior quando você fica "zapeando", mudando de canal à procura de alguma coisa - você está ali por hábito, não porque tenha algum interesse verdadeiro. Se você olhar os estudos socioeconômicos das famílias de baixa renda, irá encontrar em suas casas talvez alguma revista/jornal ou a Bíblia. Vá para uma família de classe média e você irá encontrar alguns livros no banheiro (isso é conhecido como biblioteca em muitos lares), talvez alguns mais noutro lugar, com uma revista brilhosa de fofocas na sala. Mas o que você pensa que irá encontrar em uma casa de uma família de alta renda? Uma biblioteca de verdade, o cômodo mais precioso da casa (Ray, 2008).

O volume de dados, de imagens e informações que a TV traz é tão grande que não dá tempo para serem "digeridos" ou avaliados corretamente. Quando você vai avaliar algo, já passou e tem outro contrário em seu lugar. Forma de instrução caótica essa! Talvez, do que viu na TV ontem, você se lembre só de uns 10% hoje. De anteontem nada sobrou. E quantas horas você passou ali dando ouvidos a conversa fiada...

A televisão é (ou era) feita para ser atrativa: você pode encher sua mente com ação sem levantar do sofá, visitar lugares distantes gastando bem pouco, pode até rir sozinho sem que te chamem de maluco. Por isso mesmo ela é perigosa, pois faz crer que o mostrado é verdade. Quem assiste Indiana Jones não participa de aventuras... Quem vê o BBB talvez não conheça detalhes da própria família... Quem telespecta a mini-série Rei Davi talvez abra muito pouco a Bíblia. Televisão não é realidade, tudo ali é formatado para ser bonitinho (e irreal). É preciso não ocupar o tempo destinado à oração, à leitura da Bíblia, à conversa com a família, à ida à Igreja, às visitas aos amigos, com os programas de TV. O altar da devoção não deve ser substituído pelo altar da televisão... Ficar diante do aparelho na tarde de domingo, por mais atraente, te priva de visitar alguém que necessite de oração, conforto e estímulo, ou simplesmente um amigo. Durante a semana, talvez te afaste da mente o dever que você deveria cumprir segundo a fidelidade que o Senhor pede.

Em muitos lares, a TV se tornou uma espécie de "babá eletrônica" à qual os filhos são entregues. Inevitavelmente, ela vai definir seus interesse e lhes dar o alimento espiritual comercial dela, ajudando que se tornem filhos "biônicos", sem Deus, sem amor. Antes de buscar mensagens subliminares que as teorias da conspiração** culpam por ondas de violência, abuso de drogas, etc, seria razoável pensar que os pais se tornam progressivamente menos importantes aos próprios filhos e, logo, cada vez menos referência para o comportamento deles. Hilariamente, no lugar deles está aquele monstrinho de botões e controle remoto, ensinando valores que são de fato comércio, dando aos meninos informações enlatadas-preparadas-e-superficiais, pelo qual eles mesmos insistiram em pagar. Seu filho deveria ter a formação moral de um mangá ou do pica-pau ao invés da sua? Será que isso já não está acontecendo?

5. O MONSTRO ENDINHEIRADO

Um monstro precisa ter 8 m de altura e pele verde para ser perigoso. A televisão pode ameaçar quando diminui severamente a auto-estima de uma pessoa (e só uma?!). Ela pode levá-lo a se envolver em perigos, comportamentos auto-destrutivos, fazê-lo acreditar na necessidade de perder peso rapidamente (e vendo TV, claro), até induzir um distúrbio alimentar como bulimia. A televisão pode astutamente diminuir ou até eliminar o tempo de convivência da família. Estarão todos à mesa de jantar, sem nenhuma conversa enquanto assistem o jornal, a novela ou brigam pelo controle remoto. Como o monstro de Frankenstein, a televisão chegou e não quer ser ignorada. Você pode não ter assunto com os seus amigos sem saber o resultado do jogo, se não assistir AQUELE capítulo da série ou novela da vez.

As 3 motivações mundanas mais compreendidas por todos, em todo o mundo, são sexo, dinheiro e poder. Frankenstein criou sua criatura pelo poder. Os criadores da televisão queriam poder e dinheiro. As empresas pagam muito dinheiro para transformarem tudo o que você tem em coisas obsoletas num curto período de tempo. Então as pessoas têm de se atualizar constantemente (a um custo considerável) para estarem belos e sorridentes como os protagonistas da TV (que são pagos para isso) estão. E você ainda sofre com esse aparelho antigo? Veja o filme em preto-e-branco e cheio de defeitos dele...

A altura da criatura de Frankenstein poderia ter sido útil em incêndios, salvamentos, ou poda de árvores, mas nunca lhe foram ensinados os aspectos básicos da decência humana, por isso se transformou em monstro. A televisão também tem algumas promessas: na escolha dos canais certos para assistir, ela se torna educativa e uma forma fácil de se manter atualizado. A televisão também pode ser usada para "descansar a mente", mas o espectador tem que tomar a iniciativa e saber quando é o bastante. Não se deve gastar 24 h por dia assistindo TV. Para ela e a criatura de Frankenstein, existe o potencial para o bem ... e para o mal. É realmente nas mãos das pessoas que se determina o que será feito.

Obviamente, estar na televisão significa um bom custo operacional. Televisão dá dinheiro e certamente quem a usa paga por esse espaço, seja para divulgar a obra do Senhor ou para vender serviços de pornografia. Quem consegue chegar a esse veículo "satânico" de comunicação (e muitas igrejas conseguem, curiosamente), deveria se sentir responsável pelo que leva às pessoas.

O custo excessivo é algo que pode desandar a mais bela sopa de opções. Quando se começam a cortar alguns canais para dar lugar a outros "mais importantes", os canais educativos são os primeiros que se deitam abaixo. Os mais ricos têm outros interesses, coisas mais lucrativas como pornografia, diversões genéricas, sensacionalismo e comentários de notícias bem pouco imparciais. Televisão em geral é comércio de alguma coisa. Sem regras baseadas nos preceitos de Deus o dinheiro facilmente reina nas opções por programação, e daí temos a pregação do mundo dentro dos quartos e salas, como toda a cristandade assistindo, com o mingau quente na mão.

1Tm 6.9-11. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. 

------------------------
* Na Bíblia, as trevas são associadas ao sofrimento e mesmo ao mal, mas não há referência alguma a um reino-de-satanás. Ao contrário, há referências ao diabo como príncipe-deste-mundo (ver Jo 12, 14 e 16).

** Teorias da conspiração são fantasias da mente, onde uma pessoa acredita realmente que há todo um movimento secreto (e muitos envolvidos secretamente) tramando contra ele. Quanto menos provas há, mais a pessoa se convence do movimento secreto. Em alguns casos, isso se torna um delírio persecutório, com a pessoa mesmo vendo e ouvindo conversas a respeito dela, etc.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe um comentário!