Segue um texto de Jason A. Van Bemmel, depois de carcomido e remexido em tonel de carvalho centenário. Impresso, ele pode virar um lindo guardanapo.
"Certamente que os homens de classe baixa são vaidade, e os homens de ordem elevada são mentira; pesados em balanças, eles juntos são mais leves do que o vento. Não confieis na opressão, nem vos ensoberbeçais na rapina; se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração. Deus falou uma vez; duas coisas aprendi: que o poder pertence a Deus; a Ti também, Senhor, pertence a misericórdia; pois retribuirás a cada um segundo a sua obra." (Sl 62.9-12)
Você se lembra de quando descobriu que seu pai não era todo-poderoso? Quando era menino, eu realmente achava que meu pai podia fazer qualquer coisa. Meu pai é bastante habilidoso e grande (mais de 1,98 m), e para um garoto de 6 anos, ele se parecia com o Super Homem. No entanto, como todos vocês, eu tive que enfrentar a dura e lenta constatação de que meu pai não era, de fato, onipotente, até que, quando adolescente, passei a imaginar se o meu pai podia realmente fazer alguma coisa certa. O superman ficou mais velho!
Algumas pessoas (mesmo aquelas que se intitulam "cristãs") acham que as nossas típicas experiências da infância com nossos pais terrenos é um modelo para aquilo que deve acontecer em relação a nossa visão de Deus ao longo do tempo, à medida que amadurecemos em nossa fé. As crises e os conflitos vêm, razão pela qual devemos ver que um mundo cheio de maldade é incompatível com um Deus todo-poderoso e completamente bom. Uma vez que todos nós acreditamos que Deus é bom, devemos então abandonar a idéia de que Deus é todo-poderoso em favor de um Deus que se parece muito mais como nossos pais limitados e falíveis.
Entretanto, a Bíblia não nos dá qualquer espaço para uma visão tão pálida de Deus. Bom ao contrário, na verdade, Escritura após Escritura, Deus brilha com esplendor como o grande e glorioso Rei do Universo. "Porque para Deus não haverá impossíveis", a Bíblia proclama corajosamente e repetidas vezes (ver Lc 1.37 e Mc 10.27). "Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar”, Deus relembra o seu povo duvidoso em Isaías 59. "Ninguém há como o SENHOR, nosso Deus”, nos é dito repetidas vezes. E a Bíblia explica exatamente o que isso significa: "Ninguém é como Deus em majestade, em santidade, na soberania e na fidelidade dos pactos (mantendo suas promessas absolutamente)".
DOIS ENCONTROS COM A SOBERANIA
Uma forma de analisar a soberania absoluta de Deus é através dos olhos de duas pessoas que estiveram cara a cara com Ele de maneiras diferentes: Jó e Nabucodonosor. Jó era um homem [de Deus] justo, que viu a soberania de Deus em ação nos seus momentos de provações. Nabucodonosor foi um imperador [também de Deus] orgulhoso que aprendeu a lição da soberania de Deus da maneira mais difícil, por ser destituído de seu poder e de sua sanidade por Deus.
Imagine ser tão fiel a Deus a ponto de Deus perceber e começar a se gabar de você. Deus estava tão orgulhoso da justiça de Jó que Ele se gabou de Jó com Satanás. Em resposta à aprovação de Deus sobre Jó, Satanás fez um trato com Deus e conseguiu permissão para testá-lo severamente. Contudo, não perca o ponto aqui: Satanás teve que obter autorização de Deus antes que pudesse tocar em Jó. Deus está no controle, inclusive das atividades de Satanás contra o Seu povo.
No ponto mais profundo de seu desespero, Jó desejou nunca ter nascido e questionou as razões de Deus por enviar tais provações à sua vida. Embora Jó nunca tenha pecado contra Deus em acusá-Lo de injustiça, ele quis saber dos motivos que Deus teria para prová-lo de forma tão severa (de uma forma que pareceu a Jó como uma severa punição). Jó não entendia porque seus filhos morreram, porque perdeu toda a sua riqueza ou porque seu corpo estava coberto de chagas. Ele não tinha respostas, e seus amigos foram de pouca ajuda, mas ele sabia que a mão de Deus devia estar por trás daquelas suas horas escuras. E ele estava certo.
Sobre as perguntas de Jó, Deus proferiu suas próprias perguntas. Em uma furiosa tempestade, a voz de Deus surge para desafiar Jó e para relembrá-lo de quem é quem no universo. “Onde estavas tu", Deus começou, "quando eu lançava os fundamentos da terra?" Em outras palavras: "Quem exatamente você pensa que é para questionar Deus?”.
No final das contas, a resposta de Jó a Deus foi simples, profunda e a única verdade que todos nós precisamos saber, em última análise: "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos Teus planos pode ser frustrado. Eu Te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos Te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” (Jó 42). Jó tinha aprendido que Deus era Deus, e isso foi o bastante para ele.
Ao contrário de Jó, Nabucodonosor não era um servo de Deus, justo e humilde. Na verdade, ele era um governante arrogante que construiu um ídolo de 27 metros de si mesmo e ordenou que todos se curvassem e o adorassem. Ele se achou merecedor do lugar de Deus. No entanto, este pecador só precisava, tanto quanto o justo servo de Deus, saber a verdade sobre quem realmente estava no trono e era digno de adoração. Então Deus deu ao Rei Nabucodonosor um sonho.
No sonho, tal como interpretado por Daniel, Nabucodonosor soube que ele estaria, em breve, despojado de toda a sua dignidade e sanidade, e iria viver como um animal selvagem no deserto. Nabucodonosor, havia se tornado orgulhoso e achava que sozinho era responsável pelo grande reino que havia construído. Ao olhar para fora sobre a gloriosa Babilônia, ele proclamou: "Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para a glória da minha majestade?” (Dn 4.30). Bem contrariamente a isso, o Salmo 62 fecha com a máxima "retribuirás a cada um segundo a sua obra"... Você pode trabalhar, pode investir tempo e poder, mas o resultado será DADO a você pelo Senhor. Sempre é Ele quem comanda.
Depois que Deus humilhou Nabucodonosor, seu coração foi mudado e ele reconheceu que somente Deus é soberano sobre as questões das nações. Nabucodonosor proclamou:
“Pois seu domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. Todos os moradores da terra são por Ele reputados em nada; e, segundo a Sua vontade, Ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem Lhe possa deter a mão, nem Lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.34-35)
Através da vida e exemplo de Jó, aprendemos que Deus é soberano sobre o nosso sofrimento. Todo sofrimento vem da mão de Deus e serve aos Seus propósitos últimos, embora o sofrimento possa vir através de uma variedade de causas secundárias (doença, desastres naturais, opressão demoníaca, pecado, etc.). Através da vida e exemplo de Nabucodonosor, aprendemos que Deus também é soberano sobre as nações e os governantes do mundo. Ele levanta reis e presidentes e os usa para a Sua vontade, muitas vezes para abençoar uma nação e, muitas vezes para trazer juízo e destruição. Mais uma vez, Deus usa as causas secundárias (eleições, revoluções, etc.), mas a mão por trás de tudo isso é a Sua, e a Sua somente.
SOBERANO SOBRE TUDO
A completa soberania de Deus sobre todas as coisas é um dos principais temas da Bíblia. Repetida em toda Escritura, ela é ensinada explicitamente em vários lugares, em vários tempos e repetida em exemplos. Quando os homens chegaram a Jesus e pediram sinais dos céus, Ele realmente deve ter pensado "mais ainda?". "Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas" (Mt 16.4), isto é, o INEXPLICÁVEL fato de ainda estarem vivos. Algumas vezes a mão de Deus é mais visível e algumas vezes mais escondida. No entanto, Sua mão está sempre atuando e Sua vontade é sempre realizada. Na verdade, toda a história da Bíblia é a história da atividade soberana de Deus no mundo.
Em Gênesis, Deus ensina que é soberano sobre a criação, sobre o julgamento (vide o Dilúvio, Babel, Sodoma e Gomorra) e a eleição (a chamada de Abraão, a escolha de Jacó sobre Esaú). Em Êxodo Ele mostra que é soberano sobre a libertação do seu povo e atenta até para seus padrões morais (os 10 Mandamentos). Em Levítico e Números, Deus mostra soberania sobre a organização do seu povo e sobre a adoração corporativa. Em Deuteronômio, Ele enfatiza Seu direito absoluto para abençoar e amaldiçoar conforme os padrões da Sua aliança, ou do Seu Pacto na Lei. Com Josué, Deus ensina sua soberania nas vitórias improváveis e derrotas "misteriosas" do Seu povo (a batalha em Ai). Em Juízes, Ele mostra o poder e o controle sobre a opressão e livramento do Seu povo, que teimava em não ser Seu! Em Ruth, Ele nos ensina a soberania sobre os estrangeiros e evoca a linhagem do Messias no local mais improvável! Os livros de Samuel, Reis e Crônicas mostram a mão de Deus continuamente construindo a história de Israel, para abençoar e amaldiçoar como Ele prometeu fazer em Deuteronômio... E assim segue pelos profetas avisados de cataclismas, invasões, guerras, salvadores do Egito ou salvos de leões, avisando reis intransigentes de sua loucura presente ou futura, com Jesus ensinando sobre um Reino acima dos homens, um soldado romano de repente pregando o Evangelho por todo o mundo e até as revelações de João em Apocalipse.
Assim como Ezequiel, João se assustou ao ter descortinado perante si o plano de Deus já feito... e em pleno andamento! Quem poderá deter a Sua mão?
Assim como Ezequiel, João se assustou ao ter descortinado perante si o plano de Deus já feito... e em pleno andamento! Quem poderá deter a Sua mão?
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